Os
Creed são o estereótipo da família de comercial de margarina: o pai dedicado
que divide seu tempo entre o trabalho e o lar, a mãe que coloca os filhos, o
marido e os trabalhos domésticos em primeiro lugar, a filha mais velha
inteligente e apegada ao gato de estimação e o caçula fofo e curioso que vive
dando susto nos pais. Quando eles se mudam para uma linda casa nos arredores de
Chicago, parece que a peça que faltava para completar o quadro de vida perfeita
se encaixa. Só que há duas coisas que perturbam a falsa sensação de sonho
realizado dos Creed: uma rodovia supermovimentada que passa bem em frente à
nova propriedade da família e um misterioso cemitério de animais do outro lado
das pistas.
Quem
foi criança/adolescente nas décadas de 1980/1990 com certeza cresceu assistindo
“Cemitério Maldito” nas tardes de
Cinema em Casa do SBT. Eu, pelo menos, vi esse filme inúmeras vezes, e, quando
resenhei o livro, em 2013, pensei em rever a adaptação para escrever um post
sobre ela também, mas acabou não dando certo. Agora uso o Mês do Arrepio para falar sobre esse clássico do terror dos anos 80
que, de quebra, ainda serve para o #vejamaismulheres.
Para
quem não sabe nada sobre a trama, um resumo rápido: a família da história tem
uma enorme dificuldade para lidar com a perda, principalmente a mãe, que é
muito traumatizada por ter presenciado o definhamento da irmã quando criança e
por se sentir responsável. Mas com um cemitério de animais às portas de casa e
com uma filha naquela idade em que começam os questionamentos sobre a morte, os
Creed têm que arranjar meios para satisfazer as perguntas da pequena e para
explicar a ela a finitude da vida sem assustá-la. As coisas se complicam quando
o gato dela acaba de fato morrendo, e quando o vizinho meio creepy revela ao pai da garota que, mais
além das covas dos mascotes, existe um cemitério indígena, e que aqueles ali
enterrados voltam a viver.
Que
ótimo! Pena que o velho só omitiu um detalhe: os que voltam dos mortos não são
exatamente os mesmos. Algo demoníaco volta com eles. Mas e daí, não é? O que
importa é não perder o objeto de afeto. Bem, é claro que as coisas só vão
degringolando daí em diante.
E é óbvio também que os seres humanos estão longe de ser a
criatura mais inteligente do planeta, como alguns gostam tanto de enfatizar –
certas pessoas não aprendem nunca com os próprios erros e repetem as burrices
infinitamente. Aí estão os Creed para provar.
"Cemitério Maldito” está longe de
ser um ótimo filme, mas tem seus méritos. De pontos negativos cito as atuações vergonhosas
(o ator que interpreta o pai é ruim demais! Para se ter uma ideia, as crianças
são os melhores em cena) e o desenvolvimento acelerado da trama (as coisas
acontecem do nada e sem muita lógica). Em compensação, acho bem divertido.
Primeiro porque o nível de estupidez das pessoas realmente me impressiona e eu
torço muito para elas se darem mal. Depois porque tem pequenos detalhes que
fazem a diferença para apreciadores de terror: o 666 pintado nos degraus do
caminhão em que a mãe pega carona, a participação especial do próprio King como
pastor em um funeral, "Sheena is a punk rocker” tocando na cabine de outro
caminhão e, claro, "Pet Sematary” como trilha que dá nome ao filme e que
foi escrita especialmente pelos Ramones, de quem Stephen King é fã declarado.
Apesar
da tosquice, no fim fica a lição: não tente driblar a morte e brincar de Deus.
Recomendo muito a quem quer ver um filme de terror que mais diverte que
assusta.
Nota:
3,5/5
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Sobre
a diretora:
Mary Lambert é uma diretora americana nascida em Arkansas. Já dirigiu
diversos videoclipes (entre eles vários do início da carreira de Madonna, como
“Like a Virgin” e “Material Girl”, entre outros), programas de TV e,
principalmente, filmes de terror. Seu primeiro longa foi “Marcas da Paixão”, de 1987, indicado ao Independent Film Award daquele ano. Em 1989, ela dirigiu “Cemitério Maldito”, a adaptação do
livro de Stephen King, e em 1992 comandou sua sequência. Até o momento, a
diretora tem 13 longas no currículo.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
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