sexta-feira, 27 de abril de 2012

E o tema é . . . Filmes Orientais (4) - Diretores Obrigatórios


E finalmente chegamos ao último TOP 5 Filmes Orientais. Hoje apresento cinco diretores obrigatórios quando se fala em cinema asiático. Não importa se têm uma longa filmografia ou apenas um longa de sucesso; o que conta é que tiveram seus nomes marcados para sempre na história do cinema.

Rashomon / Rashomon, 1950
O filme começa mostrando três homens abrigados da chuva em uma construção em ruínas. Eles conversam sobre um assassinato e um estupro ocorridos na floresta. Acompanhamos em flashback o relato dos fatos por quatro pessoas diferentes: o lenhador, que foi testemunha e depôs no palácio de justiça e agora conta aos outros homens uma versão diferente da oficial; o assassino tarado chamado Tajomaru; a mulher estuprada, que era esposa do samurai assassinado; e o próprio samurai morto dá sua versão do acontecido por meio de um médium. Cada personagem conta uma história diferente e os relatos contradizem uns aos outros. A pergunta que fica é: O que aconteceu de verdade? Rashomon é considerado o filme que apresentou Akira Kurosawa ao Ocidente. O longa ganhou vários prêmios pelo mundo afora e é tão importante que, em muitas línguas, o termo “Rashomon” tornou-se sinônimo de situação conflituosa em que é difícil checar a veracidade dos fatos. O termo “Efeito Rashomon” também é usado na psicologia com relação aos conceitos de percepção e perspectiva. A obra é frequentemente referenciada em outros trabalhos no cinema e na TV. Para se ter uma ideia da simbologia do filme e de sua influência em outros filmes e seriados, basta dar uma olhada na página do filme na Wikipédia.

Comer, Beber, Viver / Yin Shi Nan Nu / Eat Drink Man Woman, 1994
A história se passa em Taipei. Entre pratos e panelas, vamos familiarizando-nos com os dramas do chef Chu e de suas três filhas. Ele é um chef renomado prestes a se aposentar e enfrenta um pesadelo: está perdendo o paladar. Além disso, ao se reunirem em torno da mesa farta que ele prepara aos fins de semana, ele sempre tenta fazer um comunicado, mas suas filhas tagarelas só se importam em revelar seus próprios problemas e decisões. A mais velha, Jia-Jen, é uma professora de química e católica fervorosa. Com uma grande decepção amorosa no currículo, ela vê o tempo passando e percebe que provavelmente não encontrará um novo amor, e que seu destino será ficar em casa e cuidar do pai idoso. A filha do meio é Jia-Chien, executiva de uma companhia aérea que não suporta mais morar com o pai e quer sair de casa para ter seu próprio apartamento. Suas atitudes de mulher independente geram inveja na irmã mais velha e inspiração na irmã mais nova. Tem um relacionamento aberto com o ex-namorado e está interessada em um colega de trabalho. Guarda ressentimento do pai por ele nunca tê-la deixado cozinhar. Por fim, Jia-Ning, é a irmã mais nova, estudante que trabalha em uma lanchonete fast food e acaba se envolvendo com o namorado da melhor amiga. Com uma delicadeza ímpar, o diretor Ang Lee aborda questões universais, como relacionamentos amorosos e familiares. A sequência inicial em que o chef Chu prepara um banquete para a refeição familiar do fim de semana é de encher os olhos e dar água na boca. Juro que consegui até imaginar os aromas vindos daquelas panelas!

Akira / Akira, 1988
Baseado no mangá de mesmo nome, o filme se passa na cidade de Neo-Tóquio, 30 anos após a Terceira Guerra Mundial que destruiu a antiga Tóquio. Acompanhamos Akira, uma criança com superpoderes resultantes de um projeto governamental secreto, e também Tetsuo, o membro mais novo de uma das gangues de motoqueiros locais, que acaba envolvido em um acidente com Akira. O acidente desperta os poderes latentes de Tetsuo, o que acaba tendo consequências desastrosas para as relações pessoais de Tetsuo e também para a cidade, que passa por um novo incidente. Um clássico do cyberpunk que trata da alienação da juventude, da corrupção do governo, do uso abusivo do poderio militar e das forças de resistência contra o regime opressor. Um dos mangás mais famosos do mundo e uma das primeiras animações japonesas a invadir o Ocidente e abrir as portas para os animes. Ponto para Katsushiro Ôtomo, criador do mangá e diretor da animação.

