terça-feira, 2 de abril de 2013

Mais uma Dose de Psicose: Semana Hitchcock


Dando continuidade à Semana Hitchcock, hoje teremos mais uma dose de “Psicose”. Para começar, o incrível desenho das letras retalhadas criado pelo artista gráfico Tony Paladino encantou Hitchcock e ele quis manter a tipologia no cartaz do filme. Aliás, o pôster do filme já trazia mais uma grande inovação do diretor: atores seminus. Isso na divulgação de um filme comercial americano nos anos 60!
Capa original do livro inspirador / Cartaz de Psicose

Ainda no campo das inovações, “Psicose” foi o primeiro filme a mostrar um vaso sanitário. Mas não apenas mostrar como um componente de cena: a protagonista levanta a tampa do vaso, joga uns papéis e dá a descarga. Jamais um ato tão simples e corriqueiro (e considerado de extremo mau gosto) havia sido mostrado nas telas. A censura, claro, não gostou nada dessa cena, mas Hitch lutou por ela, explicando como seria essencial para o desenrolar da trama. Ponto para ele!

Uma das cenas da discórdia

Outra novidade introduzida por Hitchcock e que mudou radicalmente a forma como assistimos aos filmes foi a proibição da entrada na sala de exibição depois que o filme havia começado. Antes disso, era prática comum as pessoas ficarem circulando pelo saguão, entrando e saindo das salas. Uma das peças do kit de marketing de "Psicose" era um cartaz explicando o motivo da proibição (além da veiculação da mesma mensagem em alto-falantes instalados no saguão dos cinemas).

Cartaz proibindo o entra e sai do público
“O gerente deste cinema foi instruído, sob ameaça de morte, a não admitir ninguém após o início do filme. Quaisquer tentativas espúrias de entrar por portas laterais, saídas de incêndio ou dutos de ventilação serão impedidas à força. Disseram-me que esta é a primeira vez que essas medidas excepcionais estão sendo necessárias (...) mas é a primeira vez que se vê um filme como Psicose.”
(Texto do cartaz traduzido no livro "Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose", página 169)

Um outro ponto que merece destaque são os créditos de abertura, com barras se movimentando na horizontal e na vertical. Vista hoje, a abertura parece bem simples, mas lembre-se de que não havia computadores naquela época. As barras que subiam e desciam foram animadas manualmente, enquanto as barras que se iam de um lado para o outro foram movimentadas mecanicamente sob a câmera. Já imaginaram o trabalhão que deu?

A abertura lendária

“Psicose" é um filme tão importante que até hoje diversos artistas se inspiram nele para criar versões alternativas do cartaz. Separei aqui algumas criações bem bacanas:

Créditos dos cartazes
Da esquerda para a direita (em cima): Joe SpiottoEnzo Lo ReOllie Boyd
Da esquerda para direita (em baixo): Viktor Hertz, Josh MilesOscar del Mar 

E, para finalizar, o trailer de 1960 de "Psicose", apresentado por ninguém mais, ninguém menos que o próprio Hitchcock. Um clássico!


Gostaram? Para quem não viu, o 1o post da Semana Hitchcock foi a resenha de "Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose". Amanhã falo sobre a adaptação do livro para o cinema. Até! 

5 comentários:

Lua Limaverde disse...

Michelle, estou adorando essa semana Hitchcock! Só fui ver esse filme ano passado, acredita? Sempre tive medo de assistir (pois é, sou uma fraca, rs). Beijo!

Angélica Roz disse...

Oi Michelle!

Adorei o post!
Essa do vaso sanitário eu não fazia ideia! Hehe! Algo tão simples e pode se tornar tão polêmico...

Sou fã de Psicose! Mas preciso assistir a outros filmes do Hitchcock. Esse seu post me deixou louca de vontade de fazer pipoca e ver os filmes dele!!

Beijos!

Michelle Borges disse...

Bastante curiosa essa história do vaso sanitário, né? Não sabia...
É uma pena que os diretores não tenham mantido a ideia do Hitchcock de impedir a entrada de quem chega atrasado na sala de cinema. Não tem coisa que me incomode mais do que gente atrasada - ou que deixa para comprar o ingresso cinco minutos antes de a sessão começar - e começa a pedir licença para chegar ao lugar, atrapalhando quem quer assistir aos trailers ou ao início do filme.

Muito boa essa ideia de falar do Hichcock em posts. Me fez ficar ainda com mais vontade de assistir "Psicose" novamente! Vou ver se faço isso no próximo fim de semana :)

Beijos,

Michas
http://michasborges.blogspot.com

Anônimo disse...

Caramba! Que o cara influenciou o gênero do terror e suspense eu já sabia, mas que ele também foi responsável pela forma como os cinemas funcionam hoje eu não fazia ideia!

Puxa, que legal! O poster que mais gostei gou o segundo da segunda linha. :)

Adorei o post! Me deixou com mais vontade ainda de ver Hitchcock!

bjs!

Michelle disse...

Lua,
Muita gente tem medo desse filme, mas é incrível! E perto do que vemos nas telas atualmente, esse é "light". Antes tarde do que nunca, né? Gostou?

Angélica,
Pois é... outros tempos. Que bom que despertei essa vontade. Era essa a ideia ;)

Michas,
Impossível ver esse filme/ler o livro e não ficar com vontade de ver/rever Psicose.
E se o atraso das pessoas hoje em dia já é irritante, imagine naquela época, quando era possível pagar 1 ingresso e ficar entrando e saindo de várias salas o dia todo...

Raíssa,
Achei tanto pôster legal! Foi difícil escolher só alguns, viu?