Oi!
Mais um post sobre os indicados ao Oscar 2017. Hoje vou falar sobre 5 concorrentes da categoria Melhor Filme.
Mais um post sobre os indicados ao Oscar 2017. Hoje vou falar sobre 5 concorrentes da categoria Melhor Filme.
Para
quem perdeu, já falei sobre ‘A Chegada’, 'Animais Noturnos', ‘Toni Erdmann’, ‘A 13ª Emenda’, ‘O
Lagosta’, ‘Capitão Fantástico’, ‘Jackie’, ‘Um homem chamado Ove’ e ‘Elle’. Os
links estão no final do post ;)
La la land (La la land – Damien Chazelle, 2016) [Estados Unidos]
Mia
é uma barista que sonha em ser atriz. Sebastian é um músico apaixonado por jazz
que pretende abrir um bar dedicado a esse estilo musical. O acaso faz com que
os caminhos deles se cruzem e, mesmo com os atritos iniciais, eles se
apaixonam. É uma simples história de amor com direito a todos os clichês do
gênero. Mas isso não quer dizer que seja ruim. Pelo contrário, os clichês são bem
utilizados, o que faz o filme funcionar perfeitamente. Como se trata de um
musical, é claro que tem aqueles momentos em que os personagens saem dançando
do nada e depois voltam a realidade (adoro!), e esses números coreografados são
muito bem executados. Muitos deles são homenagens a clássicos do estilo (veja
aqui a comparação de cenas). A música-tema é linda e muito grudenta, daquelas
que ficam tocando em looping na cabeça depois que o filme termina. O visual de
sonho, totalmente adequado à essência do filme, é lindo demais. Ainda tem
referências aos anos 80 (yay!) e um final incomum para tramas românticas. A
química entre Emma Stone e Ryan Gosling funciona mais uma vez. Apesar de não
ter nada de muito inovador, o trabalho é extremamente bem-feito. E o fato de homenagear
o cinema e ícones do jazz tem grande peso na decisão da academia. Tem tudo para
levar o Oscar.
Nota: 5/5
Nota: 5/5
Estrelas além do tempo (Hidden figures – Theodore Melfi, 2016)
[Estados Unidos]
Adaptação do livro de mesmo título que
conta a história de três mulheres negras que trabalhavam para a NASA na época
da corrida espacial, período em que os EUA viviam uma grande onda racista que
separava brancos e negros em diversos ambientes. Katherine Johnson
(matemática), Dorothy Vaughan (matemática e programadora – a 1a afrodescendente a ocupar o cargo de gerente na NASA) e Mary Jackson (matemática
e engenheira – a 1a negra a ocupar esse cargo na Agência Espacial Americana)
enfrentaram todo tipo de preconceito racial e de gênero para se firmarem em
suas carreiras e provar que eram tão capazes quanto qualquer homem (branco ou
negro). O filme foca mais na vida de Katherine (e seu cérebro assombroso),
tanto no ambiente de trabalho quanto doméstico, mas as outras duas personagens
complementam seus avanços e ainda destacam a força da amizade feminina. Os
feitos dessas três pioneiras quase esquecidas pela história são absolutamente
incríveis e inspiradores e merecem ser lembrados e divulgados. Mas o filme, em
si, tem uma narrativa bem tradicional e uns momentos bonitos (como quando
bambambam e chefe do departamento em que trabalha Katherine toma uma atitude
heroica e arranca a placa do banheiro que segregava negros e brancos), mas que
são bem manipuladores e romantizados, friamente calculados para arrancar
lágrimas dos espectadores. Enfim, é um bom filme que conta uma história de vida
poderosa.
Nota: 3,5/5
Nota: 3,5/5
Moonlight (Moonlight – Barry
Jenkins, 2016) [Estados
Unidos]
O filme cobre três fases da vida de
Chiron: criança, adolescente e adulto. Em cada um desses estágios, ele é
chamado por um nome diferente (Pequeno, Nego, Chiron) e os nomes que ele recebe
nos três momentos distintos de sua existência já entregam o assunto principal
do filme: uma jornada de autoconhecimento. Desde pequeno, Chiron sofre bullying
na escola porque é um garoto delicado e sensível; todos o chamam de ‘bicha’ e
ele é tão pequeno que nem sabe ainda o que isso quer dizer. Na adolescência,
sua sexualidade começa a despertar e a intensidade dos ataques a Chiron
aumenta, o que faz com que ele reaja e acabe tomando um rumo perigoso (na
verdade, ele perde o rumo). Já adulto, ele finalmente parece entender quem é e
o que quer da vida. A história se passa em uma parte pobre de Miami e, embora a
tela exiba uma população negra, drogas e violência, o filme não explora essa
combinação para reforçar estereótipos. Destaco, além da linda cena final, a
relação que Chiron criança estabelece com Juan, traficante da área, e sua
esposa Teresa. Mesmo tendo tudo para ser considerado ‘o cara mau’ da história
pela atividade ilegal que realiza, o personagem de Juan é cheio de camadas e
uma figura paterna protetora que preenche essa lacuna na vida do pequeno
Chiron. Teresa, então, é muito mais mãe para o garoto do que a sua mãe
biológica, que, em vez de ajudar e defender o filho, só causa a ele mais
preocupação e temor. Indico fortemente.
