sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carnaval Literário - Livros para ler em 1 dia

Oi, pessoal!


Carnaval chegando e, para muita gente que não curte a folia, é o momento ideal para descansar e botar em dia a leitura. No post de hoje, indico 5 livrinhos daqueles para se ler em 1 dia. E tem para todo gosto: infantil, terror adolescente, romance, thriller e peça de teatro.

Os Livros que Devoraram Meu Pai (Afonso Cruz) [Portugal]


Esta história delicinha é narrada por Elias Bonfim, um garoto que herda uma biblioteca e inicia uma busca pelo pai, que sumiu nas páginas de um livro enquanto lia escondido do chefe. Em sua aventura, Elias vai coletando pistas do paradeiro do pai nos grandes clássicos da literatura, tendo como fiel escudeiro o cão Prendick.

Como não gostar de uma história que fala sobre livros? E ainda é contada com a imaginação, perspicácia e curiosidade típicas da infância! Foi meu primeiro contato com a escrita do português Afonso Cruz e fiquei encantada. Um livro para ler e reler sempre. Em qualquer idade.



“Para uns, a raiz é a parte invisível que permite à árvore crescer. Para mim, raiz é a parte invisível que a impede de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro defeituoso”.

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Garota Infernal (Audrey Nixon – com base no roteiro de Diablo Cody) [Estados Unidos]

Depois de sobreviver ao incêndio da noite anterior, que arrasou o bar onde a banda indie “Low Shoulder” se apresentava, Anita/ "Needy" chega em casa cansada, ferida e preocupada com a melhor amiga, Jennifer, que escapou da tragédia, mas se enfiou no macabro furgão da banda e desapareceu. Quando, horas mais tarde, Needy dá de cara com Jennifer coberta de sangue em sua própria cozinha, fica aliviada por ver que a amiga estava viva, mas nem faz ideia do quanto sua BFF estava diferente.

Decidi conferir o livro, baseado no filme de 2009, por pura curiosidade. A história mostra como a relação entre duas melhores amigas com personalidade opostas (Needy – a CDF, sem graça, madura, que vive tirando a outra de enrascadas e não percebe que é usada; e Jenny – a gostosona, cheerleader, popular, que morre de inveja da BFF) se deteriora quando o tal evento do parágrafo acima acontece. Não posso falar muito porque não quero dar spoilers, mas achei um bom passatempo, embora não chegue aos pés do filme (que tem como ponto forte a excelente trilha sonora). Indico para fãs de YA sobrenatural.

“O amor que se sela na caixa de areia nunca morre”.

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Acabadora (Michela Murgia) [Itália]

Na Sardenha dos anos 50, época de recursos escassos, era comum que as famílias mais pobres e com muitos filhos doassem os caçulas a quem tivesse interesse e melhores condições de criá-los. Maria Listru é uma dessas crianças que, aos seis anos, vira “filha d’alma” da solitária costureira Bonaria Urrai. Desde muito pequena, Maria aprende a lidar com os segredos e com a constante presença da morte, mas descobrir que a mulher que a criara era uma “acabadora” gera muitas dúvidas e acusações à mãe adotiva. Como lidar com tantas emoções conflitantes?

Acompanhamos a história da garotinha que era apenas mais uma criança de uma grande e miserável família e se transforma na única filha de uma senhora misteriosa, trabalhadora e muito respeitada por um dom que Maria não entende. Ao mesmo tempo em que tenta compreender sua relação com a mulher a quem continua chamando de ‘tia’, Maria experimenta novas sensações e transformações da adolescência. Para ela, nada mais é como costumava ser. Uma narrativa simples e delicada, que fala das dificuldades para se colocar no lugar do outro e aceitar o desconhecido, além do desabrochar de sentimentos novos. Recomendo muito.

“Para um homem que aspira ao respeito dos outros, as coisas boas podem até ser gratuitas, mas as ruins devem ser sempre necessárias”.

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O Invasor (Marçal Aquino) [Brasil]

Estevão é sócio majoritário de uma construtora onde trabalham Ivan e Alaor, seus amigos desde os tempos da faculdade e sócios da empresa. Desgostosos com o rumo que os negócios estavam tomando graças à administração excessivamente metódica de Estevão, os outros dois decidem contratar um matador profissional para eliminá-lo. Quem assume o serviço sujo é Anísio, sujeito observador e persuasivo que, aos poucos, começa e se infiltrar na empresa e na vida da dupla que o contratou.

