Para a
parte 2 da seleção de filmes que vi para o #vejamaismulheres, mas que por um
motivo ou outro acabei não postando aqui, separei 5 produções
nacionais (na verdade, a última da lista é uma coprodução de
Brasil/Portugal/França/Dinamarca/Suécia): “Muito
além do peso”, “Califórnia”, “Que
bom te ver viva”, “A hora da estrela” e “Olmo e a gaivota”.
Filme #36: Muito além do peso (Estela
Renner)
Documentário
muito bacana sobre obesidade infantil que mostra que nem sempre a culpa é dos
pais – ou como é fácil apontar o dedo para eles e isentar o governo omisso que
cede à pressão da indústria alimentícia multimilionária e aos apelos da
propaganda. Achei bem interessante que a diretora foi atrás de exemplos de
crianças obesas de classes sociais diferentes e que vivem nas mais diversas
realidades, e como ela mostra que os pais, sem a ajuda da escola, do poder
público e da sociedade como um todo, não têm como vencer essa batalha. Estela Renner é uma diretora e
roteirista paulistana que tem como foco de seus trabalhos a promoção de mudanças
sociais e ambientais.
Nota:
4/5
Filme #37: Califórnia (Marina Person)
Ambientado
nos anos 80, o filme conta a história de uma adolescente que lida com os
dilemas próprios da idade enquanto sonha com sua viagem para a Califórnia, onde
mora o tio que ela adora. A volta inesperada do tio para o Brasil devido ao seu
estado de saúde delicado muda os planos da garota, que tem que aprender a lidar
com a realidade nova e assustadora da AIDS, na época uma doença que envolvia
muitos preconceitos e tabus, ao mesmo tempo em que inicia sua vida sexual.
Não gostei muito no início, mas, conforme o filme avançou, fui totalmente
rendida. A reconstrução de época e a trilha sonora são maravilhosas, e fiquei
nostálgica ao relembrar aqueles anos. Marina
Person é uma diretora, apresentadora e atriz nascida em São Paulo que ficou
nacionalmente conhecida como VJ da MTV, mas que também já trabalhou na TV
Cultura, Canal Glitz e Canal Brasil.
Nota:
4/5
Filme #38: Que bom te ver viva (Lúcia
Murat)
Um
misto de documentário e ficção, o filme combina entrevistas de mulheres que
foram presas políticas na época da ditadura no Brasil com segmentos em que uma
personagem anônima, vivida por Irene Ravache, conta suas experiências daquela
época e fala do momento atual (no caso, os anos 80, já que é uma produção de 1989). O
interessante do filme, além do resgate histórico, é perceber como cada mulher
se envolveu na luta contra o governo, quais os efeitos que isso teve em suas vidas
naquele tempo e ainda hoje, a postura de cada uma para lidar com as
dificuldades. Lúcia Murat é uma
diretora brasileira nascida no Rio de Janeiro com 10 longas no currículo. ‘Que
bom te ver viva’ foi seu segundo filme e reflete os horrores que ela
mesma viveu e presenciou como presa política.
Nota:
4/5
Filme #39: A hora da estrela (Suzana
Amaral)
Adaptação
do livro de Clarice Lispector, que conta a história da nordestina órfã, ingênua
e sonhadora que vai para a cidade grande trabalhar como datilógrafa e se apaixona
pelo metalúrgico Olímpico, um cara tão ignorante quanto ela, mas que finge
saber de tudo e vive humilhando a pobre garota. Eu já havia falado sobre livro
e filme em outro post, mas, como assisti ao filme mais uma vez, graças a um
clube de leitura + sessão de cinema, e como continuo achando uma das produções mais
incríveis do cinema nacional, resolvi incluí-lo aqui nesta seleção. Suzana Amaral é uma cineasta,
roteirista, crítica de cinema e professora de cinema paulistana que tem no
currículo uma série de documentários feitos para TV Cultura, uma minissérie e três
longas de ficção. ‘A hora da estrela’, seu primeiro longa-metragem, deu a
Suzana vários prêmios e reconhecimento internacional.
Nota:
4/5
Filme #40: Olmo e a gaivota (Petra Costa
e Lea Glob)
Olivia
é uma atriz de trinta e poucos anos que se prepara para viver o papel de sua
vida numa montagem da peça ‘A Gaivota’, de Tchekhov, que sairá em turnê internacional. Só que
a moça descobre que está grávida, e que é uma gestação de risco, e então precisa
abandonar os palcos por uns tempos. O filme mistura realidade (o acompanhamento
da gravidez real da atriz em uma espécie de diário filmado) e ficção (a
montagem da peça e a forma como Olivia vê sua vida refletida nas personagens
feminina do drama), e levanta questões importantes, como o fato de nem toda
mulher ter o desejo de ser mãe, de como nem toda grávida acha a gestação um
momento mágico e fabuloso, de como a vida da futura mãe muda drasticamente
mesmo antes do nascimento do bebê, dos conflitos da vida profissional e
pessoal, e por aí vai. Petra Costa é
uma atriz e diretora brasileira nascida em Belo Horizonte e
tem dois longas de ficção no currículo, sendo este seu segundo filme. Lea Glob é uma diretora e produtora
dinamarquesa que já dirigiu dois longas-metragens e um documentário
curta-metragem.
Nota:
3,5/5
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