Oi,
gente!
Como
eu havia prometido, aqui está o post sobre a injustiça cometida ao premiar
“Rango" como Melhor Longa Animado no Oscar 2012. Dos 5 indicados nessa
categoria, vi 4, e vou fazer algumas observações.
O
Gato de Botas (Puss in Boots)
Conta
as aventuras do Gato de Botas antes de conhecer Shrek. Dublado na versão
original por Antonio Banderas, nosso herói é envolvido em intrigas por seu
“irmão” Humpty Dumpty (Zach Galfianakis) e tem que provar sua inocência. No
caminho, visita alguns contos infantis, como “João e o Pé de Feijão”,
apaixona-se pela sedutora Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek) e tem que enfrentar os
fora-da-lei Jack (Billy Bob-Thorton) e Jill (Amy Sedaris).
O
filme não é nem de longe tão engraçado quanto o primeiro Shrek, mas também não é
tão vergonhoso quanto os últimos daquela franquia. Tem algumas cenas
impagáveis, como a disputa de dança entre o Gato de Botas e Kitty Pata-Mansa.
Como vi a versão dublada, infelizmente não pude analisar o trabalho dos
dubladores originais (que admiro muito), mas a dublagem nacional é muito boa. No
geral, um bom passatempo, mas sem nada de extraordinário para figurar em uma
competição como o Oscar.
Rango (Rango)
Rango (Johnny Depp, na versão original) é um camaleão
em crise que morava na cidade grande e que, após cair do porta-malas no meio da
estrada, vai parar em uma cidadezinha chamada Poeira, perdida no deserto de
Mojave, na Califórnia. Uma série de mal-entendidos faz com que Rango seja
considerado um herói em Poeira, e ele logo assume o cargo de xerife e passa a enfrentar vários inimigos, em uma luta de poder pelo domínio da água, o bem mais
precioso do local.
A cena inicial do filme é hilária, com Rango exercendo
seu dom de ator ao encenar um filme fictício com um peixinho de corda e uma Barbie aos pedaços,
alheio à realidade e protegido por seu aquário. E essa, que era a grande promessa do filme, não se concretizou. Rango também se apoiou (e muito) no nome de Johnny Depp para atrair espectadores. Vi
a versão legendada e posso dizer que a dublagem de Depp é boa, e só. Com exceção do próprio Rango e das corujas mariachis agourentas, o filme
não tem personagens apaixonantes e a história não é muito bem desenvolvida.
Também não há nada de inovador na técnica de animação ou no modo como a
história foi contada. Resumindo, um filme mediano, bem inferior a muitas
animações vistas ultimamente, e que, mesmo assim, levou o prêmio. Fazendo uma
comparação, “Rio” teria sido um concorrente muito melhor.
Um Gato em Paris (Une Vie de Chat)
Este eu já havia assistido bem antes das indicações em
uma mostra de cinema infantil e feito um post no blog. Para facilitar, vou
repetir o texto aqui.
“Um gato em Paris” conta a história de Dino, um gato que passa os dias na
casa de Zoé, uma menininha que está numa fase de mudez causada pelo assassinato
de seu pai por um dos bandidos mais procurados de Paris, Victor Costa. A mãe de
Zoé é a delegada que fica mais tempo no trabalho do que em casa, buscando
desesperadamente prender o tal bandido para vingar-se e conseguir paz. À noite,
o gato Dino sai pelos telhados da cidade luz acompanhando Nico, um ladrão
habilidoso e de bom coração.
A animação tradicional é linda, e ver Paris em traços tão bonitos é maravilhoso. A história aborda temas como perda, superação e amizade, e o mais interessante é que, ao contrário da maioria dos desenhos endereçados ao público infantil, não vemos no filme “o mal absoluto” vs “o bem que sempre vence”. As pessoas são mostradas como realmente são, com suas falhas e suas qualidades, sem super-heróis e vilões. Pela abordagem realista dos fatos em uma animação infantil, acho inovador e só isso já qualificaria o filme como um concorrente mais forte ao Oscar 2012.
A animação tradicional é linda, e ver Paris em traços tão bonitos é maravilhoso. A história aborda temas como perda, superação e amizade, e o mais interessante é que, ao contrário da maioria dos desenhos endereçados ao público infantil, não vemos no filme “o mal absoluto” vs “o bem que sempre vence”. As pessoas são mostradas como realmente são, com suas falhas e suas qualidades, sem super-heróis e vilões. Pela abordagem realista dos fatos em uma animação infantil, acho inovador e só isso já qualificaria o filme como um concorrente mais forte ao Oscar 2012.
