Escrito
em 1898, “A Guerra dos Mundos” é um
clássico da ficção científica, e fala do que aconteceu em Londres e nos
arredores quando estranhas esferas metálicas caíram na Terra, trazendo em seu
interior marcianos nada amigáveis.
A
história é narrada por um escritor sem nome que, uma noite, vê luzes
esverdeadas e avermelhadas no céu e, seguindo sua trajetória junto com alguns
outros curiosos, encontra uma enorme esfera metálica caída do céu. Ansiosos,
eles ficam ao redor do objeto, mantendo certa distância, já que dele emanava
muito calor. A princípio, imaginaram que era um meteorito, mas sua forma
geométrica perfeita e sua superfície lisa indicavam que se tratava de outra
coisa.
Coisa.
Ninguém sabia o que era aquilo, mas de Coisa foi batizado. E, para surpresa
geral, uma espécie de tampa se abriu no objeto. Imediatamente, as pessoas se
agitaram com a possibilidade de haver seres vivos lá dentro. Possivelmente
marcianos. Provavelmente precisando de ajuda. Mas ninguém jamais havia visto um
marciano e não sabiam ao certo o que esperar – mas com certeza não estavam
preparados para o que saiu dali: uma massa cinzenta e arredondada com olhos escuros
e braços em forma de tentáculos que serpenteavam em todas as direções. Mas o
choque inicial gerado pela aparência bizarra do alienígena era só o começo.
Logos os terráqueos descobririam que os visitantes do espaço não eram de muito
papo e, pior, não estavam ali em missão pacífica.
Para
nós, seres do Século XXI, a história pode parecer batida, pois já estamos
acostumados a ver nosso planeta ser invadido por extraterrestres das mais
diferentes formas em livros, filmes, HQs e séries. Mas imaginem o alvoroço que
H.G. Wells causou na época do lançamento do livro! Para os leitores daquele
tempo, era a primeira vez que tal possibilidade se apresentava. E de forma tão
assustadora! Pois se a ideia de ter alienígenas aterrissando na Terra já era
inovadora, o que dizer do fato de esses seres virem com o intuito de dominação
e exploração?
Bem,
embora a narrativa de Wells se desenrole no futuro, com marcianos e tecnologias
inexistentes, o comportamento dos extraterrestres é exatamente aquele que os
humanos conhecem desde sempre e que, inclusive, usam ser pudores contra
exemplares de sua própria espécie – uma crítica mordaz à colonização de vários
países pela toda-poderosa Inglaterra. Aliás, o comportamento destrutivo do
homem em relação aos outros seres vivos e ao meio ambiente é mais uma
característica nada bonita dos terráqueos que o autor aponta, invertendo a
cadeia alimentar e colocando na base da pirâmide nós, que acreditamos que somos
as criaturas mais evoluídas da Terra (quiçá das galáxias), tão insignificantes
quanto formigas diante da supremacia dos invasores.
Além
das críticas, gostei de como o autor conseguiu captar perfeitamente nossa
curiosidade e ingenuidade diante do desconhecido, nossa incapacidade de
imaginar outras realidades e nosso evidente despreparo para lidar com situações
de emergência. Ninguém deu a mínima para a notícia da chegada dos alienígenas,
até que eles mostraram sua intenção, mas daí já era tarde demais. O caos
instalado desorientou civis e militares, e o salve-se-quem-puder despertou o
lado mais primitivo das pessoas, mais uma vez evidenciando os instintos animais
que fingimos não possuir.
“À
luz do crepúsculo as casas ao meu redor estavam sombrias e indistintas, e as
árvores perto do parque escureciam. Em toda parte a erva vermelha escalava as
ruínas, contorcendo-se na escuridão. A noite, mãe do medo e do mistério, descia
sobre mim. Mas enquanto aquela voz soara, a solidão, a desolação haviam sido
suportáveis; fizera com que Londres ainda parecesse viva, e aquela sensação me
dera forças. Então houve uma súbita mudança, o fim de algo – eu não sabia o quê
–, e depois uma quietude palpável. Nada, salvo aquele incêndio lúgubre.”
Nota:
4/5
Links relacionados:
- A ilha do Dr. Moreau (resenha)
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