E finalmente chegamos ao último TOP 5 Filmes Orientais. Hoje apresento cinco diretores obrigatórios quando se fala em cinema asiático. Não importa se têm uma longa filmografia ou apenas um longa de sucesso; o que conta é que tiveram seus nomes marcados para sempre na história do cinema.
Rashomon / Rashomon, 1950
O
filme começa mostrando três homens abrigados da chuva em uma construção em
ruínas. Eles conversam sobre um assassinato e um estupro ocorridos na floresta.
Acompanhamos em flashback o relato dos fatos por quatro pessoas diferentes: o
lenhador, que foi testemunha e depôs no palácio de justiça e agora conta aos
outros homens uma versão diferente da oficial; o assassino tarado chamado
Tajomaru; a mulher estuprada, que era esposa do samurai assassinado; e o
próprio samurai morto dá sua versão do acontecido por meio de um médium. Cada
personagem conta uma história diferente e os relatos contradizem uns aos
outros. A pergunta que fica é: O que aconteceu de verdade? Rashomon é
considerado o filme que apresentou Akira Kurosawa ao Ocidente. O longa ganhou
vários prêmios pelo mundo afora e é tão importante que, em muitas línguas, o
termo “Rashomon” tornou-se sinônimo de situação conflituosa em que é difícil
checar a veracidade dos fatos. O termo “Efeito Rashomon” também é usado na
psicologia com relação aos conceitos de percepção e perspectiva. A obra é
frequentemente referenciada em outros trabalhos no cinema e na TV. Para se ter
uma ideia da simbologia do filme e de sua influência em outros filmes e
seriados, basta dar uma olhada na página do filme na Wikipédia.
Comer, Beber, Viver / Yin Shi Nan Nu / Eat
Drink Man Woman, 1994
A
história se passa em Taipei. Entre pratos e panelas, vamos familiarizando-nos com
os dramas do chef Chu e de suas três filhas. Ele é um chef renomado prestes a
se aposentar e enfrenta um pesadelo: está perdendo o paladar. Além disso, ao se
reunirem em torno da mesa farta que ele prepara aos fins de semana, ele sempre
tenta fazer um comunicado, mas suas filhas tagarelas só se importam em revelar
seus próprios problemas e decisões. A mais velha, Jia-Jen, é uma professora de
química e católica fervorosa. Com uma grande decepção amorosa no currículo, ela
vê o tempo passando e percebe que provavelmente não encontrará um novo amor, e
que seu destino será ficar em casa e cuidar do pai idoso. A filha do meio é
Jia-Chien, executiva de uma companhia aérea que não suporta mais morar com o
pai e quer sair de casa para ter seu próprio apartamento. Suas atitudes de
mulher independente geram inveja na irmã mais velha e inspiração na irmã mais
nova. Tem um relacionamento aberto com o ex-namorado e está interessada em um
colega de trabalho. Guarda ressentimento do pai por ele nunca tê-la deixado cozinhar.
Por fim, Jia-Ning, é a irmã mais nova, estudante que trabalha em uma lanchonete
fast food e acaba se envolvendo com o
namorado da melhor amiga. Com uma delicadeza ímpar, o diretor Ang Lee aborda
questões universais, como relacionamentos amorosos e familiares. A sequência
inicial em que o chef Chu prepara um banquete para a refeição familiar do fim
de semana é de encher os olhos e dar água na boca. Juro que consegui até
imaginar os aromas vindos daquelas panelas!
Akira / Akira, 1988
Baseado
no mangá de mesmo nome, o filme se passa na cidade de Neo-Tóquio, 30 anos após
a Terceira Guerra Mundial que destruiu a antiga Tóquio. Acompanhamos Akira, uma
criança com superpoderes resultantes de um projeto governamental secreto, e
também Tetsuo, o membro mais novo de uma das gangues de motoqueiros locais, que
acaba envolvido em um acidente com Akira. O acidente desperta os poderes
latentes de Tetsuo, o que acaba tendo consequências desastrosas para as
relações pessoais de Tetsuo e também para a cidade, que passa por um novo
incidente. Um clássico do cyberpunk
que trata da alienação da juventude, da corrupção do governo, do uso abusivo
do poderio militar e das forças de resistência contra o regime opressor. Um dos
mangás mais famosos do mundo e uma das primeiras animações japonesas a invadir
o Ocidente e abrir as portas para os animes. Ponto para Katsushiro Ôtomo,
criador do mangá e diretor da animação.
A Viagem de Chihiro / Sen to Chihiro No
Kamikakushi / Spirited Away, 2001
Chihiro
é uma menina mimada de 10 anos, daquelas que acham que o mundo gira ao seu
redor. Ao saber que os pais estão de mudança para outra cidade, fica brava e
começa a agir de forma insolente, pois não queria deixar para trás seus amigos.
