E
finalmente 2016 se despede. Apesar de ter sido um ano bem ruim em vários
aspectos, foi um ano de boas leituras, bons filmes, momentos felizes ao lado de
pessoas queridas, de curso de cinema e de novos projetos. Nesta retrospectiva,
conto pra vocês quais foram os livros, os filmes e as séries que ganharam meu
coração (e os que me irritaram) no ano que finda.
As 5 melhores leituras (e a decepção no
ano)
Sem
ordem de preferência porque realmente não consigo fazer isso com meus cinco
eleitos.
- Contos (Katherine Mansfield)
Gostar
de todos os contos de um livro é coisa raríssima. Pois a Mansfield conseguiu a proeza de me fazer amar cada texto seu dessa edição, me fez querer ler tudo que ela escreveu e virou uma das minhas
escritoras favoritas com apenas 1 livro lido. Não é pouca coisa.
Atwood
é uma escritora daquelas que eu sentia que gostaria, mesmo antes de ter lido
algum trabalho dela. No ano passado, conheci sua escrita em ‘O conto da aia’ e a magia começou. ‘O
assassino cego’ foi o segundo livro dela que li e... uau! Mais um arrebatamento.
O impacto foi tanto que eu e Lulu criamos o projeto Lendo Margaret Atwood.
- ... E o vento levou (Margaret Mitchell)
Eu
nunca havia assistido ao clássico reprisado 937450037 vezes no SBT porque
imaginava ser um romance meloso irritante. Este ano, umas amigas decidiram
fazer uma leitura em conjunto do livro e eu resolvi encarar. E que narrativa
incrível! Depois assisti ao filme que, sim, foca mais no romance e deixa o pano
de fundo histórico meio de lado, mas mesmo assim gostei demais do texto e da adaptação
para o cinema.
- História do novo sobrenome / História de
quem foge e de quem fica (Elena Ferrante)
OK,
aqui são dois títulos. Mas eles contam a mesma história e são igualmente
maravilhosos, então não tinha como escolher só um deles. Se comecei a
quadrilogia napolitana no ano passado achando o início bom (e apenas bom), com
o segundo e o terceiro volumes da série, que contam a adolescência e a idade
adulta das amigas Lenu e Lila, fui definitivamente contaminada pela
#FerranteFever.
Eu
tinha curiosidade para ler esse livro, mas não fazia ideia do que me aguardava.
Com seu tom confessional, a protagonista revela seu passado e o que de fato se
passa por sua cabeça ao marido em coma e para nós, leitores. Muito envolvente e
com um final que me pegou desprevenida. Recomendo também o filme, roteirizado e
dirigido pelo autor.
>> E o troféu decepção do ano vai para...
'Enclausurado' (Ian McEwan) <<
Não,
eu não li ‘Reparação' ainda, mas li ‘Serena’ e, mesmo que não tenha sido
sensacional, considero um bom livro. A premissa de ‘Enclausurado’, um feto narrando os planos de sua mãe e seu tio
para assassinar seu pai, é muito instigante, mas achei que tudo ficou só na
promessa e que o desenvolvimento deixou muito a desejar.
Os 5 melhores filmes (e a bomba do ano)
Tarefa
difícil escolher só 5 preferidos neste ano em que assisti tanta coisa boa. Na
verdade, dei uma roubadinha e escolhi 6...hehe
- Alemanha, ano zero (Roberto Rossellini)
Neorrealismo
italiano foi o módulo do curso de história do cinema que mais me impressionou.
Vi várias produções da época, muitas delas que classifiquei com quatro ou cinco
estrelas, mas esta foi a que mais me marcou. Toda a desesperança do período
elevada à décima potência. Não tem como não ficar mal depois daquele final.
- Ladrões de bicicletas (Vittorio De Sica)
Mais
um do neorrealismo que deixou sua marca, mas desta vez pela delicadeza. Embora
a realidade dura seja a mesma do filme acima, aqui a abordagem é diferente. Um
clássico que estava na minha fila de espera havia anos e que finalmente assisti
e virou um dos preferidos da vida.
- Um truque de luz (Wim Wenders)
Um
dos primeiros que vi no curso e é uma declaração de amor ao cinema. O
nascimento da sétima arte testemunhado por uma garota, que tem sua história
reconstituída e, no fim, é entrevistada e abre seu baú de memórias. Lindo
demais.
- A montanha dos sete abutres (Billy
Wilder)
Clássico
que explora maravilhosamente o circo midiático e a ética (ou a falta dela) no
meio jornalístico. Nem tenho muito o que dizer. Incômodo, insano, necessário.
Quem
acompanha minhas postagens por aqui e pelo FB/Twitter sabe que esse filme virou
minha obsessão. Não consigo parar de pensar em como é incrível a abordagem da
linguagem nessa produção de ficção científica que foca no humano, e não em
pirotecnia, para ganhar o espectador.
Esse
entrou na lista nos últimos dias do ano, mas eu não poderia deixar de citá-lo.
Uma metáfora delicada sobre meninas virando mulheres e tudo o que isso envolve.
Apenas vejam. É sério.
>> E a bomba do ano foi... ‘Esquadrão
Suicida’ (David Ayer) <<
Não
que eu esperasse grande coisa dessa produção (já disse que o filão de super-heróis
não é a minha praia), mas eu imaginei que seria mais um filme OK, daqueles que
a gente vê e esquece depois de alguns dias. Infelizmente, não foi o caso. Achei
tudo equivocado e irritante. Dei uma estrela e meia só pela trilha sonora.
