segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Resenha: Fahrenheit 451 - Graphic Novel (Ray Bradbury e Tim Hamilton)


Em algum lugar não especificado do futuro, os bombeiros, em vez de apagarem o fogo, são responsáveis por queimar todos os livros que encontrarem. Guy Montag é um desses bombeiros. Na profissão há 10 anos, tem orgulho da função que exerce, acha que querosene é perfume e se contenta em seguir ordens sem nunca questioná-las. No entanto, sua perspectiva de mundo muda completamente quando ele conhece Clarisse McClellan, sua nova vizinha de 17 anos. Considerada “doida” por sair para andar sozinha à noite e por não gostar de frequentar os parques de diversões nem de assistir à “parede de imagem”, a menina consegue fazer a conversa com Montag fluir como se fossem velhos amigos. Um dia, ela faz a ele a pergunta que coloca todas as crenças de Montag em xeque: Você é feliz?


“Ele usava a felicidade como uma máscara, mas a garota tinha roubado e fugido com a máscara e já não havia mais como pedi-la de volta”.

A partir desse momento, Montag abre os olhos para o que se passa ao seu redor. Consegue, finalmente, enxergar a triste situação da esposa, que tem constantes overdoses e passa os dias alienada, conversando os “parentes” na “parede de imagem”, uma espécie de TV gigantesca que ocupa todas as paredes do cômodo. Começa a investigar o passado dos bombeiros (eles apagavam mesmo o fogo?), fica incomodado com ações que até então considerava “ossos do ofício” (ele havia queimado recentemente uma senhora que não quis abrir mão de seus livros). Se alguém se dispõe a morrer por esses objetos, eles devem ser realmente importantes...

Durante as investigações de Montag, ficamos sabendo como o emburrecimento e a alienação das pessoas chegou ao ponto de transformar os livros em vilões. A massificação das coisas, o nivelamento por baixo, a falta de envolvimento político, a cultura de massa, a busca pela felicidade sem esforço e o tempo todo... tudo isso partiu do próprio povo e, claro, o governo não só aprovou como passou a incentivar. Afinal, nada mais perigoso que pessoas que pensam por si mesmas, né?

"Fahrenheit 451" já estava na minha lista há muito tempo e eu nem sabia da existência dessa versão graphic novel. Descobri por causa do Desafio Literário e consegui emprestado. Ainda não tive tempo de ler o texto original, mas já vou programar essa leitura para o ano que vem. Não tem como não gostar da história e das ilustrações impressionantes. E não tem como não pensar que o futuro tenebroso mostrado ali já está batendo à porta.

A graphic novel ainda conta com um prefácio de Ray Bradbury, autor da versão original da obra publicada em 1953. Ele conta que a inspiração para o livro surgiu quando, em 1950, ele e um amigo voltavam a pé de um jantar e foram abordados por um guarda, que achou “suspeito” eles caminharem à noite. Essa afronta ao seu direito de cidadão e pedestre acabou se transformando na personagem Clarisse McClellan, a jovem extremamente madura que tinha esse “estranho” hábito de caminhar.

(Clique para ampliar)
Transcrição de trecho das páginas acima:
“Política? Uma coluna, duas frases. Mais esporte para todos, espírito de grupo, alegria. E aí ninguém precisa pensar, certo?”

“Cada vez menos alimento para a mente. As estradas repletas de multidões, indo para algum lugar, para lugar algum. Os refugiados da gasolina”.

Hum... onde será que já vi isso acontecer?

3 comentários:

Luara Cardoso disse...

Oi Michelle!
Eu já ouvi falar sobre o texto original, mas até então não sabia que existia uma Graphic Novel. Eu não sou muito fã das graphics, acabam me restringindo muito quanto ao cenário e coisas assim.
Mas falando sobre o enredo, ele parece ser incrível. Não o considero um livro "futurístico" como muita gente poderia achar, e sim algo que está acontecendo no mundo atual. Tudo bem que não nessas proporções, mas é algo que serve de alerta. :)

Um beijo,
Luara - Estante Vertical

disse...

Olá! Adorei seu blog, muito criativo! Além de ler o livro original, sugiro que você veja o filme Fahrenheit 451, de 1966. Tem bem o clima dos anos 60 e é uma excelente adaptação.
Também tenho um blog e gostaria que vc desse uma olhada. O endereço é: http://www.criticaretro.blogspot.com Passe por lá! Lê ^_^

Michelle disse...

Pois é, Luara!
Eu acho que não descobriria a existência dessa versão se não fosse pelo Desafio Literário. Na verdade, por causa do Desafio, comecei a ler mais esse tipo de livro e tenho gostado bastante. Eu também acho que está bem presente no nosso cotidiano. Poderia parecer um futuro muito distante nos anos 50, quando o texto original foi escrito, mas infelizmente a humanidade caminha mesmo para o buraco.

Oi, Lê!
Obrigada pela visita! Já tenho o filme e o livro original guardadinhos aqui, só esperando uma oportunidade para saírem da fila...rs. Do ano que vem não passa!