quinta-feira, 5 de julho de 2012

Dobradinha Nacional: Assalto ao Banco Central / VIPs


Esta semana assisti a dois filmes nacionais que estão passando direto no Telecine: Assalto ao Banco Central e VIPs, ambos baseados em histórias reais.

Assalto ao Banco Central é baseado no caso verídico ocorrido entre 6 e 7 de agosto de 2005, no Ceará. Um bando de criminosos se une em torno de um elaborado plano que levou 3 meses para ser executado e teve como saldo o roubo de aproximadamente 164 milhões de reais, configurando o maior roubo a banco do Brasil e o segundo maior do mundo. Dessa quantia, apenas 20 milhões foram recuperados até hoje.


No filme, o cérebro por trás do plano mirabolante é Barão (Milhem Cortaz) que, junto com sua mulher, Carla (Hermila Guedes), começa a reunir os membros do grupo para tirar o plano do papel, entre eles Mineiro (Eriberto Leão), o rostinho bonito que acabara de sair da prisão, Doutor (Tonico Pereira), o engenheiro do bando, Tatu (Gero Camilo), o mestre-de-obras, e Léo (Heitor Martinez), ex-policial corrupto afastado da corporação. Com a equipe montada, eles criam uma empresa de fachada que supostamente vende grama sintética e colocam o plano em andamento. No núcleo policial, temos Chico Amorim (Lima Duarte), delegado encarregado do caso, e Giulia Gam (Telma Monteiro), especialista em perícia criminal.

Com um tema desses, o filme deveria ter ação, certo? Errado. A história tinha tudo para ser daquelas de prender a atenção do início ao fim, mas infelizmente não é o que acontece. As cenas de escolha dos membros da quadrilha são intercaladas com cenas pós-descoberta do roubo, trechos da escavação do túnel são alternados com fragmentos da investigação e do interrogatório e, de alguma forma, isso acaba fazendo com que o filme perca o ritmo. A narrativa truncada é uma ótima forma de se contar uma história, mas neste caso não funcionou. Outra coisa que me incomodou muito foi a trilha sonora, que achei equivocada na maioria das cenas.

No fim, a trama é arrastada e os personagens não são cativantes. Em um filme de polícia e bandido, o mínimo que se espera é que o espectador se identifique e torça por um dos times, mas a única coisa que senti foi indiferença. O único personagem que acabou me surpreendendo foi o Doutor, que considerei o mais irritante no desenrolar da história, mas que, no final, mostrou sua verdadeira cara. Uma pena que um filme que poderia ser um excelente exemplo de cinema de ação nacional não tenha conseguido nem chegar perto disso.

Na sequência, assisti a VIPs, inspirado no livro VIPs: Histórias Reais de um Mundo Mentiroso, que conta a vida do estelionatário Marcelo Nascimento da Rocha, que se passou por muitas pessoas, inclusive por filho do dono da companhia aérea GOL.

No filme, Marcelo é interpretado por Wagner Moura e tem como companhia constante o piloto de avião (Norival Rizzo), o pai imaginário idealizado por ele. O filme mostra três fases principais de Marcelo: a adolescência, quando era conhecido como Bizarro e já apresentava o hábito de imitar colegas de classe e professores; o início da vida adulta, quando sai de casa determinado a ser um piloto de avião e se transforma no personagem Carrera; e no fim, quando decide ser "alguém" na vida e finge ser Henrique Constantino, filho do dono da GOL.

A pressão para “ser alguém” é algo que sua mãe, uma simples cabeleireira de bairro, vive enfatizando. Por isso, ao sair de casa para fazer um curso de pilotagem e ver seu sonho sendo adiado mais e mais, Marcelo não pensa duas vezes ao começar a trabalhar para um importante chefão do narcotráfico paraguaio, realizando assim seu sonho de voar, ainda que por pouco tempo. A fase do Carrera é a minha preferida, quando ainda não estava evidente o lado estelionatário de Marcelo, quando suas ações pareciam ser apenas atos de rebeldia juvenil para alcançar os objetivos.

Depois, ao voltar para casa e decidir ter o sucesso a qualquer preço, dá para ver o quanto o cara era frio e perturbado (mas ainda assim, bom para caramba em mentir e fingir). Nessa parte do filme, o que mais me admirou não foram todas as artimanhas do protagonista, e sim a imensa capacidade de fingimento e puxa-saquismo dos outros envolvidos, a gigantesca vontade de agradar pessoas ricas e influentes, pois mesmo sem ser reconhecido imediatamente, bastou uma pessoa dizer que Marcelo era Henrique Constantino e todos ao redor começaram a bajulá-lo. A única a perceber o golpe foi Sandra (Arieta Corrêa), que conhecia o tal Henrique desde criança. No entanto, ela fica fascinada com as invenções de Marcelo e decide dar corda a ele, para ver até onde a mentira poderia ir.

VIPs também é um filme problemático, com cortes abruptos, muita informação para pouco tempo de história, mas se sai melhor que o outro nacional comentado aqui. Grande parte do bom resultado se deve ao Wagner Moura, claro. Não é daqueles imperdíveis, mas serve como passatempo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Acredita que um dos assaltantes do Banco Central estudou na minha sala quando eu era criança? Pois é, e ele era um garoto comum que nos emprestava quadrinhos. Vai ver ele leu muito as histórias dos Irmãos Metralha assaltando o Tio Patinhas, rs. Beijo!

Michelle disse...

Sério? Hahaha... pode ser.
bjo

Cartaz Amarelo disse...

Oi Michelle!
Desses eu vi o VIPs e concordo com vc, o filme tem uma trama interessante mas é cheio de falhas e se não fosse a atuação do Wagner seria um filme muito ruim. Li uma crítica sobre esse filme do assalto e dizia a mesma coisa que vc ressaltou: q falta ação no filme, tem até umas falhas graves de continuidade nas cenas e tals.
Na falta de filmes bons, não sei se vc já viu 'o homem que copiava', eu gosto bastante.
Bju

Michelle disse...

O Homem que Copiava é bem legal.
Boa lembrança.

Unknown disse...

VIPs realmente empolga muito mais pela atuação de Wagner e pela história real que o inspirou, do que pelo filme em si. De qualquer forma, eu achei legal, "assistível".
Citaram o Homem que Copiava, né!? Excelente filme...
e o Assalto eu não vi.
abraço