Quem
me conhece sabe que “fashion” é um adjetivo com pouquíssimas chances de ser
usado para me descrever. Sou mais do time look básico e conforto acima de tudo.
Mas lá no início da minha adolescência surgiu uma forte atração por moda e a
ideia de ser estilista. A vontade passou, embora eu ainda seja fã do assunto
(sou louca por programas do tipo 'American Next Top Model’, ‘Project Runway’ e ‘Esquadrão da Moda’). Tudo isso apenas no campo teórico. Por que
estou falando essas coisas? Para justificar meu interesse em “Fashion Beast”, história criada por Alan
Moore e Malcolm McLaren que mistura moda e ‘A Bela e a Fera’ e acabou
de ser lançada no Brasil.
Não
sou muito de ler quadrinhos. Meu conhecimento nessa área se resume aos gibis da
Turma de Mônica e Luluzinha que lia na infância e uma breve incursão por X-Men nos anos 90. Nos
últimos cinco anos, descobri as graphic novels e me apaixonei. Comecei, então,
uma reaproximação com esse tipo de literatura (sim, pra mim é literatura).
“Fashion Beast” me atraiu instantaneamente por falar se inspirar na minha
história Disney preferida e ainda ter o envolvimento de um ícone do estilo
punk.
Originalmente,
a história foi criada nos anos 80 e McLaren convidou Alan Moore para roteirizar
a trama que pretendia levar às telas. O projeto miou e ficou engavetado até
2012, quando ganhou uma nova chance, mas desta vez como HQ. Adaptada por Antony
Johnston e ilustrada por Fecundo Percio, a trama ganhou vida e se transformou
em homenagem póstuma a McLaren.
A
edição nacional reúne as 10 edições lançadas no exterior mais as capas
originais e capas alternativas dos números. Na história, Doll, uma garota que
parece um garoto vestido de garota, tinha um trabalho ordinário na chapelaria
de uma casa noturna, mas é demitida após uma confusão. Então, fica sabendo que
o grande estilista Celestine estava à procura de uma modelo que representasse
suas criações. Doll passa pela seleção e imediatamente cai nas graças do
artista. Para sua infelicidade, Doll descobre que Jonni, o rapaz responsável
por sua demissão, trabalha para Celestine e os dois entram numa competição
doentia pela atenção do chefe.
Celestine,
por sua vez, encarna o gênio incompreendido e solitário: vive enclausurado em
seu salão, ditando ordens por meio de duas assistentes idosas e rabugentas,
atormentado por ser um monstro de aparência deformada. Vivendo em seu mundinho
artificial, ele repete padrões de beleza antiquados, mas que ninguém se atreve
a contestar, inspirados na única mulher perfeita que conheceu em sua vida: a
mãe. Doll e Jonni vão colocar em risco o frágil universo de Celestine.
No
início, eu não estava entendendo bem onde os autores queriam chegar. Da metade
em diante, as coisas começam a fazer mais sentido, a referência do conto de
fadas ganha mais destaque, o drama dos personagens se intensifica e os ideais
situacionistas de McLaren se tornam mais evidentes. Transcorrida em uma época
indefinida e em uma cidade indeterminada, a trama se mostra tão atual quanto
soaria na década de 80. Gostei muito das ilustrações detalhadas e do toque
sombrio das imagens, que casa perfeitamente com o espírito dos personagens.
Leitura
rápida e gostosa. Ideal para um dia de preguiça.
Um comentário:
Que interessante! Estou com uma meta louca (inventei tem pouco tempo. Como se já tivesse poucas, né?! rs) que é separar algumas HQ's, mangás, graphic novel etc para ler. Como você, minha experiência com quadrinhos se resume aos gibis da turma da Mônica e Luluzinha rs, mas tem tanta gente lendo e falando de uns legais que estou tentada.
Beijos! :)
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