domingo, 12 de setembro de 2021

Resenha: Baixo esplendor


Miguel (ou seja lá qual for seu nome verdadeiro) é um policial infiltrado que tem como objetivo desbaratar uma quadrilha de roubo de carga e prender os cabeças. Tudo começa bem quando ele se aproxima do líder, Ingo, com quem logo se entende. O rapaz ainda apresenta ao agente sua irmã, Nádia, e Miguel não demora a iniciar com ela um tórrido romance, que ele acredita ser algo passageiro. Só que ele acaba se apaixonando de verdade pela mulher e criando afeto pelo criminoso. O chefe de Miguel alerta o subordinado de que ele pode comprometer toda a operação, mas o policial jura que não. Será?

Sou fã confessa do Marçal, e em seu livro novo encontrei tudo que me atrai em sua escrita: cenas ágeis, diálogos espertos, personagens bem construídos e ambientação familiar. Apesar de ser um livro policial, o foco principal é a vida pessoal de Miguel e esse seu dilema profissional. A história se passa em 1973, mas o autor não entrega isso de cara. Em vez disso, vai lançando pistas da época ao citar os carros (Corcel, Opala, Fusca), programas de rádio e TV e o finado “Notícias Populares” e ao fazer menções à ditadura em vigor. E o final... juro que não esperava aquela última parte do livro. Achei bem original. Foi uma ótima leitura e já quero o filme (inclusive já escalei a atriz e o ator para os papéis de Nádia e Ingo na minha cabeça...rs).

“Naquele tempo, a iluminação das ruas do centro era feita com um tipo de lâmpada amarelada, que emoldurou Nádia e seu vestido verde com um halo de irrealidade. Um breve fulgor do mundo do sonho. Um instante de beleza que quase pôs Miguel de joelhos no passeio público.”

Nota: 4/5

(Texto publicado no Instagram em 1 de setembro de 2021)

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