Oi,
oi, oi!
Em
outubro, sempre faço altas programações com temática de terror, mas obviamente
nem sempre meus planos se concretizam. Queria fazer posts sobre filmes, séries,
livros... Bom, pelo menos vou postar agora cinco filmes de terror dirigidos por
mulheres que vi nas últimas semanas: ‘XX’ (coletânea de 4 diretoras dos
Estados Unidos, Canadá e México), ‘A atração’ (Polônia), ‘Bilocation’
(Japão), ‘Prevenge’ (Inglaterra) e ‘Raw’ (França).
XX
(XX, 2017 – Jovanka Vuckovic, St. Vincent, Roxanne Benjamin, Karyn
Kusama) [Estados Unidos/Canadá/México]
Quatro
histórias de terror que tinham como única exigência, além de uma diretora, ter
uma protagonista feminina. Em ‘The box’ um garoto vê um senhor no metrô
com uma caixa de presente no colo e pede para espiar o que tem dentro. Jamais é
mostrado o que ele viu, mas foi algo que transformou o garoto e, na sequência,
a sua irmãzinha e o pai. Nenhum deles conta à mãe o que havia na caixa e ela,
embora não tenha sido atingida diretamente pelo misterioso conteúdo, tem sua
vida destroçada como consequência. Na segunda história (‘The birthday party’),
temos uma mãe que aparentemente acorda de ressaca no dia da festa de
aniversário à fantasia da filha e começa a ver as coisas distorcidas devido à
pressão, aos efeitos do álcool e ao medo de que todos pensem que ela é um
fiasco como mãe e que descubram a besteira que ela acabou fazendo por acidente.
O terceiro segmento (‘Don’t fall’) traz um grupo de quatro amigos
explorando cavernas e penhascos durante um acampamento em uma área proibida de
um parque. Uma das moças está visivelmente deslocada naquele ambiente e se sente
tensa o tempo todo e, é claro, ela acaba sendo alvo de zombarias. Mas sabem com
o que acontece com engraçadinhos em filmes de terror, não é? Então... bem isso.
A última trama (‘Her only living son’) é sobre uma mãe lidando com a
rebeldia do filho que está completando 18 anos. Em flashback, vamos conhecendo
aos poucos o passado da mãe e seus traumas e logo sabemos que realmente não há
nada que ela não faria por seu rebento. Coincidentemente (ou não) 3 das
histórias têm mães como protagonistas e, embora muita gente ache o filme fraco
ou bobo alegando que não há terror, eu não consigo imaginar pavor maior para as
mães retratadas do que passar pelo que tiveram que passar: ser acusadas de
relapsas e de egoístas, falharem como mães e perderem seus filhos (de forma trágica ou não). No
geral, achei as histórias boas, mas com 20 minutos não dá para fazer milagre em
termos de desenvolvimento dos personagens, né? Ah... ia esquecendo de dizer que
os segmentos são amarrados por uma animação em stop motion bem
macabra da diretora, roteirista, produtora e diretora de arte mexicana Sofía
Carrillo.
Nota:
3,5/5
Jovanka
Vockovic é uma roteirista e diretora canadense conhecida e premiada por
seu trabalho na área de efeitos visuais e eleita duas vezes como uma das
mulheres mais influentes no gênero 'horror'. Seu primeiro filme é o aclamado
curta ‘The capture bird’, e ela tem ainda no currículo de diretora os
curtas ‘The Guest’ e ‘Self Portrait’. St. Vincent (Annie
Erin Clark) é uma cantora, compositora, multi-instrumentista e atriz
americana que estreou na direção com 'XX’. Roxanne Benjamin é
uma atriz, roteirista e cineasta americana que escreveu e dirigiu segmentos em ‘Southbound’
e em ‘XX’, e produziu dois filmes de terror também em segmentos: ‘V/H/S’
e ‘V/H/S/2’. Karyn Kusama é uma diretora americana que
tem no currículo séries de TV e alguns filmes, incluindo ‘Garota Infernal’,
‘Boa de Briga’ e ‘O Convite’.
A
atração (Córki Dancingu/The Lure, 2015 – Agnieszka Smoczynzka) [Polônia]
Musical
polonês de fantasia/terror inspirado em ‘A pequena sereia’ (do Andersen, não da
Disney, OK?). Prateada e Dourada são duas irmãs sereias que um dia são levadas
para servirem de atração em um clube noturno. Lá, elas cantam e encantam a
todos com suas vozes perfeitas e com sua natureza exótica que faz o público
duvidar do que está diante de seus olhos. O problema começa quando uma das
sereias se apaixona pelo rapaz da banda e, cega de amor, coloca a si mesma e à
irmã em risco para se adequar ao ideal de mulher do moço. Bem, você sabem como
isso termina, não? Adorei o filme pelo visual sombrio mesclado com cores fortes
e contrastantes, pelas músicas (não entendo uma palavra de polonês, mas as
melodias ficaram na minha cabeça) e pela representação das sereias como seres
lindos e hipnotizantes, mas que guardam sua natureza animal e primitiva. A
parte triste é ver que a mutilação das mulheres para atingirem uma beleza
impossível que já era retratada nas fábulas continua firme e forte ainda
hoje...
