Chloé é uma médica canadense que mora em Jerusalém e
cruza a fronteira todos os dias para trabalhar em uma clínica na Palestina. No
lado israelense ela aproveita os cafés e boates ao lado da amiga e soldada Ava;
no lado palestino vai com a amiga Rand e várias crianças procurar material
reciclável e qualquer coisa que possam usar em uma grande área de descarte de
entulho e lixo ao lado do muro fronteiriço. Diante
das duas realidades tão diferentes, ela se sente dividida e até culpada por
poder transitar livremente pelas duas regiões.
Esse foi mais um filme que
assisti por acaso na TV a cabo e gostei muito, principalmente porque mostra a
conflituosa relação entre israelenses e palestinos sem assumir que um lado está
certo e o outro errado. O olhar da diretora se volta para a postura individual
dos personagens.
Ava (Sivan
Levy), por exemplo, trabalha como guarda da fronteira e, como tal,
presencia cenas de desespero e violência frequentemente. Ela detesta essa
posição, cumpre sua função da melhor forma possível sem abusar de sua
autoridade, mas infelizmente não pode responder pela conduta dos companheiros
de farda e tampouco pode pedir transferência para um outro serviço. Então ela
se vê numa situação incômoda, pois quer servir ao seu país, mas não concorda com
a postura de alguns militares.
Rand (Sabrina
Ouazani), por sua vez, está grávida de um militante islâmico que aguarda sentença na prisão. Ela não gosta do envolvimento do marido com o
movimento armado, mas defende a luta pela criação de um Estado próprio
participando de manifestações e apoiando as ações do irmão, também militante
ativo.
Chloé (Evelyne
Brochu), sendo estrangeira, tem algumas vantagens e pode circular sem dificuldades por esses dois mundos. Ela tenta não interferir, ficando apenas como espectadora
dos acontecimentos e ouvinte das amigas. Até que se vê em uma situação delicada e
é obrigada a fazer escolhas, tomando partido de um dos lados. Complicado, não?
Achei muito bacana a
abordagem e recomendo, viu?
Nota: 4/5
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Sobre
a diretora:
Anaïs Barbeau-Lavalette nasceu em 1979
em Quebec, Canadá. É atriz, diretora e roteirista. Começou fazendo documentários
e seu primeiro filme de ficção foi “Le ring”, em 2007. “Inch´Allah”, lançado em 2012,
é seu segundo longa ficcional.
2 comentários:
Uau, ontem terminei de ler um livro de uma autora portuguesa com o mesmo tema. E até encontrei semelhanças com aquilo que você escreveu sobre os personagens.
Acho que procurar pelo filme. Não sei. Fartei-me da violência exposta no livro e não sei se tenho estômago para mais violência.
amulherqueamalivros
Cláudia,
Melhor dar um tempo então, né?
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