sexta-feira, 6 de abril de 2012

E o tema é. . . Filmes Orientais (1) - Dramas/Romances


Inspirada pelo tema de abril do Desafio Literário 2012: Escritores Orientais, fiz um Top 5 com filmes orientais. E foi difícil, viu? Esse é um dos gêneros cinematográficos de que mais gosto. Como o tema engloba muita coisa, pois como “oriental” entende-se japoneses, chineses, coreanos, tailandeses, indianos etc, vou trazer um Top 5 toda sexta de abril. Para começar, meus 5 favoritos de todos os tempos na categoria drama/romance. Assisti a esses filmes há anos. O que os fez merecer um lugar no Top five de prediletos é que, mesmo após tanto tempo, os personagens e seus respectivos dramas continuam bem vivos na minha memória e só de lembrar já sinto um nó na garganta. Ah sim... romances/dramas orientais sempre acabam em tragédia. Não há spoiler nenhum nisso.

Dolls (Dolls, 2002)
Quando eu penso em "filme asiático", é este que vem à minha mente. São três histórias sobre amores infinitos, inatingíveis e eternos inspiradas no teatro bunraku, também chamado de ningyo joruri, uma forma clássica de teatro japonês. São peças com fantoches nas quais pessoas escondidas com vestes negras manipulam bonecos no palco. Em uma das histórias conhecemos Hiro (Tatsuya Mihashi), um líder da Yakuza que está mal de saúde e volta ao parque em que abandonou a mulher (Chieko Matsubara) 30 anos atrás, quando optou por uma vida de fama e de dinheiro. Em outra, somos apresentados a Nukui (Tsutomu Takeshige), um controlador de trânsito que toma uma atitude extrema depois que sua cantora favorita, Haruna (Kyôko Fukada), sofre um acidente e passa a viver isolada do mundo exterior e dos fãs. Por fim, acompanhamos o casal principal do filme vagando por ruas e estradas unido por uma corda. Ele, Matsumoto (Hidetoshi Nishijima) é pressionado pela família a abandonar a namorada, Sawako (Miho Kanno), em troca de um casamento de conveniência que lhe trará grandes benefícios profissionais. Porém, após a tentativa de suicídio de Sawako, Nishijima sente-se culpado e tenta desesperadamente reparar as consequências da sua decisão. Paisagens magníficas em cores vivas, com a passagem do tempo indicada pelas estações do ano. Impossível não se emocionar com este que é o último filme do japonês Takeshi Kitano.

Primavera, verão, outono, inverno e... primavera (Bom yeoreum gaeul gyeoul geurigo bom, 2003)
Em um templo flutuante vivem um monge idoso (Yeong-su Oh) e seu discípulo (vivido por 4 atores diferentes: Jong-ho Kim (criança), Jae-Kyeong (menino), Young-min Kim (jovem) e Ki-duk Kim (adulto)). Acompanhamos, com as mudanças de estações, o crescimento físico e o desenvolvimento espiritual do garoto. Somos espectadores de todas as suas fases, desde as crueldades infantis contra os animais (duramente repreendidas pelo monge), seu aprendizado a partir dos próprios erros, seus sofrimentos e paixões despertadas quando, já crescido, uma jovem (Yeo-jin Ha) chega ao templo para ser curada. Todo seu conhecimento de mundo será colocado à prova quando o novo monge entra em contato com sentimentos que até então desconhecia: ciúme e obsessão. Em uma paisagem maravilhosa, o filme tem poucos diálogos e pode ser cansativo para pessoas habituadas somente a perseguições e tiros para todo lado. No entanto, a natureza tem seu ritmo e isso é respeitado nesta pérola do sul-coreano Ki-duk Kim.

Lanternas Vermelhas (Da hong deng long gao gao gua/Raise of red lanterns, 1991)
Na década de 20, após a morte do pai, a jovem Songlian (Li Gong) encontra-se em uma situação financeira muito ruim. Então, é obrigada a abandonar a faculdade e a casar-se com senhor rico que não conhecia. No entanto, esse senhor chamado de “mestre” (Jingwu Ma) já possui três esposas, que são chamadas de “irmãs”, e cada uma delas mora em uma casa separada dentro de seu enorme palácio. As irmãs de Songlian são: Yuru (Shuyuan Jin), a primeira esposa e mãe do primogênito do mestre, atualmente ignorada por ele por causa da idade; Zhuoyan (Cuifen Cao), a segunda esposa, que está na faixa dos 40 anos e acha que ainda pode dar um filho homem ao mestre, para compensar a filha que lhe deu anteriormente; Meishan (Saifei He), terceira esposa, ex-cantora de ópera, se gaba por ser mãe de um garoto. A competição entre as esposas é dura e elas estão sempre tramando alguma coisa para serem escolhidas para passar a noite com o mestre, já que a eleita recebe um tratamento especial e em sua casa são penduradas lanternas vermelhas para indicar o privilégio. Além de ter que aguentar o ciúme, a inveja e as vinganças das outras irmãs, Songlian ainda tem que enfrentar o descontentamento da criada Yan’er (Lin Kong), que pretendia tomar seu lugar. Aqui também, como nos filmes acima, as estações do ano têm um papel fundamental e representam as quatro esposas e seus papéis na vida do mestre. Esse é apenas um dos filmes do diretor chinês Zhang Yimou, presença constante na minha lista de filmes memoráveis.

