Eu já tinha lido vários comentários favoráveis ao filme, mas também já tinha ouvido muita gente reclamar que não havia conseguido ler boa parte das legendas no cinema, já que o filme é em preto e branco e, não sei porque diabos, insistem em usar legenda branca. Pra piorar, o filme é em alemão. Como não entendo nada desse idioma, achei melhor assistir em casa, com legenda amarela.
Pois bem, sabia que o filme é polêmico. Crianças que vivem numa vila onde começam a surgir casos de violência e morte. A violência tem muitas caras. Começa com as punições e castigos absurdos que as crianças recebiam dos pais e termina lamentavelmente na reprodução do comportamento violento pelas próprias crianças.
A violência atualmente está tão banalizada que não nos afeta como deveria. Mas se tem uma forma de violência que impressiona é aquela cometida por crianças. Temos em nossa mente a imagem padrão de que criança é pura e ingênua. Bem, nem sempre é assim. Outros filmes já trataram de protagonistas menores de idade que põem em prática a maldade usando a fachada da inocência infantil. Alguns são mero terror que não fazem ligação com a vida real, tais como “O enviado” (Godsend) e “A órfã” (Orphan), e que, portanto, não assustam de fato.
Lembro de quando lançaram “O anjo malvado” (The good son), que trazia Macaulay Culkin, o astro-mirim mais famoso da época, como uma criança psicopata que torturava animais e que queria eliminar o primo. Foi um escândalo. O filme foi proibido em vários lugares e, nos poucos em que entrou em cartaz, ficou pouquíssimo tempo. Como uma carinha angelical daquela poderia ser capaz de atos tão malignos?
Pois o diretor de “A fita branca” entende bem de crianças violentas. O primeiro filme que vi dele foi “Violência gratuita” (Funny games US), a versão americana, de 2007. Depois fiquei sabendo que o tal filme era uma refilmagem do original, do próprio diretor, que ele havia gravado pela primeira vez em alemão, o “Violência gratuita” (Funny games), de 1998.
A refilmagem foi feita em inglês, mas manteve os mesmos diálogos e posicionamento de câmeras, trocando apenas os atores e o local em que se passa a história. Tenho que dizer que esse foi um caso raro de refilmagem que ficou melhor do que o original. Não que os atores da versão alemã fossem ruins, mas acho que a carinha de anjo do loirinho americano (que, aliás, lembra o Macaulay Culkin), é muito mais perturbadora.
Considero “Violência Gratuita” um nome de filme muito bom, tanto no original em inglês quanto em português. Isso fica claro quando, em determinado momento, os garotos começam a bater no pai da família aterrorizada, que diz para os invasores pegarem o dinheiro e os objetos de valor e deixarem a família em paz. Mas os garotos não aceitam, é claro, e batem mais ainda em quem fez tal sugestão. Em pânico, e sem saber o que fazer, o pai pergunta “Por que fazer isso?”, ao que responde o loirinho “Por que não fazer”? Ou seja, é fazer simplesmente porque se pode fazer. Nada mais.
3 comentários:
Não conhecia esses filmes, adorei a dica. Apesar de a temática ser mega pesada, é bem por aí mesmo: a violência gratuita é apenas um reflexo da permissividade.
Mi, estava mega atrasada nos seus posts sabe por que?? Por que suas atualizações não aparecem pra mim!! Não vejo quando tem post novo!! Tive um problema desse no meu blog um tempo atrás, tem que mexer no html... se vc não conseguir me avisa que te falo como faz.
bjos!
Esqueci de comentar. Eu vi o Funny Games, não sabia q era um remake, meoo deus, q perturbador, tinha partes q eu nem conseguia assistir. A violência é aterrorizante mas é td numa atmosfera super casual, é mto louco. Vou ver se eu acho esse fita branca, quem sabe dá pra treinar a m**** de alemão... Ah, vc já viu um documentário "boy interrupted" ou algo assim? Vi partes e queria ver inteiro. Ah, em tempo, tá com mto serviço essa semana?? eu to meio de boa por enquanto... bjkss
Eu concordo com você, a violência ligada às crianças é a mais assustadora. Toda vez que algum menor em qualquer parte do mundo comete um ato de violência (fora os à la Columbine) é chocante, justamente por essa aura de pureza que cercam as crianças. Mas, a não ser que a violência seja patológica (como nos psicopatas), tenho esperança de que a pessoa mude e melhore. Call me fool rs
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