segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Leia o Livro, Veja o Filme: A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata


LIVRO: A sociedade literária e a torta de casca de batata [Estados Unidos]

Janeiro de 1946. Juliet Ashton é uma escritora londrina em busca de um tema para seu novo trabalho. Um dia, ela recebe uma carta do desconhecido Dawsey Adams, que por acaso havia encontrado seu nome e endereço anotados na primeira página de um livro de Charles Lamb ao selecionar o exemplar para a próxima reunião de seu peculiar clube de leitura, em Guernsey, uma das ilhas britânicas ocupadas pelos nazistas. A história da criação da sociedade literária é tão inusitada que Juliet fica curiosa e passa a se corresponder com Dawsey. A cada troca de cartas, o fascínio de Juliet pela ilha e seus habitantes aumenta mais. É então que ela se dá conta: precisa conhecer aquelas pessoas e aquele pedaço de terra. Animada como não se sentia havia muito tempo, ela arruma as malas e parte numa viagem transformadora.

Na verdade, o livro todo é epistolar, e a troca de cartas acontece não só entre Juliet e Dawsey, mas também entre ela e Sophie, sua melhor amiga, e entre ela e Sidney, irmão de Sophie e editor de seus livros. Ao tentar saber mais a respeito da Sociedade Literária de Guernsey, Juliet começa a se corresponder com vários moradores da ilha. E esse é o encanto desta história: pessoas que nunca se viram, mas que passam a conhecer umas às outras por meio de missivas, pessoas que procuram refazer suas vidas após o término da Segunda Guerra, pessoas que sabem o real significado da palavra amizade.

Apesar do grande número de personagens envolvidos na troca de mensagens, em momento algum a história fica confusa ou cansativa. Os indivíduos são tão únicos e encantadores que ganham vida rapidamente durante a leitura. Então, quando Juliet finalmente chega à ilha, nos sentimos um pouco como ela: felizes por encontrar velhos amigos. Os membros da Sociedade Literária são tão calorosos que Juliet se adapta à rotina local praticamente de imediato. Não é surpresa alguma que ela queira ajudar a descobrir o paradeiro de Elizabeth McKenna, a mente e coração do clube, levada da ilha como prisioneira dos alemães.

Vale dizer que Juliet é uma boa heroína: inteligente, simpática, bondosa e persistente. Ah, sim, ela consegue se livrar de dois pretendentes insuportáveis: um que já chega querendo dar o fim nos livros dela assim que ficam noivos e outro que a conhecia havia apenas alguns meses e já agia como se fosse seu dono, dando chilique quando ela “ousa” colocar a carreira em primeiro lugar. Se fosse menos romântica, teria sido perfeita. Mas isso é implicância minha, pois não sou fã de finais “felizes para sempre”.

Tirando esse detalhe, que pode até mesmo ser um ponto positivo para quem gosta de histórias mais açucaradas, “A sociedade literária...” é mesmo uma delícia. Como não gostar de uma trama que fala sobre livros e como eles unem pessoas e mudam vidas?

“É isto que amo na leitura: uma pequena coisa o interessa num livro, e essa pequena coisa o leva a outro livro, e um pedacinho que você lê nele o leva a um terceiro. Isso vai em progressão geométrica – sem nenhuma finalidade em vista, e unicamente por prazer.”

Nota: 3,5/5
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FILME: A sociedade literária e a torta de casca de batata [Inglaterra]

Com uma troca de cartas mais breve e envolvendo apenas Juliet e Dawsey, a moça chega logo à ilha. Então, diferente do que acontece no livro, ela não sabe muita coisa a respeito dos membros da sociedade literária, assim como eles também não a conhecem. Há um estranhamento óbvio e alguns momentos constrangedores – o que é ótimo, pois dá um tom mais realista à trama.


Na tela, achei mais evidente o quanto Juliet se sentia deslocada em Londres sendo uma escritora de sucesso e frequentando lugares badalados enquanto via grande parte da cidade ainda em ruínas e se sentia solitária após a perda dos pais ainda tão recente. No campo, a vida simples, as belas paisagens naturais e as pessoas acolhedoras a fazem se sentir bem e em casa (apesar de aquele lugar nunca ter sido seu lar). 


Quanto aos personagens, gostei muito do fato de Amelia ser bastante reservada e resistente à presença de Juliet – isso cria um conflito interessante que favorece a trama, que era praticamente sem tensão entre os personagens em sua versão escrita.


Mark, o pretendente de Juliet, é menos intragável e se faz útil na adaptação – até consegui simpatizar com ele (tirando, é claro, seus momentos de ciúme e seu piti quando percebe que a amada tinha outros interesses além de ser apenas sua esposa). Kit, a garotinha, por outro lado, me decepcionou um pouco – gosto bem mais da menina desconfiada que demora a ceder aos encantos de Juliet.

Enfim... o filme é bem gostosinho de se ver. Dá aquela aquecida no coração.

Nota: 3,5/5

Trailer legendado:


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