quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Desafio 12 Meses de Poe - #1 - Metzengerstein

“Metzengerstein” é um dos contos do Poe que eu já havia lido e até escrito sobre ele quando falei da minissérie de TV ‘Contos do Edgar’. De qualquer forma, resolvi reler e escrever mais detalhadamente sobre a história de uma profecia húngara que dizia o seguinte: “Um nome elevado sofrerá queda mortal quando, como o cavaleiro sobre seu cavalo, a mortalidade de Metzengerstein triunfar sobre a imortalidade de Berlifitzing”.

'Metzengerstein', de Harry Clarke

Os Berlifitzing eram menos antigos e ricos e, se as duas famílias já eram naturalmente propensas a disputas e discórdia devido à proximidade das residências e aos negócios com o governo, a profecia obviamente só complicava ainda mais as coisas.

O fato é que, com a morte prematura do Ministro G., quem assume os negócios dos Metzengerstein é o Barão Frederico, seu filho de 18 anos, que esbanja o dinheiro da família em festas e orgias e se mostra inescrupuloso e mesquinho. Um dia, o conde Guilherme, um velho doente da família rival que não dispensava uma caçada, morre em um incêndio e, de sua estrebaria, sai um cavalo selvagem, gigantesco e de cor avermelhada, cuja propriedade é estranhamente negada pelos empregados do conde Guilherme, embora houvesse na testa do animal as marcas “W.V.B.”, que eram as iniciais do nobre.

Frederico fica fascinado pelo animal, pois no exato momento em que o incêndio ocorria, ele observava uma tapeçaria que continha um corcel de olhos flamejantes pertencente à família do rival e notara, assustado, sem saber ao certo se estava acordado ou sonhava, que a cabeça do animal havia mudado de posição em uma fração de segundo durante a qual Frederico desviara o olhar para o clarão das chamas que queimavam os estábulos do vizinho e que entrava pelas janelas. Mais assombrado ainda ele fica quando um dos criados vem correndo avisar, mais tarde, que uma parte da tapeçaria estava faltando...

O sobrenatural, aqui, se dá pela profecia concretizada na forma de um cavalo indomável que sai da tapeçaria para se tornar o troféu e ao mesmo tempo a ruína do jovem barão Frederico. A descrição dos detalhes da cena de caçada observada por ele e do terror crescente que ele sente ao perceber as mudanças do quadro é sensacional. Vai mesmo dando uma angústia, principalmente porque, assim como o protagonista, não sabemos se aquilo está mesmo acontecendo ou se é fruto da imaginação dele. Um clássico do Poe que nos desafia a duvidar dos nossos olhos, sempre!

“Com extremo espanto e horror, verificou que a cabeça do gigantesco corcel havia, entrementes, mudado de posição. O pescoço do animal, antes arqueado, como que de compaixão, sobre o corpo prostrado de seu dono, estendia-se agora, plenamente, na direção do barão. Os olhos, antes invisíveis, tinham agora uma expressão enérgica e humana, e cintilavam com um vermelho ardente e extraordinário; e os beiços do distendido cavalo, que parecia enraivecido, exibiam por completo seus dentes sepulcrais e repugnantes.”

Esta postagem faz parte do desafio ‘12 Meses de Poe’, criado pela Anna Costa. Para ver o post de apresentação do desafio e uma lista de todos os contos lidos e resenhados aqui no blog, clique AQUI.


2 comentários:

Ana Costa disse...

Nossa opinião sobre o conto é muito parecida! Lembro de ter anotado enquanto lia: O narrador é um observador que não conhece todos os fatos da história, nem intervém, o que nos deixa cheio de dúvidas a respeito do que aconteceu.

Obrigada por participar do desafio! <3

Michelle disse...

Anna,
Sim! Não dá para saber exatamente o que aconteceu ou o que era imaginação. Gosto desse tipo de história :)