terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Resenha: Ninguém Escreve ao Coronel


Vivendo com parcos recursos numa casa simples com sua esposa asmática e o galo de briga de seu falecido filho, o Coronel reformado aguarda há muitos anos por sua pensão. Todas as sextas-feiras ele vai até o porto, na expectativa de que a lancha que traz o malote dos correios também lhe traga a tão aguardada carta referente à sua aposentadoria. Em vão. Assim, ele deposita suas esperanças no galo, que todos os rapazes da região dizem ser um vencedor. Deixando de comer para comprar alimento para a ave, o Coronel aguarda a época das rinhas. Quase sem ter mais o que vender em casa, chega a hora de o militar tomar uma decisão importante, que afetará não só a sua vida, mas também a da mulher e a do galo.

Apesar de ter menos de 100 páginas, o ritmo da história é intencionalmente arrastado, nos fazendo sofrer com a espera infinita ao lado Coronel, que vive de promessas e é constantemente enrolado. Abordando a burocracia e o descaso do governo e dos mais abastados, Gabo pinta um retrato dos pobres e idealistas, que mesmo diante dos maiores perrengues se recusam a perder a fé em dias melhores. Foi o segundo livro que escreveu e já trazia referências à sua fictícia Macondo.

“Sentado junto ao fogão, em atitude de confiada e inocente expectativa enquanto o café não fervia, o Coronel como que sentiu brotar de suas tripas cogumelos e lírios malignos. Era outubro. Eis uma manhã difícil de vencer, esta, mesmo para um homem de sua fibra, sobrevivente de tantas outras manhãs. Havia cinquenta e seis anos – desde que acabara a última guerra civil – que ele não fazia outra coisa senão esperar. Outubro era uma dessas raras coisas que chegavam.”

Nota: 3/5

Finalmente retomando a lista dos 1001 Livros Para Ler Antes de Morrer


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