Samsara (Samsara, 2001)
“Como impedir que uma gota d’água desapareça ao sol?”. Com esse questionamento em mente, somos apresentados a Tashi (Shawn Ku), um jovem monge tibetano que, depois de passar três anos recluso meditando, é resgatado por seus companheiros e levado de volta ao monastério. O retorno à rotina do templo e os recorrentes sonhos eróticos fazem com que Tashi perceba que o tempo que passou meditando não eliminou seus instintos mais primitivos. Atraído por Pema (Christy Chung), filha de um agricultor local, e seguindo o exemplo de Buda, que só alcançou a perfeição aos 29 anos, depois de experimentar a vida ordinária, ele decide viver a vida mundana e vai para a cidade para trabalhar, casar-se e formar uma família. Mas a vida ordinária tem suas armadilhas, e Tashi percebe isso ao ceder aos encantos de Sajata (Neelesha BaVora), uma camponesa migrante. Reavaliando seus atos, Tashi percebe que a vida do homem comum pode ser muito mais complexa e difícil que o caminho espiritual. O filme vale a pena porque, além das lindas paisagens das montanhas que separam a Índia do Tibete, a história também nos apresenta o dilema dos desejos sexuais de monges, assunto raramente ou nunca abordado no cinema. Lindo filme do indiano Pan Nalin.

O tigre e o dragão (Wo hu cang long/Crouching Tiger, Hidden Dragon, 2000)
A trama é sobre a lendária espada chamada “Destino Verde”, que é entregue ao Senhor Te (Sihung Lung) pelo guerreiro em crise existencial Li Mu Bai (Chow Yun-Fat) por meio de sua amiga e também guerreira Shue Lien (Michelle Yeoh). Porém, depois da entrega, a espada é roubada na mesma época em que Te recebe a visita do governador Yu (Fa Zeng Li) e de sua filha Jen (Zhang Ziyi). Como se descobre adiante, a autora do roubo é a Raposa Jade (Pei-pei Cheng), tutora da princesa Jen. Ao saber disso, Li Mu Bai decide vingar-se da Raposa, pois ela havia assassinado seu mestre anos atrás. As belas coreografias das lutas dos personagens, que saem voando por telhados, dançam sobre árvores e andam sobre as águas, fazem o filme. Para apreciar a beleza da história, é essencial ter isso na cabeça e não ficar pensando o tempo todo que seria impossível se mover daquele jeito. Este é o único deste Top 5 que não é um drama/romance. Está na lista não por preferência, mas por ser a obra que apresentou esse estilo asiático de fantasia aos ocidentais, que, em sua maioria, achavam que a produção da China se resumia a filmes de Bruce Lee e Jackie Chan. O filme do cineasta Ang Lee teve sua importância internacionalmente reconhecida com 4 Oscars (Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora) e 2 Globos de Ouro (Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor). Quem curte o estilo não pode deixar de ver O clã das adagas voadoras (Shi mian mai fu/ House of flying daggers) e Herói (Ying xiong/ Hero/ Jet Li's Hero).

6 comentários:

Anônimo disse...

Também AMO filmes orientais! *-* Desses que você listou, eu só vi Dolls e O Tigre e o Dragão... Quero muito ver Lanternas Vermelhas e Samsara, que ouvi falar bem. Já assistiu Amor à Flor da Pele? É lindo!! Um colega me indicou uma vez, gostei tanto que até comprei! XD

bjs!

Nice disse...

Michelle....cada vez percebo o quanto é inteligente...dos filmes que você citou, não assisti Dolls e Samsara...e vou tratar de assistí-los logo...eu adoro todos os outros. Linda postagem

Anônimo disse...

Dos 5 eu só não assisti Samsara. Eu tenho uma atração muito grande por filmes orientais, nesta lista eu teria acrescentado algum do Kurosawa, que eu adoro. Beijo!

Michelle disse...

Raíssa,
Ainda não vi esse, mas é lógico que vou assistir!

Nice,
Assista sim! Certeza que você vai adorar!

Lua,
Kurosawa não pode ficar de fora. Ele vai aparecer por aqui em alguma sexta-feira deste mês. É só esperar..

Sarah disse...

Adoro tb!! Vc já viu Clã das Adagas Voadoras? Eu AMO, tenho em DVD, a fotografia é linda...
Quero assistir Dolls!! Que foto de capa incrível!
bjos

Michelle disse...

Vi sim. Maravilhoso! Só não coloquei aqui porque já tem o Lanternas Vermelhas do Zhang Yimou.
Ah... Dolls. Não é só a capa. Dá uma procurada nas imagens do filme e você vai babar.
bjo