A
história é narrada por Yon Yonson,
ex-combatente americano que escreve o livro “A Cruzada das Crianças” sobre o bombardeio da cidade alemã de
Dresden, no qual morreram 135 mil pessoas (o dobro de mortes causadas pela
bomba de Hiroshima). Como esse fato não teve a divulgação devida nos Estados
Unidos, Yonson, com a ajuda de seu ex-companheiro de exército Bernard O’ Hare, relembra os horrores daquele
tempo e, juntos, visitam o Matadouro 5,
local onde foram feitos prisioneiros de guerra. O livro de Yonson tem como protagonista
Billy Pilgrim, sujeito capaz de
viajar no tempo aleatoriamente, revivendo, assim, diversos períodos de sua
vida.
Billy
Pilgrim foi uma criança e um jovem de aparência esquisita: era alto e magro, e
parecia uma garrafa de Coca-Cola. Foi soldado de guerra, sobreviveu ao
bombardeio de Dresden, foi dispensado, tornou-se optometrista, casou-se, teve
filhos, foi abduzido e levado para o planeta Tralfamador e exibido nu em pelo
no zoológico extraterrestre.
Se
contada assim resumidamente a história já é surreal, nem queiram imaginar o que
foi a leitura. Com capítulos curtos e subdivisões, o livro é rápido de ler, mas
exige boa vontade, principalmente se o leitor, como eu, não é fã de ficção
científica. Acompanhar as viagens no tempo e ainda os delírios de Billy Pilgrim
não foi fácil, mas teve momentos de crítica divertidos, como, por exemplo, a
parte que fala sobre o “Evangelho do
Espaço Sideral”, que reproduzo parcialmente abaixo:
“O visitante do espaço realizava um estudo
muito sério da cristandade para tentar compreender por que os cristãos achavam
tão simples ser cruel. Ele concluiu que pelo menos parte do problema era o modo
de narrar descuidado do Novo Testamento. Supunha que o objetivo dos Evangelhos
era ensinar as pessoas, entre outras coisas, a serem misericordiosas, até mesmo
com o pior dos piores.
Mas os Evangelhos, na verdade, ensinavam o
seguinte:
Antes
de matar alguém, tenha certeza de que ele não é bem relacionado.
Coisas da vida.”
(páginas
114-115)
Matadouro 5 é um livro metalinguístico
(narra uma história dentro da outra) e também autobiográfico, já que Kurt Vonnegut, assim como seus
personagens, também é um sobrevivente da guerra na Alemanha. Com seu estilo
único, a obra tornou o escritor mundialmente famoso. Indico para fãs de ficção
científica e de viagens alucinógenas, ou para aqueles que querem simplesmente
sair da zona de conforto e conhecer novos estilos literários.
Este
post faz parte do Desafio Literário 2012
- Tema de Junho: Viagem no Tempo. Para ver
minha lista de livros selecionados e outras resenhas já postadas, CLIQUE AQUI.
6 comentários:
é bem interessante ...
Mi, esse vai-e-vem confuso que parece ser a tônica do livro chega a algum lugar??
Hm não sei. A parte da citação é muito divertida, mas o livro no geral não me agradou. Não curto muito livros tão viajados assim (porque eu sempre fico sem entender, hehe) e, apesar de adorar livros sobre guerras, principalmente na Alemanha, esse ai não é meu estilo, não sei porque.
Beijos.
Júlia,
Achei que o ponto principal do livro era fazer críticas à sociedade, e nisso obtém êxito. A história em si fica em segundo plano.
Gabi,
Como eu disse, também não gosto de ficção científica. Achei válido para conhecer o gênero, mas provavelmente não escolheria o livro por livre e espontânea vontade.
Pulei da outra resenha pra essa. O Kurt Vonnegut é um que eu tenho ouvido falar nos últimos tempos e tava com vontade conhecer alguma coisa. Não imaginava que esse livro era tão louco assim oO e que fixação com viagem no tempo ;x
Aproveitando aqui, que eu esqueci de falar lá na outra. Eu tinha esquecido totalmente das minhocas! Obrigada por falar lá, porque fez muito mais sentido assim. HUAHA Eu já tava no novo "poxa, tudo bem que tem umas pontas soltas, mas isso é um furo..."
Não vou dizer que não tenho receio de lê-lo, tenho sim, pois não é minha praia. Mas, gosto de sair da zona de conforto. ;)
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