Dono de uma pequena livraria familiar à beira da falência vislumbra a solução de seus problemas financeiros quando sua dermatologista comenta casualmente que queria fazer sexo a três. Sem pensar duas vezes, o espertalhão oferece os serviços de um amigo, transformando involuntariamente o coitado em garoto de programa e tornando-se seu gigolô.
Nova York. Trapalhadas envolvendo sexo. Um italiano sedutor. Um judeu iniciando um novo empreendimento e entrando em conflito com a patrulha dos ortodoxos do bairro. Trilha sonora jazzística. Woody Allen em mais uma interpretação que deixa dúvidas sobre se ele está encarnando um personagem ou apenas sendo ele mesmo. Mais uma clássica comédia romântica de Allen. Não, espera! Se eu não soubesse que este é um filme dirigido por John Turturro, poderia facilmente classificá-lo com um legítimo Woody Allen. O que não deixa de ser um elogio.
E
então que desta vez Woody interpreta Murray,
o tal dono da livraria que vê o negócio de família ir pro buraco e vai morar de
favor na casa da cunhada, que tem uma penca de filhos. Quando vê a oportunidade
de conseguir uma grana satisfazendo uma fantasia sexual da Dra. Parker (Sharon Stone),
ele coloca o romântico e também quase falido amigo na jogada (Fioravante, vivido pelo próprio John
Turturro). É claro que Fior acha tudo um absurdo, mas analisa sua
situação financeira e decide arriscar. Para surpresa de todos, ele demonstra um
talento natural para a coisa e os negócios prosperam.
No
entanto, as coisas começam a complicar quando a Dra. Parker se mostra ciumenta
e fica em dúvida se quer mesmo dividir seu precioso amante com a amiga com quem
pretendia ir para a cama (Selima,
interpretada por Sofía Vergara). Para piorar, Fior se apaixona por uma das
clientes que deveria atender - a jovem e solitária viúva judia apegada às
tradições (Avigal, vivida por Vanessa
Paradis). Como desgraça pouca é bobagem, Avigal é o interesse romântico
de Dovi (Liev Schreiber), o chefe da patrulha judia do bairro. Já deu
para imaginar a confusão, né?
“Amante a Domicílio” é um filme leve
que mistura de forma equilibrada romance, comédia e drama. Apesar da premissa
non-sense, a história funciona. Os personagens são um tanto ingênuos, mas
talvez seja exatamente isso que os torne cativantes. Deixa aquela sensação de
nostalgia de um tempo não vivido, quando as pessoas eram mais inocentes e o
mundo parecia um lugar melhor, onde os sonhos ainda existiam. Aquele tipo de
história que anima qualquer dia ruim e te deixa feliz no final.
Além
disso, o filme conta com algumas cenas impagáveis, como quando Murray tenta
convencer Fioravante a assumir a nova profissão e este último diz que não se
acha bonito o bastante. Murray contra-ataca dizendo que Fior seria um bom
garoto de programa justamente porque não é excepcionalmente bonito, tem cara de
homem de verdade e ainda usa Mick Jagger como comparação. As cenas de Woody
lidando com a molecada também são hilárias: medo de pegar piolho, explicando o
que é um gigolô e tentando armar um jogo de baseball entre os sobrinhos e os
filhos de Avigal enquanto as crianças maliciosamente sugerem um ‘negros’ vs ‘judeus’.
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