sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Retrospectiva 2016 (o melhor e o pior do ano)


E finalmente 2016 se despede. Apesar de ter sido um ano bem ruim em vários aspectos, foi um ano de boas leituras, bons filmes, momentos felizes ao lado de pessoas queridas, de curso de cinema e de novos projetos. Nesta retrospectiva, conto pra vocês quais foram os livros, os filmes e as séries que ganharam meu coração (e os que me irritaram) no ano que finda.

As 5 melhores leituras (e a decepção no ano)

Sem ordem de preferência porque realmente não consigo fazer isso com meus cinco eleitos.


- Contos (Katherine Mansfield)
Gostar de todos os contos de um livro é coisa raríssima. Pois a Mansfield conseguiu a proeza de me fazer amar cada texto seu dessa edição, me fez querer ler tudo que ela escreveu e virou uma das minhas escritoras favoritas com apenas 1 livro lido. Não é pouca coisa.

Atwood é uma escritora daquelas que eu sentia que gostaria, mesmo antes de ter lido algum trabalho dela. No ano passado, conheci sua escrita em ‘O conto da aia’ e a magia começou. ‘O assassino cego’ foi o segundo livro dela que li e... uau! Mais um arrebatamento. O impacto foi tanto que eu e Lulu criamos o projeto Lendo Margaret Atwood.

- ... E o vento levou (Margaret Mitchell)
Eu nunca havia assistido ao clássico reprisado 937450037 vezes no SBT porque imaginava ser um romance meloso irritante. Este ano, umas amigas decidiram fazer uma leitura em conjunto do livro e eu resolvi encarar. E que narrativa incrível! Depois assisti ao filme que, sim, foca mais no romance e deixa o pano de fundo histórico meio de lado, mas mesmo assim gostei demais do texto e da adaptação para o cinema.

- História do novo sobrenome / História de quem foge e de quem fica (Elena Ferrante)
OK, aqui são dois títulos. Mas eles contam a mesma história e são igualmente maravilhosos, então não tinha como escolher só um deles. Se comecei a quadrilogia napolitana no ano passado achando o início bom (e apenas bom), com o segundo e o terceiro volumes da série, que contam a adolescência e a idade adulta das amigas Lenu e Lila, fui definitivamente contaminada pela #FerranteFever.

Eu tinha curiosidade para ler esse livro, mas não fazia ideia do que me aguardava. Com seu tom confessional, a protagonista revela seu passado e o que de fato se passa por sua cabeça ao marido em coma e para nós, leitores. Muito envolvente e com um final que me pegou desprevenida. Recomendo também o filme, roteirizado e dirigido pelo autor.

>> E o troféu decepção do ano vai para... 'Enclausurado' (Ian McEwan) <<
Não, eu não li ‘Reparação' ainda, mas li ‘Serena’ e, mesmo que não tenha sido sensacional, considero um bom livro. A premissa de ‘Enclausurado’, um feto narrando os planos de sua mãe e seu tio para assassinar seu pai, é muito instigante, mas achei que tudo ficou só na promessa e que o desenvolvimento deixou muito a desejar.

Os 5 melhores filmes (e a bomba do ano)

Tarefa difícil escolher só 5 preferidos neste ano em que assisti tanta coisa boa. Na verdade, dei uma roubadinha e escolhi 6...hehe


- Alemanha, ano zero (Roberto Rossellini)
Neorrealismo italiano foi o módulo do curso de história do cinema que mais me impressionou. Vi várias produções da época, muitas delas que classifiquei com quatro ou cinco estrelas, mas esta foi a que mais me marcou. Toda a desesperança do período elevada à décima potência. Não tem como não ficar mal depois daquele final.

- Ladrões de bicicletas (Vittorio De Sica)
Mais um do neorrealismo que deixou sua marca, mas desta vez pela delicadeza. Embora a realidade dura seja a mesma do filme acima, aqui a abordagem é diferente. Um clássico que estava na minha fila de espera havia anos e que finalmente assisti e virou um dos preferidos da vida.

- Um truque de luz (Wim Wenders)
Um dos primeiros que vi no curso e é uma declaração de amor ao cinema. O nascimento da sétima arte testemunhado por uma garota, que tem sua história reconstituída e, no fim, é entrevistada e abre seu baú de memórias. Lindo demais.

- A montanha dos sete abutres (Billy Wilder)
Clássico que explora maravilhosamente o circo midiático e a ética (ou a falta dela) no meio jornalístico. Nem tenho muito o que dizer. Incômodo, insano, necessário.

Quem acompanha minhas postagens por aqui e pelo FB/Twitter sabe que esse filme virou minha obsessão. Não consigo parar de pensar em como é incrível a abordagem da linguagem nessa produção de ficção científica que foca no humano, e não em pirotecnia, para ganhar o espectador.

Esse entrou na lista nos últimos dias do ano, mas eu não poderia deixar de citá-lo. Uma metáfora delicada sobre meninas virando mulheres e tudo o que isso envolve. Apenas vejam. É sério.

>> E a bomba do ano foi... ‘Esquadrão Suicida’ (David Ayer) <<
Não que eu esperasse grande coisa dessa produção (já disse que o filão de super-heróis não é a minha praia), mas eu imaginei que seria mais um filme OK, daqueles que a gente vê e esquece depois de alguns dias. Infelizmente, não foi o caso. Achei tudo equivocado e irritante. Dei uma estrela e meia só pela trilha sonora.