Eu adoro o filme e foi uma grata surpresa descobrir que o livro que serviu de base para a adaptação já trazia em suas páginas as mesmas características que fazem da versão cinematográfica uma ótima história: a linguagem simples e coloquial, a paranoia desenvolvida por Ivan, as intrigas e mistérios, a ganância, a inveja, a traição. O Anísio do livro é fisicamente bem diferente daquele encarnado por Paulo Miklos (que, aliás, foi o que continuei imaginando durante toda a leitura), mas a personalidade marcante é a mesma. Para quem curte thrillers psicológicos, indico esse ótimo representante brasuca.

“O sinal de pedestres abriu e ele me olhou uma última vez, antes de atravessar a Paulista, desviando-se das pessoas que caminhavam apressadas em sentido contrário. Cada um com suas tatuagens e suas histórias para contar ou esconder”.

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Anjo Negro (Nelson Rodrigues) [Brasil]

Ismael é um negro que tem vergonha e raiva de sua própria cor. Por isso, se casa com a linda Virgínia, branca. Só que o casal vive sob a influência de uma maldição: todos os filhos que nascem morrem ainda crianças. No dia do enterro do terceiro filho, aparece na propriedade do casal o meio-irmão (branco e cego) de Ismael, que faz revelações assombrosas sobre o passado de ambos e desencadeia um ciúme doentio do já violento marido de Virgínia.

Como todo texto de Nelson Rodrigues, este também trata de assuntos polêmicos: racismo, estupro, incesto, traição e, por meio de personagens peculiares e suas ações extremadas, o autor faz duras críticas à hipócrita sociedade brasileira. Escrito em 1946, “Anjo Negro” sofreu com a censura por 2 anos antes de ser finalmente publicado. Pesado, tenso, provocante. Uma daquelas histórias que causam indignação e repulsa durante a leitura, exaurem suas forças, ficam martelando na memória por dias depois que a última página é virada. Muito bom.

“Meu corpo é teu, já foi teu, será teu mil vezes. Mas, pelo amor de Deus, não faça perguntas!... Esquece o que houve, tudo o que houve, tudo. Porque hoje – você não vê, não sente? – eu estou amorosa ou quase...”.

Bom feriado! ;)

7 comentários:

Anônimo disse...

Já li A Acabadora. É ótimooooooooo!

Bom Carnaval!

Pipa disse...

Da sua lista eu tenho O Invasor e Acabadora, mas ainda não li. Quem sabe não aproveito a oportunidade do carnaval, né? Esse do Afonso Cruz ainda não consegui encontrar para comprar, mas estou com dois outros dele aqui para ler.
Obrigada pelas dicas!

beijo e bom carnaval!
Pipa

Anna disse...

MiG, eu tb gostei muito de Acabadora, mais ainda da escrita da Michela. Tenho essa edição de O Invasor, mas não sei o que fazer, pois veio faltando um monte de páginas... ;( E quero muito ler os livros que devoraram meu pai, acho que vou adorar a história! ;o) Vou ver se termino hoje Dentro de ti ver o mar, da Inês Pedrosa e programar leituras mais levinhas pra sair da ressaca que durou todo esse mês! ;)

Xerinhos, lindeza! ♥

mm amarelo disse...

Não vai ter feriado para mim, Michelle, mas adorei suas indicações. Essa coleção "Má companhia" está chamando minha atenção ultimamente, é tão fofinha e baratinha, he he. Agora o do Afonso Cruz acabou de virar uma obsessão - adoro livros que falam de livros <3

beijo grande,
Maira

Claudia Leonardi disse...

Ah, Mi
Quero ler todos...rsrsrs
Estao na lista, adorei!
Bjks mil e um otimo carnaval

Lígia disse...

Gostei das dicas! Tenho muita vontade de ler Os livros que devoraram meu pai, gosto de livros sobre livros. Nunca tinha ouvido falar de Acabadora, parece muito interessante.

Michelle disse...

Ouseviver,
A Acabadora foi uma escolha aleatória muito feliz.

Pipa,
Esse do Afonso Cruz comprei em uma daquelas promoções doidas do Submarino ou da Saraiva. É muito fofo!

Paty,
Verdade. A escrita da Michela é uma delícia. Sobre a falta de páginas, você já entrou em contato com a editora? Geralmente, elas trocam. E ainda não li nada da Ines Pedrosa. Preciso corrigir isso.

Maira,
Foi o primeiro que li dessa coleção, mas gostei. Adoro livros pocket! E livro sobre livros é tentação demais para os amantes de literatura, né?

Clau,
Se quiser algum, me fala que eu te levo, OK?

Lígia,
Se você é apaixonada por livros, não tem como não adorar o livro do Afonso Cruz.