No dia de seu assassinato, Santiago Nasar acordou cedo, colocou sua roupa de linho branco, e saiu apressado para ver o bispo, que chegaria ao povoado de navio e de lá daria as bênçãos à população. Era uma segunda-feira e muitos moradores ainda se recuperavam da festança de casamento ocorrida na véspera. Da morte anunciada muitos sabiam e havia sinais por toda parte, mas ninguém pôde impedir a tragédia.
A
história é narrada por um primo de
Santiago, não nomeado, que, mais de 20 anos após o ocorrido, resolve fazer uma
investigação por conta própria para esclarecer algumas dúvidas. Assim, começa a
entrevistar os envolvidos, os parentes, vizinhos, amigos e qualquer pessoa da
região que pudesse colaborar com informações. O resultado é uma história
fragmentada, na qual vamos encaixando as peças do quebra-cabeça aos poucos e,
sendo contada a partir da memória de várias pessoas, os relatos muitas vezes
contradizem uns aos outros (alguns entrevistados diziam que era uma manhã de
sol; outros que o dia estava chuvoso).
O
fato é que muita gente sabia que Santiago corria perigo, mas ninguém fez nada para evitar o pior. Alguns duvidavam que as ameaças dos matadores se concretizassem,
outros acreditavam que Santiago saberia se virar muito bem com suas habilidades
de caçador e havia ainda os que achavam que ele seria avisado por outras
pessoas, já que muitas estavam cientes do plano dos assassinos. Nem mesmo a mãe de
Santiago, conhecida por seus talentos de interpretação de sonhos alheios, foi
capaz de antever nos constantes sonhos com árvores narrados pelo filho a desgraça que o aguardava.
Como em outros trabalhos do Gabo, aqui também está presente o toque do fantástico, não só nos sonhos premonitórios, mas também nos sinais que muitos ignoraram, como a mudança de rotina de Santiago (que nunca usava a porta principal da casa, mas que naquele dia fatídico resolveu passar por ali – e foi onde morreu). Em comum com outros livros do autor, “Crônica de uma Morte Anunciada” também traz personagens melancólicos e infelizes, que parecem ter sido amaldiçoados. A tragédia de Santiago foi apenas o desfecho de um outro evento desgraçado ocorrido na madrugada de domingo para segunda: a devolução da noiva que acabara de se casar.
Como em outros trabalhos do Gabo, aqui também está presente o toque do fantástico, não só nos sonhos premonitórios, mas também nos sinais que muitos ignoraram, como a mudança de rotina de Santiago (que nunca usava a porta principal da casa, mas que naquele dia fatídico resolveu passar por ali – e foi onde morreu). Em comum com outros livros do autor, “Crônica de uma Morte Anunciada” também traz personagens melancólicos e infelizes, que parecem ter sido amaldiçoados. A tragédia de Santiago foi apenas o desfecho de um outro evento desgraçado ocorrido na madrugada de domingo para segunda: a devolução da noiva que acabara de se casar.
Resumindo,
a história é uma série de desventuras de personagens fadados à tristeza e à
solidão (por falar nisso, o livro menciona o coronel Aureliano Buendía, de “Cem
Anos de Solidão”). O que mais gostei é que, embora a história seja trágica,
é contada de forma tão singela e evoca imagens tão bonitas que, ao terminar a
leitura, uma sensação de leveza foi o que ficou.
“Na
janela de uma casa em frente ao mar, bordando à máquina na hora mais quente,
havia uma mulher de meio-luto com óculos de arame e cãs amarelas, e sobre sua
cabeça estava pendurada uma gaiola com um canário que não parava de cantar.
Vendo-a assim, dentro do marco idílico da janela, não quis acreditar que aquela
mulher fosse quem eu pensava, porque me recusava a admitir que a vida acabasse
por parecer tanto à má literatura. Mas era ela: Ângela Vicário 23 anos depois
do drama.”
Este post faz parte do projeto Volta ao Mundo em 12 Livros - Mês de Novembro: Gabriel García Márquez (Colômbia). Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do #VAM12L, clique AQUI.
6 comentários:
Preciso ler Gabo. Tem um tempo que comprei "Cem anos de solidão", mas ainda não senti vontade/coragem de ler. :(
Desde então estou procurando outro livro dele e acho que encontrei.
Sabia muito pouco do livro, mas agora sei o suficiente para iniciar a leitura.
Estou colocando no kindle now!
Beijos! :)
www.livroecafe.com
"embora a história seja trágica, é contada de forma tão singela e evoca imagens tão bonitas que, ao terminar a leitura, uma sensação de leveza foi o que ficou. "
Li há uns dois anos e tive impressão parecida com a sua.
:)
Oie Mi
eu sou louca para ler qualquer obra desse autor. Quase comprei um box dele nessa BF, mas não foi dessa vez.
Gostei do tema que ele aborda nesse livro. Não sei porque, mas tragédias e personagens infelizes mexem comigo.
bjos
www.mybooklit.com
Uma das minhas maiores dividas literárias é com a obra do Gabo, o que li dele gostei demais, mas li pouquissimas coisas, esse livro é um dos quero ler dele em breve.
bjo
Jeniffer,
Cem Anos de Solidão é incrível, mas é o tipo de leitura que não adianta forçar; tem que estar no clima. Fico feliz em ter te ajudado a escolher outro título do Gabo. Depois quer saber o que achou ;)
Aline,
Ah... você me entendeu!
Jacque,
Eu tenho queda por personagens desesperançados. Vai entender, né?
Mel,
Eu li alguns e quero sempre mais. Acho que você vai curtir esse :)
Se vc leu isso em 2026 é pq vc tava precisando de um resumo pq tava com preguiça de ler esse livro(foi o meu caso \3\)
Postar um comentário