segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Livro Viajante: Branca Como o Leite, Vermelha Como o Sangue (Alessandro D'Avenia)


Leo é um garoto de 16 anos de idade e, sendo um adolescente típico, age como tal: detesta a escola, não entende os pais, gosta de tocar guitarra, não desgruda do celular e do iPod, não perde uma partida de futebol com os amigos e adora disputar corridas de motoneta. Ah...sim, ele está apaixonado pela primeira vez. O objeto de seu afeto é Beatriz, garota branca como o leite, vermelha como o sangue.


“Se ela fosse cinema: gênero a ser inventado. Se fosse perfume: o cheiro de areia de manhã cedo, quando a praia está sozinha com o mar. Cor? Beatriz é vermelho. Como o amor é vermelho. Tempestade. Furação que te varre para longe. Terremoto que despedaça tudo”.

Escrito na forma do diário de Leo, “Branca como o leite, vermelha como o sangue” é uma história de adolescentes, mas é atraente a leitores de qualquer idade, pois aborda temas universais, como amizade, amor, sonhos, filosofia, espiritualidade.

“É incrível a rapidez com que você consegue admitir estar de pijama diante de alguém que não conhece. No hospital é assim que acontece. Talvez porque todo mundo esteja igualmente ridículo, diante da dor e do sofrimento. Todos tão iguais que o pijama é o uniforme certo para anular as diferenças”.

No início, nosso protagonista vive uma paixão platônica por Beatriz, a garota de cabelos cor de fogo. Pensa nela o tempo todo e tenta achar uma forma de se aproximar. Para tanto, conta com a ajuda da amiga Silvia, seu “anjo da guarda”, aquela que está ao seu lado em todas as horas, que o ajuda com os estudos, que dá conselhos amorosos e que vê nele algo mais que um amigo, mas que, infelizmente, Leo não consegue retribuir. Ao longo da história, Silvia passa a ser cada vez mais importante para Leo.

“Silvia é como a ressaca do mar: está sempre ali, mesmo que você não a escute. E, se você a escuta, ela te embala. Se eu amasse Silvia, me casaria logo com ela, mas o amor não é ressaca, o amor é tempestade”.

Outro personagem fundamental é o Sonhador, o novo professor de história e filosofia. Desacreditado pelos alunos, o Sonhador consegue cativar a todos com suas histórias e paixão genuína pela profissão. É ele quem abre as portas do desconhecido para Leo, quem ajuda o garoto a reconhecer seus sonhos e o estimula a correr atrás para realizá-los.

“Os sonhos são como estrelas: você as vê brilharem todas, quando as luzes artificiais se apagam, e no entanto já estavam ali antes. Você é que não as via, por causa do excesso das outras luzes”.

A aproximação entre Leo e Beatriz não é fácil e ocorre por um motivo ruim. Ironicamente, é essa situação ruim que transforma o garoto em homem e converte o interesse sexual que Leo tinha por Beatriz em amor verdadeiro. Por Beatriz, Leo dá o sangue, corre o risco de repetir de ano, fica de castigo, deixa de lado as provocações infantis dos amigos de futebol. Tudo o que ele quer é vencer o branco.

“O silêncio é branco. Na verdade, o branco é uma cor que não suporto: não tem limites. Virar a noite em branco; passar em branco; levantar bandeira branca; deixar o papel em branco; ter cabelo branco... Ou melhor, o branco não é sequer uma cor. Não é nada, é como o silêncio. Um nada sem palavras e sem música. Em silêncio: em branco.”

O que chamou minha atenção logo de cara nesse livro foi a capa lindíssima e o título impactante. Li a sinopse e me interessei ainda mais. Sabia que seria uma história triste, mas não imaginei que fosse contada de forma tão original. Achei o uso das cores para expressar as sensações de Leo muito bacana. As dúvidas quanto à existência de Deus e as discussões do garoto com o Todo-Poderoso são mostradas de um jeito divertido. O livro conseguiu me fazer rir e chorar com a mesma facilidade e devorei as 367 páginas em apenas 4 dias. É daquelas histórias que conseguem te envolver em um turbilhão de emoções e, no fim, deixa uma sensação estranha de saudade, quando nos despedimos dos personagens. Altamente recomendável!



Mais uma leitura proporcionada pelo Livro Viajante do Skoob

8 comentários:

Anônimo disse...

vi esse livro quando trabalhava em livraria ainda, lembro que a capa, o nome e a sinopse me impactaram tbm. Já comprei e tá aqui na minha pilha de leitura, hahah!

Gostei da resenha, deu mais vontade ainda de ler o livro! :)

bjs!

Jacqueline Braga disse...

Oie Michelle
eu tenho o livro faz um tempão, e ainda não tive oportunidade de pegar pra ler.
Imaginava que seria uma história sobre cancêr, e tmb que fosse bem triste. Tenho certeza que vou gostar muito e chorar também.
bjos

Michelle disse...

Raíssa,
Essa capa é realmente linda. Não dá para ignorar.

Jacque,
Pois é. E eu que estou evitando ler "A culpa é das estrelas" para não chorar acabei lendo este, que é igualmente triste. Mas vale a pena, viu?

bjos

Anônimo disse...

Oi, Michelle :)
Quando vi o título, achei que se tratasse de mais um livro YA sobrenatural , mas fiquei muito mais interessada quando descobri que questiona com sensibilidade os sentimentos/ emoções humanos.
Vai pra lista!

Bjs ;)

Anônimo disse...

Michelle, o título é ótimo, fiquei curiosa! E também por esses dias li sobre um adolescente de 16 anos, também muito bom! Beijos!

Michelle disse...

Ana,
O título é meio vampiresco, mas a história não tem nada disso. São apenas humanos jovens enfrentando os obstáculos da vida.

Lua,
Que livro você leu com adolescente?

bjo

Anna disse...

Taí, agora eu necessito desse livro... rs
Devia ter ficado quieta no meu canto... rs
Adorei sua resenha, frô!!

Xerinhos
Paty

Michelle disse...

Oi, Paty!
É, você poderia ter ficado no seu cantinho e não adicionado mais um livro à lista de desejados, mas ia perder a oportunidade de conhecer uma história linda. Se puder, leia sim!
bjo