Os dois filmes do post de hoje se passam no mesmo período histórico: Década de 60, Luta pelos Direitos Civis, Estados Unidos.
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O primeiro deles, “Histórias Cruzadas” (The Help), é baseado no livro “The Help” da escritora Kathryn Stockett, cujo título em português é “A Resposta”, e concorre ao Oscar 2012 nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Viola Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain e Octavia Spencer). A história se passa no Mississipi, no início dos anos 60. Eugenia ‘Skeeter’ Phelan (Emma Stone) terminou a faculdade e quer ser escritora. Quando surge uma vaga para responder cartas com conselhos domésticos no jornal regional, ela não deixa a oportunidade escapar, embora não tenha nenhum conhecimento sobre tais afazeres. Tentando achar seu lugar em uma sociedade que preparava as moças brancas apenas para o casamento e as negras para os cuidados domésticos nos lares de patroas brancas, Skeeter vê a chance de conseguir alavancar a carreira de escritora e, de quebra, ter um papel sociopolítico relevante ao decidir narrar histórias do cotidiano das empregadas domésticas negras.
Inicialmente, Skeeter conta com os testemunhos de Aibileen (Viola Davis), que trabalha na casa de uma amiga e que passa a ser a verdadeira real protagonista da história, tornando-se símbolo da opressão que as mulheres negras sofriam. Mãe de um filho que morreu jovem, Aibeleen representa todas as empregadas, que criavam os filhos das patroas, limpavam a casa e cozinhavam e não podiam nem ao menos usar o mesmo banheiro que o resto da família. Toda maldade das patroas brancas é personificada em Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), que maltratava não só os criados como também a própria mãe esclerosada (Sissy Spaceck), o que acaba gerando uma sensacional vingança por parte da ex-empregada Missy (Octavia Spencer), a segunda colaboradora a embarcar no projeto de Skeeter.
O racismo e a violência contra a população negra que lutava por seus direitos são mostrados como pano de fundo, mas nem por isso deixam de ser importantes. Apesar do tema pesado e das histórias muitas vezes tristes compartilhadas pelas empregadas, há também momentos hilários, em que elas comentam maldosamente sobre falhas dos patrões. Outra personagem que merece destaque é Celia Foote (Jessica Chastain), no papel da forasteira rejeitada pelas mulheres locais por vestir-se e comportar-se de um modo que não estava de acordo com os “padrões”. Como se vê, o diretor Tate Taylor consegue abordar não só o preconceito racial, mas também aquele contra mulheres que decidem não seguir a cartilha das regras sociais e que, ainda hoje, mais de 50 anos depois, continuam sendo estigmatizadas por suas escolhas.
“Coragem não é apenas sobre ser corajoso; é desafiar o que é certo apesar da fraqueza da nossa carne”.
Pregação do pastor da igreja frequentada por Aibileen e amigas
VENCEDOR DO OSCAR 2012 NA CATEGORIA: Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer)
VENCEDOR DO OSCAR 2012 NA CATEGORIA: Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer)
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O segundo filme é o maravilhoso “A Vida Secreta das Abelhas” (The Secret Life of Bees), lançado em 2008 e também baseado em livro (mesmo título, da escritora Sue Monk Kidd). Devido à péssima divulgação, só conheci o filme por acaso e, desde então, estou atrás do livro. A trama se desenvolve em 1964, na Carolina do Sul, logo após a instituição dos Direitos Civis.
Lily Owens (Dakota Fanning) é uma garota de 14 anos atormentada por ter matado acidentalmente a própria mãe e que tem uma relação complicada com o pai, T. Ray (Paul Bettany). Um evento violento contra sua empregada negra/única amiga Rosaleen (Jennifer Hudson) acaba sendo a gota d’água, e Lily decide fugir de casa com a empregada a reboque para descobrir mais sobre seu passado. Sua única pista é uma foto antiga com o nome de uma pequena cidade do interior escrito no verso. Ao chegar à cidadezinha, Lily e Rosaleen vão parar no apiário de August, June e May Boatwright, papéis de Queen Latifah, Alicia Keys e Sophie Okonedo, respectivamente. Lá, as duas são acolhidas pelas irmãs Boatwright e conhecem, então, o verdadeiro sentido da palavra família. Mas por que será que August, a irmã mais velha, decidiu acolher aquelas fugitivas? Como se descobre mais adiante, August conhece mais do passado de Lily do que ela mesma.