As 5 melhores séries (e aquela que me
deu raiva de ter visto)
Separei
aqui séries que vi pela primeira vez este ano (ou especial de encerramento) e que me ganharam, bem
como aquela que não deveria ter sido feita.
- Stranger things (Temporada 1)
O
que dizer desta série que conseguiu combinar personagens carismáticos, ídolo
dos anos 90, homenagem aos clássicos de aventura e ficção científica da década
de 80, trilha sonora maravilhosa e ainda manter o suspense até o fim?
Perfeição. Não tenho outra palavra para definir.
- Grace & Frankie (Temporadas 1 e 2)
Não
sou muito fã de comédias, mas vez ou outra surge uma que consegue me fazer rir.
As trapalhadas e os dramas da dupla de protagonistas me divertiram e me fizeram
chorar, muitas vezes no mesmo episódio. Que venham mais temporadas!
- Broadchurch (Temporada 1)
Comecei
a ver esta série por acaso, fuçando nas opções do Globosat Mais. E foi um
achado e tanto! Um drama policial que deixa de lado os equipamentos de última
geração e os policiais super-humanos para focar no trabalho de formiguinha dos
detetives e nos pequenos e grandes segredos que todos guardam e que interferem
na investigação e na vida dos habitantes da cidadezinha do título.
- Lúcifer (Temporada 1)
Baseada
na HQ do Neil Gaiman (que nunca li), conta a história do diabo em pessoa, que
fugiu do inferno e acaba ajudando a polícia de L.A. a desvendar crimes. O
cinismo e o egoísmo do protagonista, que poderiam ser atributos negativos,
acabam tornando o moço irresistível, já que no fundo ele tem um bom coração.
- Gilmore Girls: Um ano para recordar
Dez
anos depois da última temporada, eis que surge esse especial de 4 episódios
para tentar dar um encerramento decente à história das garotas Gilmore, que
havia tido um dos piores finais de série de todos os tempos. Mesmo com uns
momentos chatos e desnecessários, com subaproveitamento de alguns personagens e
com umas atitudes questionáveis de outros, achei que finalmente a série teve um
fim digno. Melancólico, nostálgico, crível.
>> E a série que me fez lamentar pelo tempo perdido foi... 'Wayward Pines' (Temporada 2) <<
A
primeira temporada da série (baseada em um livro) foi ótima, cheia de
mistérios e conspirações e, mesmo com uma guinada brusca de direção na metade
dos episódios, conseguiu prender a atenção até o fim. Essa segunda temporada
falhou miseravelmente em quase tudo: as motivações dos personagens, o
desenrolar da trama, as explicações estapafúrdias para os fatos. Queria ter um
botão ‘desver’ para apagar essa baboseira da mente.
E
para vocês, o que teve de melhor em 2016?
Beijo!
5 comentários:
Dos seus livros preferidos só li a Mansfield e Enclausurado. Pena que você não gostou de Enclausurado, acho que foi uma das minhas leituras preferidas dos últimos tempos. :P
Realmente, gostar de todos os contos de um livro e a escritora ainda se tornar favorita é praticamente impossível. “O Assassino Cego” também entrou na minha lista de melhores leituras do ano. Um dia lerei “E o vento levou”. Anotei as dicas dos filmes. Parecem muito bons! Eu quase assisti “A chegada” no cinema, mas no dia acabou que não dando certo =/ O jeito é esperar. “Esquadrão Suicida” é fraquíssimo mesmo. Feliz ano novo, Michelle!
Para mim foi um pesado, espero um 2017 mais leve. Mas tive algumas leituras foram bem boas:
Lendo Lolita em Teerã, de Azar Nafisi
A vida no campo, de Joel Neto.
Os vestígios do dia, de Kazuo Ishiguro
O falecido Mattia Pascal, de Pirandello
O homem da cabeça de papelão, de João do Rio
Isso para citar apenas alguns.
Feliz 2017, Mi.
Lígia,
Acho que se nunca tivesse lido nada do McEwan eu não teria criado expectativas e teria gostado mais de Enclausurado. Mas do jeito que foi, realmente me decepcionou.
Lulu,
Não é? Mansfield conseguiu um feito e tanto. Leia '...e o vento levou'. Vale muito a pena. E nem falo nada de 'A chegada' porque já estou ficando repetitiva...rs
Marta,
Meu ano também foi conturbado. Que 2017 seja mais calmo.
Comecei 'Lendo Lolita em Teerã' e estou adorando.
Esse do Ishiguro está na estante, mas não sei se deixará a prateleira ainda este ano. Veremos.
Eu adorei Os vestígios do dia, do Ishiguro, então sou suspeita para falar dele.
Achei o livro de uma elegância incrível, na verdade foi tão bom que tudo o que eu disser não fará jus à experiência de leitura que tive ao ler o livro. Mas não deve ser assim para todo mundo, não é?
Nos últimos tempos as melhores leituras têm sido as que pego o livro aleatoriamente na prateleira, meio como um consulente que tira uma carta de tarô. Pego um livro qualquer e engato na leitura, quase todos que li assim no último ano resultaram em leituras muito saborosas.
Boa sorte aí e daqui estou torcendo para que tenhamos um ano mais leve.
Bjs
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