Bruna
está nervosa. Ela sabe que Pétala a aguarda numa esquina movimentada, no bar em
que tiveram seu primeiro encontro, dois anos atrás. Ela está atrasada. Perde um
ônibus, dois... precisa organizar as ideias e tomar coragem para falar de seus
sentimentos. Quando finalmente chega, Pétala sorri – e isso acalma um pouco o
coração de Bruna. Ela adora aquele sorriso. Ela ama aquela garota. Sente que
chegou a hora de dar um passo a mais no relacionamento, mas... e se Pétala não
quiser?
A
história se passa em Belo Horizonte. Bruna ,
caloura de química, conhece Pétala, estudante de arquitetura, em uma
festa de um amigo em comum, e elas estabelecem uma conexão imediata. Durante horas as duas conversam sobre todo tipo de assunto, se adicionam em redes sociais dias
depois e se aproximam cada vez mais. Engatam um relacionamento amoroso, que
levam de forma leve e sem cobranças. Apesar da surpresa por parte dos pais de
Bruna e da reação negativa seguida pelo deliberado fingimento de inexistência
da situação na casa de Pétala, ambas as famílias sabem que as garotas estão
juntas. Mesmo assim, elas não assumem o namoro.
O
fato é que Bruna, que admira a determinação e a ousadia de Pétala, não se sente
à altura da amada e sempre a coloca num pedestal. Além disso, Bruna é insegura
e não gosta de mudanças. Ela tem medo de sugerir a oficialização do
relacionamento porque não quer "aprisionar" a garota que ama, tem
receio de forçar a outra a assumir uma responsabilidade, mas a grande questão é
que ela sofre por ter que tomar, sozinha, uma decisão que deveria ser conjunta.
“Pétala”
é um conto curtinho (34 páginas) que consegue transmitir toda a angústia de uma
pessoa apaixonada que quer viver seu amor plenamente, mas que sofre por estar
cheia de dúvidas sobre o que a outra pessoa quer – um caso que parece ser muito
mais complicado do que de fato é. Ao contrário do que se poderia esperar de uma
história que tem um casal de garotas bissexuais como protagonistas, os
obstáculos que elas enfrentam são pessoais e internos e, felizmente, tudo de que
elas precisam para superá-los é uma boa conversa.
Eu
não conhecia o trabalho da Olívia Pilar e escolhi este conto porque
precisava de uma trama com protagonistas LGBT+ para ler para o “Bingo da Literatura Negra”. Peguei a dica com outros participantes e gostei muito
de como a autora conduziu esta história de amor. Recomendo para quem está à
procura de novos autores nacionais. Os seis e-books da Olívia estão disponíveis
no site da Amazon por um precinho camarada, viu?
“Pétala
tinha aquele sorriso. Sabe? Um sorriso que poderia acabar com uma
guerra. Era como se só sua presença mudasse todo um ambiente, mas, quando ela
sorria, a transformação era ainda maior. Pétala era luz e eu gostava de me
sentir em um ambiente iluminado”.
Nota: 4/5
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