Na viagem, ao pegarem um atalho, eles acabam se perdendo e dando de cara com um
estranho prédio com um túnel bocejante. Mesmo contrariada, Chihiro segue os
pais túnel adentro. No interior, os pais encontram um banquete e não pensam
duas vezes antes de atacar as comidas. Enquanto isso, Chihiro sai para explorar
e conhece Haku, um misterioso jovem que a aconselha a ir embora dali antes do
anoitecer. Ao voltar para onde estavam os pais, a garota fica atônita ao ver
que eles haviam se transformado em porcos. Perdida nesse mundo estranho cheio
de deuses e feiticeiros, ela acaba cruzando o caminho da bruxa Yubaba, que diz
a Chihiro que ela deve esquecer-se de seu nome e trabalhar na casa de banho se não
quiser morrer. Sem ter outra opção e deixando de lado suas birras infantis, ela
aceita, enquanto tenta lembrar-se de quem era e achar um jeito de salvar a si
mesma e a seus pais. Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2003, o filme de
Hayao Miyazaki é uma linda história com toques de fantasia dos grandes
clássicos infantis, como “João e Maria” e “Alice no País das Maravilhas”. Sensacional!
Era uma vez em Tóquio / Tokyo Monogatari /
Tokyo Story, 1953
Um
casal de idosos, moradores da cidade de Onomichi, se prepara para visitar os
filhos em Tóquio. Deveriam encontrar o filho Keizo na estação, já que ele
trabalha na empresa ferroviária, mas ele não aparece. São recepcionados então
pelo filho Koichi, que os leva para sua casa, que divide com a esposa e com
dois filhos malcriados. A filha Shige também aparece para o jantar, bem como a
nora Noriko, casada com Shoji, o filho mais velho do casal que morreu na
guerra. Desde o início fica claro o quanto os filhos e netos se incomodavam com
a presença do casal. O neto mais velho reclamava que a mãe mudou sua
escrivaninha de lugar para que o futon dos idosos fosse estendido. Koichi e Shige constantemente prometiam levar os pais para conhecer a cidade, mas
desistiam na última hora, alegando que estavam muito ocupados. A única pessoa
que realmente ficou feliz com a visita e não colocou o trabalho em primeiro
lugar foi a nora, que, embora não fosse parente e precisasse muito do emprego,
pede folga para passear com o casal, os recebe em sua casa minúscula, presenteia a sogra e, quando, por fim, esta adoece, não mede esforços para
visitá-la e amparar o sogro. Um filme tocante que mostra o quanto somos
egoístas às vezes e como laços de sangue nem sempre contam mais que a atenção
genuína de estranhos. Uma obra-prima atemporal e imperdível do cineasta
Yasujiro Ozu.
E é isso. Gostaram?
Quem perdeu os outros posts do TOP 5 Filmes Orientais, é só clicar nos respectivos links:
Bjo e até+!
8 comentários:
Michelle, sua série com esse tema ficou fantástica! Adorei mesmo, muitas indicações que fiquei louca para ver! A Viagem de Chihiro é um dos meus filmes preferidos da vida e também adoro Kurosawa, mas acho que nunca vi Rashomon, acredita? Vou ver se baixo logo para não esquecer de assistir. Beijos! =)
Já anotei tds que vc indicou e mais os dos links e vou baixa-los para assistir, adoro filmes e assisto muitos deles.
ADOREI o seu blog!
Adoro A viagem de Chihiro e alguns dos filmes mais "amor" da minha vida foram feitos pelo Haiyo Miyazaki, e pelo Studio Ghibli (já que eles tambem tem filmes muito³ bons que não são do Haiyo, ne).
E Akira é minha maior referência de animação sci-fi. (:
taiyounorakuen.blogspot.com
Quando comecei a ler o post, pensei "não pode faltar aquele do Ponyo" e olha só! Tá aí, é o diretor de A viagem de Chihiro, que também dirigiu "Ponyo", um dos filmes mais fofos que já vi. Já assisti Chihiro também e sou apaixonada pelo estilo fantasioso do Hayao Miyazaki. Quero ver vários outros filmes dele ainda! Adoro animação, e o estilo dele é exatamente pelo qual sou apaixonada.
Beijão!
Oi Michelle!
Que post bacana!
Amei as dicas, pois adoro filmes asiáticos.
Não assisti nenhum desses que você citou. Vou anotar o nome de todos. :)
Um outro que é lindo demais chama-se Zen: http://pensamentotangencial.blogspot.com.br/2010/08/filme-para-quem-e-zen.html
Faz parte dos meus favoritos! :)
Beijos!!
Lua,
Que bom que você gostou. Eu poderia ficar falando de filmes e livros orientais para sempre, mas acho que já deu (por enquanto...hehe)
Sylvia,
Obrigada pela visita e pelos comentários. Volte sempre!
Layn,
Nunca reparei no estúdio das produções. Vou prestar mais atenção nisso. Tks pelo toque!
Gabi,
Miyazaki é show! Ainda não vi Ponyo, mas está na lista.
Angélica,
Não conhecia esse Zen. Vou procurar para assistir. Obrigada pela dica!
Você está expert no tema, hein?
bjs
Júlia,
Quem me dera...
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