Como boa fã de Hitchcock, concordo plenamente que comida e assassinatos combinam muito bem, então nada melhor que unir esses elementos em um bom jantar. Muitos autores também pensam (ou pensavam) dessa forma, tanto é que escreveram sobre o tema. Os contos dessa coletânea foram organizados como um menu: Especialidades da Casa (alguns autores famosos do gênero), Entradas (autores não tão óbvios) e Sobremesas (mais nomes clássicos do romance policial). E o cardápio é variado. Tem histórias mais curtas e mais longas, crimes praticados à mesa de restaurantes ou na privacidade do lar, histórias em que a comida é a estrela e outras em que é apenas figurante.
Como todo livro de contos, há os excelentes, os medianos e os ruinzinhos. Achei alguns meio bobos e outros rocambolescos demais. No fim, os que me prenderam mais foram os mais simples, aqueles em que a morte, embora friamente calculada, parece banal, resultado de um acidente. Nessa categoria, destaco “Armadilha para os patos” (Patricia Highsmith) e “Cordeiro para o matadouro” (Roald Dahl, um nome geralmente ligado a livros infantis). “Veneno à la carte” (Rex Stout) e seu banquete também me conquistaram, mas por seu caráter bem detetivesco. No geral, não foi tudo que eu esperava, mas foi um bom passatempo.
"Por que será - exclamou em voz alta -, por que será que este meu ofício não é tão honesto como qualquer outro? Um fabricante de ataúdes é irmão do carrasco? Por que riam aqueles pagãos? Um fabricante de ataúdes é algum palhaço? Eu ia convidá-los à minha casa nova e oferecer-lhes um banquete, mas agora não farei nada disso! Em vez de convidá-los, convidarei aqueles para quem trabalho: os tradicionais defuntos!"
(trecho de "O fabricante de ataúdes", de Alexander Pushkin)
Nota: 3/5
(texto publicado no Instagram em 18 de agosto de 2021)
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