Durante
uma viagem dos pais, Kendra e seu
irmão, Seth, vão passar férias na
casa dos avós paternos, com os quais haviam tido pouco contato. Certas de que
passariam dias entediantes, as crianças se surpreendem com a grande
propriedade, que contava com uma casa antiga - porém bem conservada, uma
piscina tentadora, um enorme jardim colorido e um quarto especialmente
preparado para eles, no sótão, cheio de brinquedos e enigmas criados pelo avô.
A única recomendação do velhinho havia sido: “não entrem na floresta”, mas, obviamente, falar isso para uma
criança é o mesmo que dizer o contrário, não é mesmo? Portanto, é desobedecendo
à ordem do avô que Kendra e Seth passam a conhecer os segredos de Fablehaven, a floresta mágica que serve
de santuário para diversas criaturas místicas.
Fantasia
é um gênero literário que não leio muito. Histórias repletas de seres
encantados, como fadas, duendes, bruxas e dragões não costumam me atrair.
Geralmente me envolvo mais nesse tipo de narrativa quando estão presentes o
terror, fantasmas e alucinações. Histórias infantis também me parecem adequadas
para esses tipos de seres mágicos. Então, quando uma amiga, que também não é
leitora constante de fantasia, postou uma resenha bem positiva e encorajadora
sobre “Fablehaven”, fiquei curiosa e decidi ler. A surpresa não poderia ter
sido melhor!
O
livro é uma delícia, daqueles perfeitos para se ler nas férias ou até mesmo em
um fim de semana, devorando as páginas com urgência para saber o que acontece
em seguida com a dupla de garotos teimosos que perturba o delicado equilíbrio
de um reino mágico habitado por seres encantadores e fofos, mas também por
monstros perigosos e letais. A escrita é fluida, a ambientação é instigante e
os personagens são interessantes. Claro que na vida real um garoto desobediente
como Seth me daria nos nervos, mas suas atitudes impulsivas são fundamentais
para desencadear os grandes eventos do livro – sem suas transgressões não
haveria história.
O
bacana é que, para compensar o comportamento destemido e questionador de Seth,
Kendra é apresentada como a irmã mais velha típica: inteligente, calma, educada
e responsável. Seu papel é sempre o da "chata" que não quer
participar das aventuras do irmão, o que faz com que ela fique como uma espécie
de coadjuvante até a parte final, quando sua importância real é revelada e ela
se transforma em heroína.
No
fundo, “Fablehaven” fala do relacionamento entre os irmãos, de desobediência e
suas consequências, de respeito, da importância da diversidade de seres – mesmo
que alguns pareçam insignificantes ou até mesmo maus. É uma história
infantojuvenil que apresenta um universo tão rico que nos leva de volta à
infância, retratando as férias ideais que qualquer criança gostaria de viver.
“Fablehaven”
é uma série de 5 livros, lançados nos Estados Unidos entre 2006 e 2010 – todos
já traduzidos para o português. Em 2013, o autor anunciou um “spin-off” de mais
5 livros, ou seja, uma nova série derivada da primeira, com os mesmos
personagens e no mesmo universo, mas que pode ser lida de forma independente. A
nova série se chamará “DragonWatch” e tem lançamento previsto para 2016 (nos
Estados Unidos). Além disso, os direitos de “Fablehaven” foram comprados e o
filme até já estava em pré-produção, mas atualmente está tudo suspenso.
“A
maldição da mortalidade. Você passa a primeira porção de sua vida aprendendo,
ficando mais forte, mais capaz. E então, sem que você tenha culpa alguma, seu
corpo começa a falhar. Você regride. Membros fortes tornam-se frágeis, sentidos
aguçados ficam lerdos, a firmeza do corpo se deteriora. A beleza murcha. Os
órgãos param de funcionar. Você lembra de seu corpo no auge e imagina para onde
foi essa pessoa. Enquanto sua sabedoria e sua experiência estão no auge, seu
corpo traiçoeiro torna-se uma prisão.”
Uma
aventura encantadora e misteriosa, com cenas que fazem rir e outras que
suspendem a respiração. Para os mais jovens e também para os já crescidos que
procuram a nostalgia da infância.
4 comentários:
Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!! Amei a resenha!!! É exatamente!!! Fico muito feliz de vc ter gostado (sempre dá um medinho quando indicamos um livro, né?)
Sobre a mortalidade: é exatamente isso. Quando finalmente entendemos nosso propósito, paramos de dar murro em ponta de faca, compreendemos nosso caminho, puff, nosso corpo não pode mais nos acompanhar. Triste, viu?
Oi Michele,
Atpe eu que também não sou fã de fantasia, adoro esse livro.
O Seth me dá nos nervos,kkkkk mas ele é fundamental na história.
Assim que puder leia o restante da série, o Seth continua aprontando.
bjs
Oi, Michelle! Eu amo livros de fantasia. Fiquei com os olhos saltitando de curiosidade, quando li a sinopse. Sempre me envolvo com histórias que misturam casa antiga, floresta proibida e cenário misterioso. :p
Bjs ;)
Deve ser legal - eu gosto bem de umas criaturas fantásticas!
Estava vendo na livraria outro dia um livro chamado Condenada, de Palahniuk e achei a sua cara... você já leu?
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