August Pullman – Auggie para os íntimos – é um garoto que sofre de uma doença
genética extremamente rara que deforma seu rosto. Aos 10 anos de idade, ele já
passou por mais cirurgias do que qualquer pessoa enfrenta ao longo de toda a
vida. Por causa de todas essas intervenções, ele nunca pôde frequentar a
escola. Mas finalmente chegou a hora de Auggie deixar o ninho. Sua missão, no
entanto, não será nada fácil: convencer as outras crianças de que por baixo de
seu rosto assustador existe um garoto inteligente e divertido - um menino
normal como qualquer outro.
Começar
em uma escola nova não é fácil pra ninguém: um local estranho, cheio de pessoas
desconhecidas, professores novos... Todo mundo se sente ansioso, com medo de
não ser aceito, de não fazer amigos, de se transformar em alvo de zombaria.
Imaginem então como foi para o Auggie, que teve que superar todas essas
dificuldades e ainda lidar com o preconceito.
Uma
das coisas que mais gostei em “Extraordinário”
é que, embora Auggie seja o protagonista, não conhecemos apenas o lado dele da
história: somos brindados também com os pontos de vista de seus novos amigos da
escola, de sua irmã mais velha, do novo namorado da irmã e também de uma amiga
de infância da irmã. Conforme esses personagens nos contam como é sua relação
com Auggie, vamos percebendo as características que os uniram, como lidaram com
a aparência diferente do menino e, o mais importante: notamos que todo mundo
tem seus medos e inseguranças, seus defeitos pequenos ou grandes; o que muda,
em essência, é a forma como cada pessoa resolve reage diante deles.
Auggie
é um garoto de sorte. Embora não tenha sido agraciado com um rosto bonito,
felizmente nasceu em uma família muito amorosa que, inclusive, se transforma no
porto-seguro de vários de seus amigos e da irmã, Olivia. Aliás, tenho que dizer que, dentre todos os capítulos do
livro, o que mais mexeu comigo foi o da irmã. Sofri ao vê-la falar sobre
o quanto gostava do irmão, sobre tudo de que abriu mão por amor a ele,
sobre sua condição permanente de invisibilidade. Achei muito triste e bonito ao
mesmo tempo. É lógico que quando há alguém doente que requer tantos cuidados na
família, tudo acaba girando em torno dessa pessoa, mas imaginei o quanto deve
ter sido difícil para Olivia ficar sempre à margem, afinal ela também era apenas uma
criança.
Mas
não fiquem pensando que o livro é depressivo, não! Apesar de tratar de um
assunto sério, a escrita da R. J. Palacio
é uma delícia, superdescontraída e cheia de referências pop. E, sendo um livro com
protagonista infantil que se passa predominantemente em ambiente escolar, é
recheado de histórias engraçadas, disputas entre turmas, surgimento da atração
pelo sexo oposto, aventuras de férias...
“Extraordinário” é uma história de
amizade, empatia e gentileza. É sobre a tênue linha que separa a curiosidade
normal pelo que é diferente e a crueldade infantil. É sobre adultos que agem como bebês contrariados e crianças que amadurecem cedo. É sobre as fragilidades de
cada um, sobre o que nos torna comuns e especiais ao mesmo tempo.
“Para mim, o Halloween é a melhor festa do mundo. Melhor até que o Natal. Posso usar fantasia. Usar máscara. Posso andar por aí como qualquer outra criança fantasiada e ninguém me acha estranho. Ninguém olha para mim duas vezes. Ninguém me nota. Ninguém me reconhece. Eu gostaria que todos os dias fossem Halloween. Poderíamos ficar mascarados o tempo todo. Então andaríamos por aí e conheceríamos as pessoas antes de saber como elas são sem máscara”.
Comovente e divertido na medida exata. Recomendo fortemente!
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A Intrínseca lançou recentemente, em
e-book, “O Capítulo do Julian”, no
qual ficamos conhecendo a história pela ótica do garoto que foi
selecionado para dar as boas-vindas ao Auggie, mas que acaba se transformando
em seu perseguidor mais ferrenho.
Ver
as coisas de um ângulo diferente é sempre interessante. Embora Julian tenha,
sim, sido cruel com August, a leitura do capítulo complementar nos mostra o que
o levou a agir de tal forma com o aluno novo, conhecemos seus pontos fracos e
até nos compadecemos em certa altura. Foi ótimo ver a transformação de menino
mimado e birrento em um garoto que aprende a assumir responsabilidades e a
pedir desculpas. O capítulo novo poderia perfeitamente ser incluído nas novas
edições de “Extraordinário”.
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Para
quem se encantou com os preceitos do Sr. Browne, também há novidades: “365 Dias Extraordinários”, com novas
frases inspiradoras. Como o próprio professor diria: "Quando tiver que escolher
entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil".
6 comentários:
Auggie é amor!
Impossível não se emocionar com esse livro. E olha que nem sou de chorar lendo, só se o texto for bom mesmo kkkk...
Achei essa leitura uma lição. Ser diferente já é difícil por si só. Aí quando essa diferença é física, evidente e, ainda por cima, em uma criança... É um aprendizado diário lidar com isso. A autora foi muito sensível na história, sem ser piegas.
E sobre o Julian, eu imaginava mesmo que parte do comportamento dele é decorrência da (não-)educação em casa. É bem comum ver pais ausentes, negligentes ou mesmo desorientados, perdidos... e esse comportamento reflete nos filhos. Quero muito ler esse capítulo e concordo que podia ser incluído nas próximas edições!
Ah! Michele. Eu nem lembrei dele para este mês, e eu tenho ele no Kobo há algum tempo, e bota tempo nisto, porque tem um tempão que não compro nada para o brinquedinho. (rs)
Sempre achei que era um livro triste.
Esse livro está na minha lista de "quero muito ler, mas não sei por que ainda não li". Parece ser muito bom :)
Amo Extraordinário com todo o meu coração <3
Esse livro me ensinou tanta coisa, me fez ser uma pessoa melhor, Auggie é um garoto que me cativou muito com seu coração lindo.
Ainda não li O Capítulo do Julian, mas preciso muito ler, de verdade!
Essa é uma daquelas leituras que eu recomendaria pra todo mundo, haha.
Beijos!
Oi, Mi, tenho a impressão de que gostarei de Extraordinário. Sua resenha me deixou mais curiosa... Acho que vou le-lo até o final do ano
Bjs
Li Extraordinário no começo do ano e amei!! Apesar do tema ser pesado, falar de bulling, preconceito, achei um livro leve! Daqueles que, quando termina, a alma fica leve, dá uma sensação gostosa.
Não sabia desse capítulo do Julian, vou procurar! Seu blog é excelente! Parabéns!!!
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