E, por fim, o meu favorito.
Chico e Rita (Chico &
Rita)
Filme do cineasta espanhol Fernando Trueba, conta a história de
Chico, jovem pianista de jazz, e Rita, linda garota cuja aspiração é ser
cantora. O filme é contado em flashback, e começa quando Chico, agora com idade
avançada, ouve no rádio a canção que compôs para Rita quando se conheceram em
um baile em Havana, e com a qual venceram um concurso musical. Ele relembra esse
primeiro momento, quando se apaixonou por Rita, todos os encontros e
desencontros que tiveram e os dias de fama e decadência na carreira de ambos.
Vivendo agora como engraxate em Cuba, não contava com um convite inesperado de
uma cantora famosa para gravar uma música, que reacende a velha chama da paixão
e muda seu destino.
A
animação é linda. O visual delicado lembra, em algumas cenas, aquele visto em “As bicicletas de
Belleville” e, como no referido filme, aqui também a música é protagonista. Dá
gosto observar as diferenças de tons entre as cenas ensolaradas de Cuba e os
cenários cinzentos e nevados de Nova York. Apesar de ser animação, o filme é
destinado a adultos, pois contém cenas de sexo e nudez, além de uma boa dose de
xingamentos que fariam corar o mestre Walt Disney. Outro aspecto importante é a
crítica social. O estilo de vida cubano é mostrado sem pudores, com os turistas
desfrutando do que o país tem de melhor e os habitantes sendo relegados ao
segundo plano, sem contar a prostituição rolando solta, para alegria dos
gringos e complementação da renda dos moradores locais. Nas partes que se
passam nos Estados Unidos, a crítica continua: o preconceito racial denunciado
em “Histórias Cruzadas”, com negros tendo que sentar-se no fundo dos ônibus e
sendo obrigados a usar a saída dos fundos dos estabelecimentos e banheiros
separados, também é mencionado aqui. Em certos Estados, como em Las Vegas, os
artistas negros podiam se apresentar em hotéis luxuosos para diversão das
pessoas brancas, mas eram obrigados a dormir em motéis baratos fora da cidade.
O trailer do filme
está AQUI. E para quem, como eu, perdeu a oportunidade de ver o filme no Anima
Mundi, ainda dá para baixar AQUI e AQUI. Aproveitem!
E vocês, já
assistiram algum desses? Qual merecia ganhar, na sua opinião?
8 comentários:
A ausência de Tintim (e talvez Rio)
talvez tenha sido a maior injustiça.
Pois é...
Acho que Rio era mais filme que Rango.
Quanto a Tintim, ainda não vi, mas não entrou na disputa porque tecnicamente não é animação, e sim captura de imagem. Os critérios de definição de captura de imagem foram atualizados em 2010. Veja aqui: http://www.oscars.org/press/pressreleases/2010/20100708.html
Digo, captura de movimento ;)
Oi, Michelle :) Eu ainda não vi nenhuma das quatro animações.
Qse assisti "Gato de Botas" qdo fui ao cine, mas acabei optando por outro filme.
Eu quero conferir "Um Gato em Paris" e "Chico e Rita".
Eu assisti "Rio" e amei. Pra mim, foi uma das melhores animações que já vi. Sem dúvida, deveria ter concorrido à melhor categoria de animação.
Bjs ;)
Mi, sinceramente dá até uma dorzinha no peito de ver isso. Achei muito mais que injustiça...
Como eu disse lá no outro, não vi nenhum desses, mas deu pra entender por que o Chico e Rita não ganhou. Acho que um não-americano criticando a América não é muito conveniente. HUAH
E acho que já até disse aqui, não gostei nem um pouco dessa propaganda de Rango apoiada no Johnny Depp. É legal ver que teve mais gente reparando nisso HUAHA
É verdade. A academia deve pensar: "Não basta esses gringos já terem uma categoria só para eles, ainda querem vir criticar nosso país em outras categorias?".
Putz Mi, dos indicados só vi Gato de Botas e ainda bem que este não levou. Achei bem fraco e chato, juro! Só gostei de algumas cenas. E ó, nem o Bento não gostou, parou de ver na metade!
Quero ver Gato em Paris. Vou fuçar os links que vc deixou!
bjos
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