A Viagem de Chihiro / Sen to Chihiro No Kamikakushi / Spirited Away, 2001
Chihiro é uma menina mimada de 10 anos, daquelas que acham que o mundo gira ao seu redor. Ao saber que os pais estão de mudança para outra cidade, fica brava e começa a agir de forma insolente, pois não queria deixar para trás seus amigos. Na viagem, ao pegarem um atalho, eles acabam se perdendo e dando de cara com um estranho prédio com um túnel bocejante. Mesmo contrariada, Chihiro segue os pais túnel adentro. No interior, os pais encontram um banquete e não pensam duas vezes antes de atacar as comidas. Enquanto isso, Chihiro sai para explorar e conhece Haku, um misterioso jovem que a aconselha a ir embora dali antes do anoitecer. Ao voltar para onde estavam os pais, a garota fica atônita ao ver que eles haviam se transformado em porcos. Perdida nesse mundo estranho cheio de deuses e feiticeiros, ela acaba cruzando o caminho da bruxa Yubaba, que diz a Chihiro que ela deve esquecer-se de seu nome e trabalhar na casa de banho se não quiser morrer. Sem ter outra opção e deixando de lado suas birras infantis, ela aceita, enquanto tenta lembrar-se de quem era e achar um jeito de salvar a si mesma e a seus pais. Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2003, o filme de Hayao Miyazaki é uma linda história com toques de fantasia dos grandes clássicos infantis, como “João e Maria” e “Alice no País das Maravilhas”. Sensacional!

Era uma vez em Tóquio / Tokyo Monogatari / Tokyo Story, 1953
Um casal de idosos, moradores da cidade de Onomichi, se prepara para visitar os filhos em Tóquio. Deveriam encontrar o filho Keizo na estação, já que ele trabalha na empresa ferroviária, mas ele não aparece. São recepcionados então pelo filho Koichi, que os leva para sua casa, que divide com a esposa e com dois filhos malcriados. A filha Shige também aparece para o jantar, bem como a nora Noriko, casada com Shoji, o filho mais velho do casal que morreu na guerra. Desde o início fica claro o quanto os filhos e netos se incomodavam com a presença do casal. O neto mais velho reclamava que a mãe mudou sua escrivaninha de lugar para que o futon dos idosos fosse estendido. Koichi e Shige constantemente prometiam levar os pais para conhecer a cidade, mas desistiam na última hora, alegando que estavam muito ocupados. A única pessoa que realmente ficou feliz com a visita e não colocou o trabalho em primeiro lugar foi a nora, que, embora não fosse parente e precisasse muito do emprego, pede folga para passear com o casal, os recebe em sua casa minúscula, presenteia a sogra e, quando, por fim, esta adoece, não mede esforços para visitá-la e amparar o sogro. Um filme tocante que mostra o quanto somos egoístas às vezes e como laços de sangue nem sempre contam mais que a atenção genuína de estranhos. Uma obra-prima atemporal e imperdível do cineasta Yasujiro Ozu.

E é isso. Gostaram?
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Bjo e até+!

8 comentários:

Anônimo disse...

Michelle, sua série com esse tema ficou fantástica! Adorei mesmo, muitas indicações que fiquei louca para ver! A Viagem de Chihiro é um dos meus filmes preferidos da vida e também adoro Kurosawa, mas acho que nunca vi Rashomon, acredita? Vou ver se baixo logo para não esquecer de assistir. Beijos! =)

Sylvia Cheleiro disse...

Já anotei tds que vc indicou e mais os dos links e vou baixa-los para assistir, adoro filmes e assisto muitos deles.
ADOREI o seu blog!

Layn disse...

Adoro A viagem de Chihiro e alguns dos filmes mais "amor" da minha vida foram feitos pelo Haiyo Miyazaki, e pelo Studio Ghibli (já que eles tambem tem filmes muito³ bons que não são do Haiyo, ne).

E Akira é minha maior referência de animação sci-fi. (:

taiyounorakuen.blogspot.com

Gabi Orlandin disse...

Quando comecei a ler o post, pensei "não pode faltar aquele do Ponyo" e olha só! Tá aí, é o diretor de A viagem de Chihiro, que também dirigiu "Ponyo", um dos filmes mais fofos que já vi. Já assisti Chihiro também e sou apaixonada pelo estilo fantasioso do Hayao Miyazaki. Quero ver vários outros filmes dele ainda! Adoro animação, e o estilo dele é exatamente pelo qual sou apaixonada.
Beijão!

Angélica Roz disse...

Oi Michelle!

Que post bacana!
Amei as dicas, pois adoro filmes asiáticos.
Não assisti nenhum desses que você citou. Vou anotar o nome de todos. :)
Um outro que é lindo demais chama-se Zen: http://pensamentotangencial.blogspot.com.br/2010/08/filme-para-quem-e-zen.html
Faz parte dos meus favoritos! :)

Beijos!!

Michelle disse...

Lua,
Que bom que você gostou. Eu poderia ficar falando de filmes e livros orientais para sempre, mas acho que já deu (por enquanto...hehe)

Sylvia,
Obrigada pela visita e pelos comentários. Volte sempre!

Layn,
Nunca reparei no estúdio das produções. Vou prestar mais atenção nisso. Tks pelo toque!

Gabi,
Miyazaki é show! Ainda não vi Ponyo, mas está na lista.

Angélica,
Não conhecia esse Zen. Vou procurar para assistir. Obrigada pela dica!

Anônimo disse...

Você está expert no tema, hein?
bjs

Michelle disse...

Júlia,
Quem me dera...