sábado, 14 de novembro de 2015

Filme: Magical Girl


O filme começa em uma sala de aula. Uma menina estava passando um bilhetinho enquanto o professor falava e ele percebe. Pede então para a garota ler o bilhete (que falava mal dele) e lhe entregar – só que o papelzinho havia sumido. Corta para uma garota dançando uma música japonesa em frente ao espelho. A garota desmaia. Corta para um homem vendendo livros por quilo, que logo ficamos sabendo que é o pai da criança desmaiada. Ela tem pouco tempo de vida; ele está disposto a fazer o impossível e o impossível para vê-la feliz em seus últimos dias. E assim tem início a trama que eu imaginei que seguiria pelo caminho da superação, mas que me surpreendeu por enveredar por vielas bem mais escuras.


Alícia, a menina doente, tem leucemia. Em seu diário, há um desejo: um vestido da série de anime “Magic Girl Yukiko” feito por uma estilista famosa. Luís, o pai, lê aquilo e decide que ela terá o que quer. Mesmo que a peça custe uma fortuna e que ele esteja desempregado e vendendo seus queridos livros para sobreviver. Ele se empenha em levantar a grana, mas falha constantemente. Até que o acaso faz com que ele encontre Bárbara, uma mulher com transtorno mental com um passado misterioso. Essa seria a oportunidade ideal para a mudança iluminada que tornaria a vida de ambos mais feliz. Isso se esse filme fosse óbvio. Como não é o caso, a história começa a tomar um rumo inesperado.


Até o momento em que o caminho de Luís cruza com o de Bárbara, eu estava achando que essa seria apenas mais uma produção a utilizar o recurso de histórias paralelas que se entrelaçam de algum modo e que focaria na busca de Luís para satisfazer a filha doente; que seria uma história sobre como o acaso muda o destino das pessoas; sobre perda e superação. Nada disso. Talvez eu tenha sido induzida ao erro pelo título original em inglês, "Magical Girl", que, juntamente com o cartaz fofo que traz a roupa da personagem de "Magical Girl Yukiko", sugere essa subtrama como a principal. Se eu tivesse visto o cartaz e o título em espanhol primeiro (La Niña de Fuego”), talvez percebesse o peso da outra subtrama. Quem sabe a ideia fosse surpreender mesmo. Não sei.


Em todo caso, foi um equívoco positivo: o filme se mostrou um thriller cujo foco não era só o da menina doente e do pai esforçado; não usou o estilo ‘triste, porém leve’ digno da “Sessão da Tarde” (o que não significa que eu não goste desses filmes); tampouco virou um superdrama que arranca lágrimas no final. Para minha surpresa, a trama é mais sobre as escolhas que fazemos e como elas afetam os outros. Mas não só: fala de desespero; do que fazemos por amor; de mentiras, chantagens e segredos; de como julgamos as pessoas sem conhecer o outro lado da história; de como até mesmo as ações bem-intencionadas às vezes acabam resultando em desastre.


Só sei que escolhi esse filme porque estava a fim de ver algo para relaxar e, quando menos esperava, levei um soco na cara. De triste por causa da garota doente e do pai aflito, fui ficando cada vez mais angustiada com o rumo que a história foi tomando. Desde o início estava claro que Bárbara tinha problemas, mas eu não imaginava o quão sombrio eles eram. Nem que ela mergulharia tão fundo em seu passado doloroso. Fiquei muito satisfeita ao ver que, na última cena, tudo se encaixa perfeitamente. Até uma história lá do comecinho que parecia ter ficado meio perdida no meio de tantos acontecimentos.

Acabei não relaxando com minha escolha, mas não me arrependo. Sofri, mas foi ótimo!


Trailer legendado:

3 comentários:

Lígia disse...

Nunca tinha ouvido falar do filme, mas parece ótimo! Adoro filmes angustiantes e achei legal a menina gostar de anime, haha.

Claudia Leonardi disse...

Hummm, muito interessante.
Não conhecia, mas já está na minha lista
Bjks mil

www.blogdaclauo.com

Michelle disse...

Lígia,
Fui ver achando que era uma coisa, e era outra. Mas foi maravilhoso mesmo assim. E, pra você que curte animes, tem mais esse ponto positivo ;)

Clau,
Decidi ver totalmente no instinto e me surpreendi. Veja sim!