As três irmãs têm personalidades completamente diferentes: August é a “mãezona”, encarregada de lidar com as abelhas, é ela quem apresenta a Lily esse mundo fascinante; May é superssensível, presenciou a morte da irmã gêmea e tem problemas para lidar com o peso do mundo, por isso alivia sua angústia em pequenos pedaços de papel que coloca em fendas do muro das lamentações criado especialmente para ela; June é a mais rígida, mais ativa politicamente e mais moderna, sofre por não ceder e assumir o noivado. Outro personagem importante é Zach Taylor (Tristan Wilds), sobrinho (ou seria afilhado?) de August que está sempre pela fazenda. Ele e Lily desenvolvem uma amizade bonita que tem um quê de primeiro amor. Um dia, ao irem ao cinema e cometerem a “afronta” de sentarem-se juntos (como em quase todos os locais, havia uma parte destinada aos brancos e outra aos negros), desencadeiam uma série de eventos infelizes, que culminam em tragédia na família Boatwright, fazendo com que Lily se sinta ainda pior consigo mesma.
Assim como acontece em “Histórias Cruzadas”, este filme também consegue abordar temas diversos como relações familiares, amizade, amor, religiosidade e preconceito racial, tudo com uma delicadeza ímpar. Ver o diferente com outros olhos e enxergar além do que é mostrado. Pequenos detalhes que fazem uma diferença e tanto...
“Uma abelha operária pesa menos que uma pétala de flor, mas ela pode voar carregando um peso maior que o dela” .
May Boatwright
7 comentários:
Já li outra resenha de Histórias Cruzadas em um blog hoje, que também falava super bem dele. stou curiosa pra ler, e você me lembrou que quero ler há tempos o Vida secreta das abelhas. Ouvi falar sobre ele, mas de um tempo pra cá, parou. Deve ser um filme tão bom, e as pessoas não divulgam. Ah, e eu adoro a Dakota Fanning *-*
Beijos.
Eu adoro a Dakota tb, Gabi! Tão jovem e tão talentosa!
Michelle, deixei um selinho pra vc no blog, mas só depois vi que vc já tinha o selinho..rs
bjs
Histórias Cruzadas eu vi, adorei e até comentei lá no blog para o "Rumo ao Oscar". O outro eu ouvi falar muito, mas não tinha ideia de sobre o que era, acabei não assistindo. Mas agora me animou, acho que vou procurar. :B
OI! Pois, eu só agora vi a resposta. Bem, em relação àquele filme, eu queria saber se ela morreu mesmo. porque vieram umas imagens pelo meio que não entendi. Ou seja, Apareceu a imagem dela a morrer e posteriormente, apareceram imagens que não tinham aparecido inicialmente, de quando eram amigos. Não sei se me estou a fazer entender...
Beijinhos!
Só assisti o "A Vida Secreta", passou na tv esses dias. :) Gostei muito mesmo, apesar de ter achado a personagem da Dakota um pouco estranha (achei ela muito bem resolvida pra alguém que se culpa pela morte da mãe... ._.).
Histórias cruzadas eu quero muito ver, mas tô com medo de ficar fazendo ressalvas demais, sabe? Do tipo "ok, ela escreveu sobre a vida das empregadas, mas é a história dos negros sendo relatada por uma mulher branca..." E espero que esse diretor seja mais peitudo, porque Hollywood sempre acaba sendo muito caretinha na hora de produzir filmes com esse assunto,sabe? A maioria deles, acaba parecendo uma "desculpa" dos EUA por tudo que já aconteceu de ruim... ENFIM! XD~ Quero ver esse filme de cabeça livre, de coração aberto, mesmo porque a galera tá falando bastante bem dele. ._.
Muito bom o post! :D Bjs!
Ah... Pois, então a minha suposição bateu certo. É pena que tenha :D
Beijinhos
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