Buenos
Aires, anos 50. Santiago Lebrón é um
rapaz que trabalha com conserto de máquinas de escrever e, por acaso, assume o
cargo de um jornalista falecido, responsável pela seção de palavras-cruzadas e
pelas mensagens esotéricas. Logo descobre que o cargo é uma fachada, e que
trabalha, de fato, para o Ministério do
Oculto, o órgão oficial que cuida de assuntos sobrenaturais. Mesmo sem
acreditar em nada do que lhe mandam investigar, vai a um encontro de
supersticiosos e lá entra em contato com os antiquários, seres estranhos e solitários que vivem cercados de
objetos antigos, em sebos ou casas de antiguidades, e que sofrem com a sede primordial.
Nem
lembro ao certo como tomei conhecimento desse livro, mas, quando fiquei sabendo
que se passava em Buenos
Aires e que envolvia mistério, livrarias e uma nova espécie
de vampiros, me interessei imediatamente. Durante a adolescência, vivi a febre
dos vampiros (no caso, os mais tradicionais: ‘Drácula’, Lestat e
companhia).
Desde então, os míticos seres passaram por várias atualizações (algumas me
agradaram muito, como os dentuços de ‘True
Blood’, ‘30 Dias de Noite’ e ‘Deixa Ela Entrar’; outras, como as
feras criadas por Guillermo Del Toro,
ainda estou digerindo; e algumas, como aqueles que brilham ao sol e se
reproduzem, prefiro fingir que não existem). Enfim... o fato é que esses
monstros amados e odiados continuam me atraindo e, vez ou outra, me arrisco a
conhecer histórias novas com essa temática.
Voltando
à trama, o protagonista é um cara simples, que só queria cumprir suas tarefas
no jornal e seguir a rotina, mas é lançado em meio a uma convenção de gente
bizarra que discute coisas que ele não compreende. Quando, por fim, descobre
sobre os antiquários, fica chocado e deseja fugir, mas cai na armadilha de se
apaixonar justamente por uma garota que estava envolvida na secreta sociedade
que caçava esses seres. Então, Santiago vai se prendendo cada vez mais em uma
teia de intrigas e conspirações entre os antiquários e seus exterminadores.
Gostei
do livro justamente por inovar no aspecto motivacional dos vampiros: eles não
são bestas sanguinárias que destroçam outros seres por simples prazer nem
galantes sedutores que não resistem a um pescocinho tenro; são apenas criaturas
reclusas que querem viver em paz em meio a livros e objetos antigos, já que a
modernidade os assusta. A sede primordial que os atormenta, e que poderia levar
à matança, já foi contornada pela invenção de um elixir, cuja fabricação é um
mistério. Quando divergências entre grupos do submundo afloram e o suprimento
do elixir acaba, as coisas saem do controle, e os pacatos sanguessugas são
obrigados a deixar o aconchego para sobreviver. Mas tudo com muita elegância,
afinal são os dourados anos 50 e o cenário é a estilosa Buenos Aires.
“Aprendi
que uma livraria deve fugir tanto da ordem quando da desordem. Se a livraria
for caótica demais e o freguês não puder se orientar sozinho, ele vai embora.
Se a ordem for excessiva, o freguês sentirá que conhece a livraria por inteiro,
e que nada mais haverá de surpreendê-lo. E vai embora também. Leve-se em conta
que os sebos existem só para leitores que detestam fazer perguntas: querem
conseguir tudo por si mesmos. Além disso, nunca sabem o que estão procurando,
só sabem quando encontram."
Pela mistura inusitada de história policial, vampiros e livrarias antigas em um país sul-americano, recomendo a leitura.
3 comentários:
Que bacana Michelle!
Haha! Eu também não aguento "vampiros que brilham". Mas adoro uma boa história de vampiro, principalmente as clássicas.
A sua resenha até me deixou com saudades de ler algum livro sobre vampiros... :)
"Deixa ela entrar" assisti ao filme, mas ainda li o livro.
Beijinhos!!
Vi suas respostas lá no blog ; )
Também compartilho da sua fascinação por vampiros. Vi True Blood até o finzinho, mesmo quando a série já estava mais para lá do que para cá. Risos. Mas ainda não li Anne Rice, acredita?
Vampiros em Buenos Aires também seria algo inédito para mim.
Beijo! ^_^
Fiquei hiper curiosa! Vampiros em Buenos Aires! Oh!
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