Nota: 4/5
Um limite entre nós (Fences –
Denzel Washington)
[Estados Unidos]
Troy é coletor de lixo. Seu filho do
primeiro casamento já tem trinta e poucos anos e tem alma de músico, mas vive
pedindo dinheiro ao pai para pagar as contas. O filho mais novo, de seu atual
casamento com Rose, é um adolescente que pretende usar suas habilidades de
jogador de futebol americano para entrar na faculdade. No entanto, Troy é um cara
de mente fechada, que acha que só há um modo de fazer as coisas (o dele,
lógico), que não percebe que o mundo mudou, e, por isso, vive discutindo com os
filhos. A esposa, que, segundo o próprio Troy, foi quem deu a ele um rumo na
vida, é a figura apaziguadora, que tenta contornar a teimosia do marido para
satisfazer as vontades do filho e do enteado. E Troy... bem, ele é um cara
difícil. O filme é baseado em uma peça (o que fica bem evidente no início, com
Denzel Washington falando sem parar e personagens entrando e saindo de cena
como se estivessem no palco) e conta uma história simples, de gente comum,
tentando lidar com as dificuldades do dia a dia. Um dos temas é o medo de se
tornar o próprio pai (ou mãe). Troy teve uma infância difícil, com um pai autoritário
e violento, e isso acabou prejudicando seu futuro. Para evitar que o filho
arruíne suas chances de sucesso, Troy acaba forçando sua visão de mundo para
ele e, no fim, reproduz o comportamento paterno que tanto odiava. Outro assunto
é o casamento e como os anos de convívio pesam de modo diferente para o homem e
para a mulher e como é complicado equilibrar as vontades. Amarrando tudo há a
saga da cerca, que é construída do início ao fim do filme, e que,
dependendo do momento, tem funções diferentes: proteger quem está dentro,
afastar quem está fora e separar quem está unido. O ponto forte do filme é
mesmo a interpretação de Viola Davis e Denzel Washington. Os dois dão show.
Nota: 3,5/5
Lion: uma jornada para casa (Lion – Garth Davis, 2016) [Austrália]
O
filme começa com o adolescente Guddu e seu irmão de 5 anos, Saroo, roubando uns
pedaços de carvão em um trem de carga em movimento. Eles
fogem do guarda, pulam do trem em movimento, andam nos trilhos. Correm vários
riscos para poder trocar o carvão por dois saquinhos de leite, que dividem com
a mãe e a irmã ainda bebê. À noite, a mãe sai para trabalhar e deixa a filha
menor aos cuidados de Saroo, enquanto Guddu se prepara para cair nas ruas
novamente atrás de qualquer coisa que possa lhe render uns trocados ou algo de
comer. Mesmo a contragosto e contra as orientações da mãe, Guddu acaba levando
o irmãozinho com ele, mas o menino, tão pequeno, adormece em um banco da
estação de trem e, quando sai em busca de Guddu, embarca em um trem que o leva para
Calcutá, a 1600 km do povoado onde ele mora. Sem conseguir voltar para casa,
Saroo passa muitos perrengues, perdido na cidade grande, vai parar em um
abrigo/depósito de crianças e, por sorte, acaba adotado por um casal
australiano. Ele leva uma vida feliz e confortável no seio de uma família
amorosa, mas 25 anos depois de ter deixado sua terra natal, ele empreende uma
busca insana pelos parentes que deixou na Índia. Eu nem sabia direito sobre o
que era a história, só que era baseada em eventos reais. Foi ótimo. Pude
aproveitar o filme sem expectativas e fui arrebatada pela trama que inclui uns
momentos tristes e outros divertidos; pela câmera que avança com Saroo pelas
vielas e corredores; pela bonita relação entre Guddu e Saroo; pela família
australiana de Saroo e seu amor transbordante. Gostei muito, muito mesmo.
Nota:
4/5
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