LIVRO:
A sociedade literária e a torta de casca de batata [Estados Unidos]
Janeiro de 1946. Juliet
Ashton é uma escritora londrina em busca de um tema para seu novo trabalho. Um
dia, ela recebe uma carta do desconhecido Dawsey Adams, que por acaso havia
encontrado seu nome e endereço anotados na primeira página de um livro de
Charles Lamb ao selecionar o exemplar para a próxima reunião de seu peculiar
clube de leitura, em Guernsey, uma das ilhas britânicas ocupadas pelos
nazistas. A história da criação da sociedade literária é tão inusitada que
Juliet fica curiosa e passa a se corresponder com Dawsey. A cada troca de
cartas, o fascínio de Juliet pela ilha e seus habitantes aumenta mais. É então
que ela se dá conta: precisa conhecer aquelas pessoas e aquele pedaço de
terra. Animada como não se sentia havia muito tempo, ela arruma as malas e
parte numa viagem transformadora.
Na
verdade, o livro todo é epistolar, e a troca de cartas acontece não só entre
Juliet e Dawsey, mas também entre ela e Sophie, sua melhor amiga, e entre ela e
Sidney, irmão de Sophie e editor de seus livros. Ao tentar saber mais a
respeito da Sociedade Literária de Guernsey, Juliet começa a se corresponder
com vários moradores da ilha. E esse é o encanto desta história: pessoas que nunca
se viram, mas que passam a conhecer umas às outras por meio de missivas,
pessoas que procuram refazer suas vidas após o término da Segunda Guerra,
pessoas que sabem o real significado da palavra amizade.
Apesar
do grande número de personagens envolvidos na troca de mensagens, em momento
algum a história fica confusa ou cansativa. Os indivíduos são tão únicos e encantadores
que ganham vida rapidamente durante a leitura. Então, quando Juliet finalmente
chega à ilha, nos sentimos um pouco como ela: felizes por encontrar velhos
amigos. Os membros da Sociedade Literária são tão calorosos que Juliet se
adapta à rotina local praticamente de imediato. Não é surpresa alguma que ela
queira ajudar a descobrir o paradeiro de Elizabeth McKenna, a mente e coração
do clube, levada da ilha como prisioneira dos alemães.
Vale
dizer que Juliet é uma boa heroína: inteligente, simpática, bondosa e
persistente. Ah, sim, ela consegue se livrar de dois pretendentes
insuportáveis: um que já chega querendo dar o fim nos livros dela assim que
ficam noivos e outro que a conhecia havia apenas alguns meses e já agia como se
fosse seu dono, dando chilique quando ela “ousa” colocar a carreira em primeiro
lugar. Se fosse menos romântica, teria sido perfeita. Mas isso é implicância
minha, pois não sou fã de finais “felizes para sempre”.
Tirando
esse detalhe, que pode até mesmo ser um ponto positivo para quem gosta de
histórias mais açucaradas, “A sociedade literária...” é mesmo uma
delícia. Como não gostar de uma trama que fala sobre livros e como eles unem
pessoas e mudam vidas?
“É isto que amo na leitura: uma pequena coisa o interessa num livro, e essa pequena coisa o leva a outro livro, e um pedacinho que você lê nele o leva a um terceiro. Isso vai em progressão geométrica – sem nenhuma finalidade em vista, e unicamente por prazer.”
Nota:
3,5/5
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FILME:
A sociedade literária e a torta de casca de batata [Inglaterra]
Com
uma troca de cartas mais breve e envolvendo apenas Juliet e Dawsey, a moça
chega logo à ilha. Então, diferente do que acontece no livro, ela não sabe
muita coisa a respeito dos membros da sociedade literária, assim como eles também não
a conhecem. Há um estranhamento óbvio e alguns momentos constrangedores – o que
é ótimo, pois dá um tom mais realista à trama.
Na tela, achei mais evidente o quanto Juliet se sentia deslocada em Londres sendo uma escritora de sucesso e frequentando lugares badalados enquanto via grande parte da cidade ainda em ruínas e se sentia solitária após a perda dos pais ainda tão recente. No campo, a vida simples, as belas paisagens naturais e as pessoas acolhedoras a fazem se sentir bem e em casa (apesar de aquele lugar nunca ter sido seu lar).
Quanto aos personagens, gostei
muito do fato de Amelia ser bastante reservada e resistente à presença de
Juliet – isso cria um conflito interessante que favorece a trama, que era
praticamente sem tensão entre os personagens em sua versão escrita.
Mark,
o pretendente de Juliet, é menos intragável e se faz útil na adaptação – até consegui simpatizar com ele (tirando, é claro, seus momentos
de ciúme e seu piti quando percebe que a amada tinha outros interesses além
de ser apenas sua esposa). Kit, a garotinha, por outro lado, me decepcionou um
pouco – gosto bem mais da menina desconfiada que demora a ceder aos encantos de
Juliet.
Enfim...
o filme é bem gostosinho de se ver. Dá aquela aquecida no coração.
Nota:
3,5/5
Trailer legendado:
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