Lovecraft é referência suprema na literatura de horror e sua influência pode ser percebida também em outros campos da arte: filmes, pinturas, música. Mesmo gostando muito desse gênero literário, não sei por que nunca tinha lido nada do autor. Esta edição da Hedra traz a famosa história de "O Chamado de Cthulhu" e mais seis contos de várias fases de produção do Lovecraft.
Outubro
foi o mês da literatura norte-americana do projeto Volta ao Mundo em 12 Livros e o autor selecionado foi o Lovecraft.
Oportunidade perfeita para eu desenterrar o livro da estante e finalmente
conhecer um pouquinho do escritor. Com expectativa nas nuvens, a chance de
decepção era grande e, de fato, aconteceu.
Pelo
breve contato que tive com a escrita do Lovecraft, pude notar dois estilos
principais dentro do horror: um mais voltado para o inexplicável e
sobrenatural, ilusões e delírios produzidos pelo medo; e outro que trata mais
de mitologia, do espaço, de seres ancestrais e extraterrestres. O primeiro tipo
de história é mais parecido com o trabalho do Edgar Allan Poe, inspiração confessa do Lovecraft, e dessa parte do
livro vêm os meus textos preferidos. Já os contos mais mitológicos não me
agradaram muito. Talvez porque eu não conheça os mitos citados, talvez porque
realmente os questionamentos do tipo "quem somos? de onde viemos? somos os
únicos no universo?" de fato não despertem meu interesse.
Em
todo caso, é inegável a habilidade do Lovecraft de descrever detalhadamente os
ambientes, não só em seu aspecto físico, mas nas sensações provocadas por eles.
Aquilo que os olhos não conseguem ver ganha uma dimensão palpável nas mãos do
autor. Sem dúvida, é um mestre na arte de despertar nos leitores o sentimento
mais primitivo e profundo: o medo. Embora minha primeira experiência com o
trabalho do Lovecraft não tenha sido arrebatadora, quero muito ler outros
textos dele.
Uma
coisa que preciso falar é sobre a edição de bolso da Hedra. Apesar de muito bem
cuidada, do lindo visual das páginas iniciais e finais de fundo preto, dos
textos complementares que nos permitem conhecer um pouco mais do autor e seu
estilo, a fonte absurdamente pequena e com pouco espaçamento foi um problema
para mim. Adoro livros pocket. Acho ideais para carregar na bolsa e ler no
metrô. E foi exatamente isso que fiz com esse livro, mas tive que abandonar a
leitura após algumas páginas. Cansativo demais. Eu não conseguia focar no
texto, me perdia, pulava de uma linha para outra... Acabei deixando para ler em
casa, mas gostaria muito de ter desfrutado do livro nos períodos que passo na
rua. Dá para aumentar o tamanho da fonte e o espaçamento, viu gente? Os livros
da L&PM Pocket estão aí para provar.
“A
coisa mais misericordiosa do mundo é, segundo penso, a incapacidade da mente
humana em correlacionar tudo o que sabe. Vivemos em uma plácida ilha de
ignorância em meio a mares negros de infinitude, e não fomos feitos para ir
longe. As ciências, cada uma empenhando-se em seus próprios desígnios, até
agora nos prejudicaram pouco; mas um dia a compreensão de todo esse conhecimento
dissociado revelará terríveis panoramas da realidade e do pavoroso lugar que
nela ocupamos, de modo que ou enlouqueceremos com a revelação ou então
fugiremos dessa luz fatal em direção à paz e ao sossego de uma nova idade das
trevas.”
(Trecho de 'O Chamado de Cthulhu')
(Trecho de 'O Chamado de Cthulhu')
Para quem não tem medo do escuro. Recomendo!
Este post faz parte do projeto Volta ao Mundo em 12 Livros - Mês de Outubro: H. P. Lovecraft (Estados Unidos). Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do #VAM12L, clique AQUI.
Um comentário:
Terror não é meu gênero preferido. Mas é muito bom saber o olhar crítico de outras pessoas. Você escreve muito bem e deve ter uma bagagem literária muito grande.
Estou te seguindo.
Espero sua visita.
beijos
http://dancadasbolhas.blogspot.com.br/
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