Nos
primeiros segundos da série vemos um garoto no banheiro encarando uma barata
que sobe pela parede. Ele se aproxima lentamente do inseto e então o mata com
uma baita cabeçada, que faz sua testa começar a sangrar. Em uma espécie de
transe, ele começa a espalhar o sangue com os dedos. Corta para a cena dele
pegando um saco de salgadinho na cozinha enquanto a mãe discute com a irmã na
sala. A mãe fala para ele guardar o pacote e ele segue dizendo que está com
muita fome, mas então, notando o filho ensanguentado e estranho, ela vai buscar o
reverendo. Como descobrimos pouco depois, o menino está possuído.
Confesso
que o que me fez ter vontade de ver essa série foi justamente essa cena inicial. É incrivelmente perturbadora e sugestiva de uma boa
história (pelo menos é o que eu esperava). Mas vamos à linha geral do programa:
Kyle Barnes é um cara zicado – sua
mãe foi possuída quando ele era criança e sua esposa também serviu de
hospedeira para o mal, o que resultou na internação da mãe em estado semivegetativo
e no abandono pela esposa, que foge levando a filha do casal com medo da
agressividade do marido. Assim, Kyle é um poço de culpa e passa os dias largado
no sofá enchendo a cara.
Quando
o garoto da cena inicial é possuído, Kyle fica sabendo e, mesmo tentando manter distância,
acaba indo até a casa dar uma espiada. Encontra o Reverendo Anderson sofrendo para exorcizar o capeta do corpo da
criança e, num ímpeto, tenta ajudar. Sem saber exatamente como, ele termina por
arrancar as trevas de dentro do menino. Lembranças de sua infância perturbada e
do dia terrível em que encontrou a esposa quase estrangulando a filha começam a
voltar à sua mente e ele, de repente, acha que talvez auxiliar o reverendo em
outros exorcismos possa lhe dar algumas respostas e lhe trazer paz. Está
formada, então, a dupla do cético atormentado e do religioso que também não tem
tanta fé assim.
Embora
a série seja classificada como terror e trate do sobrenatural e de possessões,
do segundo episódio em diante essas características dão lugar ao drama, já que
passamos a conhecer melhor cada personagem, seu passado e seus dilemas. A
pequena cidade de Rome, com seus
cinco mil e poucos habitantes, parece esconder um enorme segredo por trás de
suas ruas tranquilas e gramados bem cuidados. Começam a surgir muitas questões
e o espectador sabe tanto quanto alguns personagens, que veem coisas
inexplicáveis acontecendo e não sabem a quem recorrer, já que o reverendo, em
determinado momento, passa a agir de forma estranha e deixa de ser o baluarte
da comunidade, e sua associação com Kyle não é bem vista, pois ele é o
pária que bateu na esposa e agrediu a mãe deixando-a inválida.
O
clima parece que vai esquentar pra valer nos dois últimos episódios, e então a
temporada termina (a segunda já está confirmada). Apesar de achar que podiam
ter enrolado menos, gostei da série porque ela mostra que nem tudo de ruim que
acontece tem o dedo do diabo (ou de outra entidade maligna qualquer). Muitas
vezes, as atrocidades que testemunhamos com indignação e repugnância são fruto
da maldade humana pura e simples. Achei interessante também como a série mostra que determinadas
atitudes são mal interpretadas, que as pessoas julgam sem saber o que motivou
certas ações, que entre o preto e o branco há muitas nuances.
“Outcast” é baseada em uma série de HQ
lançada em 2014 por Paul Azaceta e Robert Kirkman, mais conhecido como
roteirista da HQ/série de TV The Walking
Dead. Mesmo antes dos gibis chegarem às lojas, o piloto do programa já
havia sido desenvolvido e os direitos haviam sido adquiridos nos Estados Unidos,
em 2013, pelo canal Cinemax, que produziu o show. No resto do mundo, a
exibição de Outcast ficou a cargo da
Fox.
Estou bem curiosa para ver a continuação. Até lá, só me resta controlar a ansiedade assistindo a uma das diversas séries que acompanho.
Estou bem curiosa para ver a continuação. Até lá, só me resta controlar a ansiedade assistindo a uma das diversas séries que acompanho.
Nota: 3,5/5
Trailer legendado:
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