Na
pequena cidade litorânea de Broadchurch, um menino é encontrado morto na praia.
O crime choca a todos da pacata comunidade em que todos se conhecem. Quem
assume a investigação é o detetive transferido Alec Hardy (David Tennant),
juntamente com Ellie Miller (Olivia Colman), policial local e
melhor amiga da família da vítima. Ao longo de 8 episódios, descobrimos com
eles os pequenos e grandes segredos que se escondem por trás da aparente face
amigável dos moradores.
Comecei
a ver ‘Broadchurch’ totalmente por
acaso, num dia em que perdi o sono e fiquei fuçando nas opções disponíveis no
NOW. E já no primeiro episódio fui fisgada. Séries policiais existem aos
montes, mas são raras as que se dedicam mais ao estudo dos personagens do que a
desvendar o crime. E é nesse nicho que o programa se encaixa e se destaca.
Com
uma abordagem policial mais realista, a série mostra um departamento que sofre
com falta de recursos, com a pressão da mídia, com a cobrança para que
descubram logo quem matou o garoto e, ao mesmo tempo, para que não deixem de
lado outros casos. A chegada à cidadezinha de Alec Hardy para assumir a
investigação gera um climão na delegacia, pois era Ellie quem deveria ser
promovida e, portanto, seria a responsável pelo caso. Alec é visto por todos como
o forasteiro metido, aquele que não conhece os costumes locais nem os moradores
e que quer fazer as coisas do seu jeito – seu ar antipático e seu passado nada
glorioso pioram ainda mais sua situação.
Mas
a dupla funciona que é uma beleza! Desde o início conflituoso até a
cumplicidade que desenvolvem no final, eles se complementam e,
independentemente do que acreditam ou preferem, colocam a resolução do caso em
primeiro lugar. Mesmo que para isso tenham que prejudicar suas vidas pessoais.
Uma entrega rara e dolorosa.
O
grande trunfo da série, além de contar com protagonistas talentosos, é brincar
com o instinto de detetive do espectador. A cada capítulo, somos levados a
acreditar que um personagem diferente pode ser o assassino, mas então o segredo
que ele esconde é revelado e temos que encontrar um novo suspeito. É
manipulação, sim, mas é muito bem feita. E, como Alec e Ellie, sentimos a
angústia e a frustração de não avançar suficientemente rápido graças ao tempo
perdido com essas suspeitas que se revelam desvios bobos que, na maioria das vezes, não importam para a investigação.
Como
eu disse, cada suspeito guarda um segredo; alguns são mentirinhas não
relacionadas com o crime, como um marido que não pode revelar onde estava
porque traía a esposa na hora da ocorrência; outros são realmente pesados e
capazes de arruinar a vida de muitas pessoas, algumas vezes resultando em tragédia. De qualquer
forma, montar o quebra-cabeça é bem divertido e viciante. Vi a temporada
inteira em dois dias (isso porque eu precisava sair, senão teria visto tudo de
uma vez).
Atualmente,
a série tem duas temporadas (ambas disponíveis no +Globosat) e a estreia da
terceira está prevista para o primeiro semestre deste ano.
Nota:
5/5
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