As 5 melhores séries (e aquela que me deu raiva de ter visto)

Separei aqui séries que vi pela primeira vez este ano (ou especial de encerramento) e que me ganharam, bem como aquela que não deveria ter sido feita.


- Stranger things (Temporada 1)
O que dizer desta série que conseguiu combinar personagens carismáticos, ídolo dos anos 90, homenagem aos clássicos de aventura e ficção científica da década de 80, trilha sonora maravilhosa e ainda manter o suspense até o fim? Perfeição. Não tenho outra palavra para definir.

- Grace & Frankie (Temporadas 1 e 2)
Não sou muito fã de comédias, mas vez ou outra surge uma que consegue me fazer rir. As trapalhadas e os dramas da dupla de protagonistas me divertiram e me fizeram chorar, muitas vezes no mesmo episódio. Que venham mais temporadas!

- Broadchurch (Temporada 1)
Comecei a ver esta série por acaso, fuçando nas opções do Globosat Mais. E foi um achado e tanto! Um drama policial que deixa de lado os equipamentos de última geração e os policiais super-humanos para focar no trabalho de formiguinha dos detetives e nos pequenos e grandes segredos que todos guardam e que interferem na investigação e na vida dos habitantes da cidadezinha do título.

- Lúcifer (Temporada 1)
Baseada na HQ do Neil Gaiman (que nunca li), conta a história do diabo em pessoa, que fugiu do inferno e acaba ajudando a polícia de L.A. a desvendar crimes. O cinismo e o egoísmo do protagonista, que poderiam ser atributos negativos, acabam tornando o moço irresistível, já que no fundo ele tem um bom coração.

- Gilmore Girls: Um ano para recordar
Dez anos depois da última temporada, eis que surge esse especial de 4 episódios para tentar dar um encerramento decente à história das garotas Gilmore, que havia tido um dos piores finais de série de todos os tempos. Mesmo com uns momentos chatos e desnecessários, com subaproveitamento de alguns personagens e com umas atitudes questionáveis de outros, achei que finalmente a série teve um fim digno. Melancólico, nostálgico, crível.

>> E a série que me fez lamentar pelo tempo perdido foi... 'Wayward Pines' (Temporada 2) <<
A primeira temporada da série (baseada em um livro) foi ótima, cheia de mistérios e conspirações e, mesmo com uma guinada brusca de direção na metade dos episódios, conseguiu prender a atenção até o fim. Essa segunda temporada falhou miseravelmente em quase tudo: as motivações dos personagens, o desenrolar da trama, as explicações estapafúrdias para os fatos. Queria ter um botão ‘desver’ para apagar essa baboseira da mente.

E para vocês, o que teve de melhor em 2016? 
Beijo!

5 comentários:

Lígia disse...

Dos seus livros preferidos só li a Mansfield e Enclausurado. Pena que você não gostou de Enclausurado, acho que foi uma das minhas leituras preferidas dos últimos tempos. :P

Anônimo disse...

Realmente, gostar de todos os contos de um livro e a escritora ainda se tornar favorita é praticamente impossível. “O Assassino Cego” também entrou na minha lista de melhores leituras do ano. Um dia lerei “E o vento levou”. Anotei as dicas dos filmes. Parecem muito bons! Eu quase assisti “A chegada” no cinema, mas no dia acabou que não dando certo =/ O jeito é esperar. “Esquadrão Suicida” é fraquíssimo mesmo. Feliz ano novo, Michelle!

Unknown disse...

Para mim foi um pesado, espero um 2017 mais leve. Mas tive algumas leituras foram bem boas:
Lendo Lolita em Teerã, de Azar Nafisi
A vida no campo, de Joel Neto.
Os vestígios do dia, de Kazuo Ishiguro
O falecido Mattia Pascal, de Pirandello
O homem da cabeça de papelão, de João do Rio
Isso para citar apenas alguns.
Feliz 2017, Mi.

Michelle disse...

Lígia,
Acho que se nunca tivesse lido nada do McEwan eu não teria criado expectativas e teria gostado mais de Enclausurado. Mas do jeito que foi, realmente me decepcionou.

Lulu,
Não é? Mansfield conseguiu um feito e tanto. Leia '...e o vento levou'. Vale muito a pena. E nem falo nada de 'A chegada' porque já estou ficando repetitiva...rs

Marta,
Meu ano também foi conturbado. Que 2017 seja mais calmo.
Comecei 'Lendo Lolita em Teerã' e estou adorando.
Esse do Ishiguro está na estante, mas não sei se deixará a prateleira ainda este ano. Veremos.

Unknown disse...

Eu adorei Os vestígios do dia, do Ishiguro, então sou suspeita para falar dele.
Achei o livro de uma elegância incrível, na verdade foi tão bom que tudo o que eu disser não fará jus à experiência de leitura que tive ao ler o livro. Mas não deve ser assim para todo mundo, não é?

Nos últimos tempos as melhores leituras têm sido as que pego o livro aleatoriamente na prateleira, meio como um consulente que tira uma carta de tarô. Pego um livro qualquer e engato na leitura, quase todos que li assim no último ano resultaram em leituras muito saborosas.

Boa sorte aí e daqui estou torcendo para que tenhamos um ano mais leve.

Bjs