terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Veja Mais Mulheres: Filmes #1-3

Olás!

No começo do ano, assisti a vários filmes indicados ao Globo de Ouro com a intenção de escrever aqui sobre eles, principalmente aqueles dirigidos por mulheres. Mas 2018 começou em velocidade supersônica e fui emendando trabalhos sem pausa para respirar. Agora que finalmente consegui descansar uns dias, voltei e decidi fazer duas postagens para o projeto #vejamaismulheres com produções que têm mulher na direção e que foram indicadas ao Globo de Ouro e/ou ao Oscar.
(Deixarei as diretoras de animação para uma postagem temática posterior, OK?)

Primeiro, mataram meu pai (First they killed my father, 2017 – Angelina Jolie) [Estados Unidos] #GloboDeOuro2018
As primeiras cenas do filme não deixam dúvida sobre a crítica da diretora: os bombardeios do Camboja, um país declarado neutro na guerra vietnamita, pelos Estados Unidos, para chegar ao seu alvo real, o Vietnã. Ao som de Sympathy for the Devil, são intercaladas imagens de soldados invadindo o Camboja/bombas sendo lançadas com declarações de políticos americanos, afirmando categoricamente que o país asiático não seria alvejado – até o momento crucial, em 1975, quando a Embaixada dos EUA retira os representantes do governo e jornalistas da nação sob ataque, deixando os cambojanos à mercê do Khmer Vermelho, que queria derrubar o presidente autoproclamado do país. Os soldados do Khmer são recebidos com alegria na capital do Camboja, pois a população achava que agora tudo mudaria. E realmente mudou – para pior, com os campos de trabalho forçado e as execuções de qualquer indivíduo ligado de alguma forma ao governo então no poder. Todos os horrores da guerra civil que se instala no Camboja são mostrados pelos olhos de Loung Ung, uma garota de 7 anos de idade que vê sua vida confortável ir para o ralo e sofre com a separação e perda dos pais e irmãos, indo parar no campo de treinamento de soldados do Khmer. Baseado no livro autobiográfico de Loung Ung, o roteiro foi adaptado pela própria autora em conjunto com Angelina Jolie. O filme não explica muito do contexto histórico, o que poderia ser considerado um ponto negativo, mas, para mim, essa escolha foi totalmente condizente com o ponto de vista de uma criança que se vê lançada em meio ao caos e violência e que não compreende muito bem o que está acontecendo. O foco mais voltado para a família do que para o conflito em si também se explica por esse ângulo narrativo. E ainda tem imagens belíssimas, muitas delas em tomadas aéreas da movimentação das massas, que, na minha opinião, foram mais uma característica positiva. Recomendo!
Nota: 4/5
Angelina Jolie é uma atriz, roteirista, produtora e diretora norte-americana conhecida também por seu trabalho como ativista humanitária. Seu currículo inclui mais de 40 filmes como atriz e 5 longas como diretora, sendo "Primeiro, mataram meu pai" seu trabalho mais recente na direção. Já falei aqui sobre outro filme dirigido por ela, o incrível "À beira-mar".

Lady Bird: A hora de voar (Lady Bird, 2017 – Greta Gerwig) [Estados Unidos] #GloboDeOuro2018 #Oscar2018
Christine, que prefere ser chamada de Lady Bird, é uma adolescente que lida com problemas típicos de sua idade: a pressão para entrar em uma universidade, o desejo de ser aceita pelo grupinho dos alunos mais populares da escola, as primeiras experiências amorosas/sexuais, os conflitos com os pais devido às suas visões/expectativas diferentes. Como em qualquer outro filme sobre essa fase da vida, a protagonista é egoísta e chiliquenta, o que eu já esperava, mas depois de tanto falatório sobre o filme, confesso que as minhas expectativas eram altas, que imaginei que haveria algo que o diferenciasse de outros trocentos filmes sobre o tema. O resultado? Frustração, é claro. Entendo todos os anseios de Lady Bird, bem realistas, inclusive, mas não tenho mais paciência para essas coisas. Não tinha nem quando eu mesma era adolescente, agora então... Só consegui simpatizar com a mãe dela. Além de ter achado tudo "mais do mesmo", o filme tem um outro ponto que me incomodou muito: o uso da amiga gorda como escada para a protagonista. É algo que não consigo aceitar, vindo de uma diretorA (que também é a roteirista), cuja indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro foi tão celebrada, principalmente com relação à representatividade feminina em grandes premiações. Desculpe, Greta. Mas com uma representação dessas, não dá para te defender. O destaque é a atuação da Saoirse Ronan (convincente em sua chatice teen).
Nota: 3,5/5
Greta Gerwig é uma atriz, dramaturga, roteirista e diretora norte-americana que caiu no gosto do público com a comédia romântica com ares cult "Frances Ha", em que escreveu e atuou, sendo indicada ao Globo de Ouro de 2014 por tal trabalho. "Lady Bird" é o primeiro longa que dirigiu.

A guerra dos sexos (Battle of the sexes, 2017 – Valerie Faris/Jonathan Dayton) [Estados Unidos] #GloboDeOuro2018
Tendo como base a surreal partida de tênis de 1973 entre a campeã mundial feminina, Billie Jean King, e o ex-campeão masculino, Bobby Riggs, o filme mostra a luta das tenistas para receberem o mesmo tratamento que seus pares masculinos (entre outras coisas, um prêmio equivalente ao que eles recebiam nos torneios) e, ao mesmo tempo em que mostra as batalhas nas quadras, revela também os desafios enfrentados pelos jogadores em suas vidas pessoais. Essa é uma daquelas histórias tão bizarras que é difícil acreditar que tenha ocorrido de verdade. Eu nem pretendia assistir a esse filme, já que a combinação do título ruim + Steve Carell (de quem eu gosto, mas ultimamente tem escolhido mal seus papéis) me levou a crer que seria uma comédia boba. Felizmente, a indicação ao Globo de Ouro e a menção “dos diretores de Pequena Miss Sunshine” no cartaz me fizeram repensar, e o que encontrei foi um ótimo filme. O longa tem vários pontos positivos: mostra as duras condições das tenistas (prejudicadas não só financeiramente, mas também quanto às condições de treino/jogo – a cena de uma delas participando de um torneiro e virando a noite acordada para cuidar de um bebê exemplifica bem), aborda a questão do preconceito contra homossexuais (Billie Jean lida com a pressão nas quadras, com a mídia e com um amor que não pode vivenciar) e também do peso da idade/ostracismo para os ex-atletas. Achei que a dupla Steve Carell e Emma Stone arrasou. Para mim, foi uma surpresa feliz.
Nota: 4/5
Valerie Faris é uma produtora, roteirista e diretora norte-americana que, ao lado do marido, Jonathan Dayton, já ganhou inúmeros prêmios com videoclipes e documentários musicais. Valerie e Jonathan têm 3 longas no currículo: o maravilhoso "Pequena Miss Sunshine" (vencedor de 2 Oscars em 2007, um deles de Melhor Roteiro Original), o delicado "Ruby Sparks - A namorada perfeita" (2012) (que já indiquei no blog Equalize da Leitura) e "A guerra dos sexos" (que concorreu em duas categorias ao Globo de Ouro 2018).

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Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação desta terceira edição do projeto, que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI ou no banner da coluna à direita. Também dá para conferir o post de apresentação e a lista de filmes e links do primeiro ano e do segundo ano do projeto.

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