Nota:
4/5
Agnieszka
Smoczynzka é uma roteirista e diretora polonesa que tem um
curta-metragem, um curta documentário e uma série de TV no currículo. 'A
atração' é seu primeiro longa, e atualmente ela tem dois projetos em
pós-produção: o filme ‘Fuga’ e um segmento na coletânea ‘The field
guide to evil’ que trará oito lendas urbanas, dirigidas por oito cineastas
de oito países diferentes. A previsão de lançamento é 2018 e eu já quero muito
ver.
Bilocation
(Bairokêshon/Bilocation, 2013 – Mari Asato) [Japão]
Apesar
do pôster que sugere um filme com uma pegada trash, 'Bilocation' faz
mais a linha de terror psicológico. Na história, acompanhamos uma pintora que
vê num concurso próximo sua última chance de ser reconhecida como artista. Um
dia, no supermercado, ela é acusada de tentar usar uma nota falsa para pagar as
compras, e então é levada por um policial estranho para uma casa misteriosa.
Lá, descobre que estava em uma reunião de vítimas de 'bilocações', definidas
como ‘encarnações simultaneamente existentes’, ou, seja, uma espécie de clones,
mas que tem todas as memórias da pessoa original e que pode, portanto, tomar o
lugar do indivíduo de quem deriva. Confesso que estava achando tudo marromeno
até a metade do filme, mas depois veio a reviravolta que deu um novo
significado para os acontecimentos e me deixou tensa para ver o desfecho. Um
clássico ‘parece, mas não é’. Faz o cérebro travar em alguns momentos, mas vale
a pena, principalmente por não entregar sustos fáceis.
Nota:
4/5
Mari
Asato é uma roteirista e diretora japonesa que, pelo que vi, curte um
terrorzinho. Ela tem 13 filmes como diretora no currículo, incluindo ‘Kidan
Piece of Darkness’, ‘Ring of Curse’ e ‘Fatal Frame’, entre outros.
Prevenge
(Prevenge, 2016 – Alice Lowe) [Inglaterra]
Ruth
(interpretada pela própria Alice Lowe, que estava mesmo esperando um bebê na
época) é uma grávida no sétimo mês de gestação, mas desde as primeiras cenas é
notável que a experiência não está sendo boa para ela. Não dá para sacar de
imediato qual é o problema, mas logo vem a explicação: o pai do bebê morreu há
poucos meses durante uma escalada e, ao que parece, tudo aconteceu por causa de
uma acidente no qual a corda teve que ser cortada para salvar os outros membros
do grupo. Ruth, então, entra numa piração e decide se vingar de todos aqueles
que estavam com o morto naquele fatídico dia. Detalhe: quem estimula Ruth a
agir é o bebê, que dá ordens à mãe com sua vozinha bizarra. Daí que o filme
acaba sendo meio terrir, mas, ainda assim, a diretora consegue retratar
assuntos sérios, como o preconceito contra gestantes no trabalho, o tratamento
nada gentil, e às vezes ofensivo, dispensado às mulheres mais velhas e àquelas
acima do peso, a suposição (nem sempre correta) de que toda gravidez é motivo
de alegria, etc. Achei morbidamente divertido e não totalmente desprovido de
conteúdo – uma combinação interessante.
Nota:
3,5/5
Alice
Lowe é uma atriz, roteirista e diretora inglesa que fez participações
em mais de vinte séries de TV (entre elas ‘The IT Crowd’, ‘Skins’ e ‘Sherlock’)
e atuou em diversos filmes, como ‘Adult life skills’, ‘Locke’ e ‘Chumbo
grosso’, entre outros. ‘Prevenge’ é seu primeiro
longa-metragem como diretora.
Raw
(Grave/Raw, 2016 – Julia Ducournau) [França]
Justine
acaba de entrar na faculdade de veterinária, a carreira que todos de sua
família decidiram seguir. Outra coisa em comum que ela tem com os pais e com a irmã
é o vegetarianismo. Ao chegar à universidade, ela reencontra a irmã, Alex, uma
das veteranas do curso. Tímida, Justine tenta se adaptar àquela rotina de
festas, falta de privacidade, professores mal-humorados e trotes, mas uma das
‘provas’ dos calouros era comer um pedaço de fígado cru de coelho. Obviamente,
Justine se recusa, mas a irmã surge para fazer pressão para que ela coma logo e
não envergonhe a si mesma e à outra. Contrariada, ela come, só que então desenvolve
umas reações muito estranhas que começam com uma coceira desesperadora que
evolui até... bem, não vou contar. Mas achei muito bacana a sacada da
transformação de Justine como metáfora para sua passagem de menina a mulher.
Recomendo fortemente.
Nota:
4/5
Julia
Ducournau é uma diretora e roteirista francesa. Seu curta ‘Junior’ foi
premiado no Festival de Cannes de 2011 e ‘Raw’, seu primeiro
longa-metragem, foi exibido pela primeira vez na Semana dos Críticos do
Festival de Cannes de 2016 – nesse mesmo ano, a obra ganhou o prêmio de Melhor
Primeiro Filme no Festival de Londres.
4 comentários:
Não sou muito fã de terror, mas fiquei bem curiosa para ver alguns desses filmes, principalmente o Prevenge (gosto de coisas estranhas) e Raw.
Lígia,
No Prevenge você acaba rindo porque o bebezinho falando "Vai, mata!" é muito bizarro. O Raw é sério e achei bem interessante. Depois conta se assistiu algum.
Também vi Raw no mês de outubro, como parte da minha maratona de Halloween.
Gostei bastante também.
Carissa,
Raw foi uma alta expectativa que felizmente se confirmou :)
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