terça-feira, 19 de outubro de 2021

Resenha: Carniça


Sai o corvo de Poe, entra o urubu-de-cabeça-preta, tão presente no Brasil. Sai o castelo em ruínas, entra um casebre sertanejo. Ainda assim, a Berê de “Carniça” encontra o mesmo destino que muitas moçoilas dos contos do autor gótico norte-americano: a morte. Seu marido, Jonas, é chegado em bebedeiras e bordel. Quando Berê o confronta e decide ir embora de casa, o sujeito, como tantos outros que consideram a esposa sua propriedade, a mata. Acreditando ter resolvido seu problema, ele segue em frente. Só que, assim como os protagonistas das histórias de Poe, Jonas começa a ser atormentado pela culpa, e um cheiro de carniça o acompanha aonde quer que ele vá.

 

O paralelo entre esses dois universos é excelente, e a arte sombria e gore expressa perfeitamente os horrores de toda a situação. O mais incrível é conseguir contar tão bem uma história assim intensa em apenas 20 páginas. A típica leitura que eu queria que durasse mais. Recomendo fortemente.


Nota: 5/5


(Publicado no Instagram em 17 de outubro de 2021)

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