Megan
é inteligente, bonita, tem pais amorosos e amigas leais, faz parte da equipe de
animadoras de torcida do colégio e namora o bonitão mais desejado da escola.
Tudo perfeito, não fosse por um detalhe: ela gosta de meninas. E mesmo antes
que pudesse se dar conta de seus sentimentos, os pais, as supostas amigas e o
namorado armam uma intervenção e a garota é enviada para uma espécie de clínica
de reabilitação para homossexuais. E não é que este filme utiliza muito bem os
estereótipos de ideal de garota americana para criticar com humor as
insanidades que as pessoas cometem em nome da “cura gay”?
Casa de boneca dos horrores |
A
princípio, parece que estamos diante de mais uma daquelas comédias bobocas
americanas de high school. O visual anos 80 (apesar do filme ser de 1999) e as
canções delicinhas que grudam na cabeça colaboram com essa impressão. Mas o
engano dura pouco: em alguns minutos já dá para perceber (embora a própria
protagonista não perceba logo de cara) que Megan era atraída por jovens do
mesmo sexo que o seu. Por esse seu “defeito” gravíssimo, é mandada para o
“conserto”.
Tratamento de choque |
A
clínica usa tons de azul e rosa bem berrantes para não confundir os
internos sobre seus papéis. Aos rapazes são atribuídas atividades de macho: cortar lenha,
consertar carros, praticar esportes de contato, dar aquela ajeitada no saco; às moças são ensinadas tarefas
fundamentais ao sexo feminino: fazer faxina, cuidar de um bebê, saber como usar
maquiagem, como se vestir, como se portar com graça – ou seja, uma bobajada
preconceituosa sem tamanho.
Aprendendo a fazer o seu papel |
Durante
o treinamento, contudo, os internos logo chegam à conclusão de que fingir é a
melhor saída para não serem castigados. E com o passar do tempo, para o
desgosto daqueles que os haviam enviado ao local para que ficassem “normais”,
os jovens acabam conhecendo melhor a si mesmos e ganham força para assumir o
que realmente são.
Prova final: simulação de sexo |
O
absurdo e o ridículo de querer impor aos outros a sexualidade “correta” são
exemplificados por dois membros da equipe da clínica: o filho da proprietária é
obviamente gay (apesar de tentar esconder sua orientação sexual para não
contrariar a mãe), assim como o instrutor marombeiro e "ex-gay" (vivido pelo
divertidíssimo RuPaul). O mais bacana é que, no final, alguns pais enxergam o
quanto tudo aquilo era sem sentido e aceitam os filhos. E mesmo aqueles que não
são aceitos pela família vão buscar a felicidade, independente da aceitação
alheia.
Nota:
4/5
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Sobre
a diretora:
Jamie Babbit é uma diretora, roteirista
e produtora americana. Dirigiu seu
primeiro curta em 1996, ao qual se seguiram mais 3. “Nunca fui santa” foi seu primeiro longa-metragem, inspirado em um
artigo que ela leu sobre um homem que havia sido enviado para um acampamento de
“cura gay”, e foi a escolha do público no Festival
Internacional de Cinema Feito por Mulheres de Créteil (França) no ano 2000. Depois
dele, já lançou mais 5 longas. Além disso, foi responsável pelo roteiro, pela
produção e pela direção de vários episódios de diversas séries, como Gilmore Girls, Castle, Ugly Betty, Drop
Dead Diva, entre outras.
Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.
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