Joe (Jon
Voight) é um cowboy bonitão e ingênuo que troca o Texas por Nova York a
fim de ganhar dinheiro como garoto de programa de uma clientela feminina
endinheirada. Logo que chega à metrópole, Joe conhece Ratso (Dustin Hoffman),
um sem-teto manco que vive de golpes, com quem ele acaba desenvolvendo uma
amizade sincera.
Joe Buck
era um rapaz estiloso, que tinha orgulho de suas raízes rurais, e, acostumado a
fazer sucesso com as moças de sua cidade natal, decide transformar seu talento
inato em ganha-pão. Sonhador, estava sempre diante do espelho, fazendo poses
sensuais, e imaginando um futuro grandioso para si, enquanto devaneava ao som
do seu inseparável rádio de pilha. No entanto, a dura realidade da cidade
grande lhe acerta em cheio na cara assim que ele desce do empoeirado ônibus
interestadual.
Sua
beleza estonteante e seu grande talento de galanteador que achava possuir
passam totalmente despercebidos em Nova York. A fila de ricaças loucas para ir
para cama com um garotão vestido a caráter simplesmente não aparece. Na
verdade, para conseguir sua primeira cliente ele pena um bocado (e ainda tem um
resultado desastroso). Em um bar, tentando se recuperar da humilhação e da
decepção, ele conhece Enrico Rizzo (vulgo Ratso), que parece ser o cara certo
que lhe ajudará a superar os problemas e a prosperar na Big Apple. Como
constata pouco tempo depois, tudo era apenas uma mentira contada por um
pobretão que vivia de pequenos furtos e golpes.
Com
um início desses, Joe e Ratso se desentendem, brigam, querem acabar um com o
outro. Todavia, com as desilusões de Joe aumentando na mesma proporção que a
falta de dinheiro e com a chegada iminente do inverno, os dois acabam se
aproximando e estabelecendo laços de amizade. Ratso mostra seu lado generoso ao
compartilhar o pouco que tem com o frustrado aspirante a loverboy, o acolhe em
seu lar invadido, cozinha o escasso alimento que conseguia obter, se empenha em
arranjar trabalho para o companheiro de quarto. Por sua vez, Joe deixa para
trás os ressentimentos referentes a Ratso, dá duro para conseguir grana, cuida
do outro quando ele adoece, abre mão do seu próprio sonho para realizar o do
novo amigo.
“Perdidos na Noite” é uma história sobre
sonhos arruinados, sobre a vida dos invisíveis nos becos das cidades grandes, sobre
a amizade que brota da necessidade. Na época de seu lançamento, o filme deve
ter chocado muita gente ao expor a feiúra da pobreza em meio ao luxo e à
abundância de uma cidade rica, ao apresentar um protagonista que queria ser
garoto de programa, ao incluir na trama uma cena de relação homossexual. Ainda
assim, levou o Oscar de Melhor Filme,
bem como nas categorias de Melhor
Diretor e Melhor Roteiro Adaptado.
Continua sendo o único filme com classificação ‘X-rated’ (censura 18 ou 21
anos, dependendo do lugar) a ter conseguido tal feito.
Para
mim, o que mais chamou a atenção foi a atuação dos atores principais. A triste
transformação de Joe, de garoto vaidoso e inocente em uma pessoa dura e
disposta a tudo para sobreviver, é incrível. Dustin Hoffman também dá show na
pele do maltrapilho escolado na pobreza que não hesita em roubar, mas que tem
um grande coração e sabe o sentido da palavra ‘lealdade’. Aliás, vale citar
como curiosidade que Hoffman usou pedras dentro dos sapatos durante toda a
filmagem, para que fosse convincente como manco.
A
música-tema (Everybody’s talkin’) é
ótima e fica na cabeça após o término do filme. A única coisa que me incomodou
foram umas cenas de flashback de Joe envolvendo uma garota atacada em sua
cidade natal por um grupo de rapazes. As cenas aparecem várias vezes no início
do filme, mas não são esclarecidas no decorrer do longa. Achei meio confuso e
desnecessário.
Um
bom filme, com atores excelentes em um trabalho admirável.
Veja o trailer AQUI (inglês, sem legendas).
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Este post faz parte do Projeto Vencedores do Oscar, no qual assistirei e postarei comentários sobre todos os agraciados com o Oscar de Melhor Filme. Para ver a lista de filmes e a análise de outros títulos, CLIQUE AQUI ou no banner na barra lateral do blog.
3 comentários:
Eu sou louca pra ver esse filme e nunca me lembro de baixar, tem uma referência a ele em Seinfeld (e em várias outras obras, claro) e eu fico sempre por fora, rs. =D
ai, eu sou apaixonada por esse filme...
essas cenas de flashback, creio que foi a garota que ele era a fim, mas ela ficava com todos, menos com Joe rsrs
adorei seu blog e estou seguindo
bjs
http://torporniilista.blogspot.com.br/
Deu vontade de bordar:
_Que a deusa abençoe essa bagunça.Lindo blog!
Eu não vi o filme em verdade li o livro.
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