sexta-feira, 13 de abril de 2012

E o tema é. . . Filmes Orientais (2) - A Visão dos Ocidentais

Olás!

Dando continuidade à série de Filmes Orientais, hoje trago cinco histórias que se passam no Japão (e um pouquinho na China também), mas que foram comandadas por diretores ocidentais. É interessante ver como os estrangeiros enxergam as peculiaridades dessa terra tão distante. Preparados?


Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima Mon Amour, 1959)
O filme começa mostrando cenas em close de dois corpos entrelaçados. As imagens são em preto e branco e parecem cobertas por uma poeira cintilante. Ao fundo, ouvimos as vozes dos protagonistas. Cenas reais gravadas após a explosão das bombas são intercaladas às cenas dos amantes. A mulher, chamada apenas de 'Ela' (Emmanuelle Riva), diz saber tudo sobre a bomba, sobre o sofrimento, sobre a guerra. O homem, chamado apenas de ‘Ele’ (Eiji Okada), sempre a contradiz, pois ele vivenciou o horror, enquanto ela conheceu a tragédia pelos noticiários. O que sabemos sobre os protagonistas é que ambos são casados e vivem uma paixão com data certa para terminar. Ambos estão em Hiroshima por acaso: ele é um engenheiro realizando um trabalho na cidade; ela é uma atriz francesa que está na cidade rodando um filme sobre a bomba de Hiroshima. Vamos conhecendo o passado dos personagens pouco a pouco, resgatando com eles seus respectivos históricos de sofrimento e decepções. O filme é intencionalmente confuso no início. Sua força está nos diálogos. O longa nasceu de uma encomenda de documentário sobre a bomba feita por produtores japoneses. O diretor francês Alain Resnais contou com o roteiro da escritora Marguerite Duras, autora do livro de mesmo nome. Filme e livro são complementares, já que o roteiro foi feito primeiro, e Duras só começou a escrever o livro quando Resnais já rodava o filme. Um clássico!

Hanami – Cerejeiras em flor (Kirschblüten — Hanami, 2008)
Trudi (Hannelore Elsner) é informada pelo médico que seu marido, Rudi (Elmar Wepper), tem uma doença terminal. Ela decide que não contará ao marido que ele tem pouco tempo de vida e, seguindo o conselho médico, vão passar um tempo juntos, fazendo algo que sempre quiseram fazer mas deixaram para depois. O sonho de Trudi sempre foi conhecer o Japão. No entanto, ela convence o marido de que devem ir primeiro a Berlim para visitar os filhos e netos. Ao chegar à cidade, só encontram decepção, já que seus descendentes estão ocupados demais para dar atenção a eles. Um acontecimento trágico e inesperado muda completamente o rumo da história. Já no Japão, em pleno festival das cerejeiras, Rudi, sempre tão metódico e regrado, redescobrirá o prazer das pequenas coisas ao lado de uma jovem dançarina de butô (Aya Irizuki). Um filme sobre escolhas, velhice e solidão, mas também uma celebração da beleza, da brevidade da vida e de novas oportunidades. Para rir, chorar e repensar as prioridades. Maravilhoso!

O Livro de Cabeceira (The Pillow Book, 1996)
Kyoto, anos 70. Como em todos os seus aniversários, Nagiko (Vivian Wu) comemora a data com um estranho ritual: seu pai escreve felicitações em seu rosto e em suas costas enquanto sua tia lê trechos do “Livro de Cabeceira” de Sei Shonagon. Acompanhamos Nagiko desde criança até os 28 anos, data em que o famoso livro completa 1000 anos. Vemos quando ela se casa em uma união arranjada, testemunhamos sua vida infeliz com o marido, sua fuga para Hong Kong, seu envolvimento no mundo da moda, sua busca incessante pelo amante calígrafo ideal. Ela o encontra em Jerome (Ewan McGregor), tradutor inglês que conhece vários idiomas. É ele quem conduz a transformação de Nagiko de papel em pincel. Ela deixa de ser apenas o suporte para ser o conteúdo. Este é um filme de arte, e, como tal pode ser meio entediante e sem sentido às vezes. A força das imagens e as técnicas inovadoras baseadas na mídia televisiva usadas pelo diretor Peter Greenaway são o ponto forte. Além disso, essa é uma história adaptada do clássico literário erótico japonês de mesmo nome datado do século X. É uma trama é cheia de simbolismos apresentada de forma poética. Ah...sim, tem o Ewan McGregor bem novinho e nu em pelo. *suspiros*

Memórias de uma Gueixa (Memoirs of a Geisha, 2005)
Em 1929, Chiyo (Suzuka Ohgo), ainda menina, é vendida por seu pai e levada do vilarejo onde morava para uma casa de gueixas na cidade grande. Lá, é treinada para ser gueixa pela experiente Mameha (Michelle Yeoh). Embora tenha sido bem acolhida por Mameha, terá de enfrentar a rivalidade de Hatsumomo (Gong Li), a profissional mais importante do local, que tem inveja da juventude de Chiyo. Ao crescer, Chiyo, a garota dos olhos azuis, passa a ser conhecida como a gueixa Sayuri (Zhang Ziyi) e começa a disputar a preferência do executivo Iwamura Ken (Ken Watanabe) com Hatsumomo, já que, contrariando as regras, ela acabou se apaixonando por ele. O filme é uma adaptação do livro de Arthur Golden baseado nas memórias da ex-gueixa Mineko Iwasaki. Na época do lançamento, o diretor norte-americano Rob Marshall foi duramente criticado, pois nenhuma das três atrizes principais é japonesa. Ele se justificou dizendo que realizou vários testes, mas não encontrou nenhuma atriz japonesa à altura. Para os japoneses, as chinesas não conseguiram demonstrar expressões japonesas; já os chineses sentiram-se ofendidos por verem suas atrizes interpretando “prostitutas” japonesas. Incidentes diplomáticos à parte, a história é linda e contada com extrema delicadeza.

O Último Samurai (The Last Samurai, 2003)
Em 1870, o capitão norte-americano Nathan Algren (Tom Cruise), veterano da Guerra Civil Americana, é convidado por seu ex-comandante para ir ao Japão treinar o recém-criado exército do imperador Meiji (Shichinosuke Makamura) a fim de eliminar os últimos samurais que ainda viviam na região e atrapalhavam a modernização pretendida pelo imperador japonês. Katsumoto (Ken Watanabe) é um líder samurai que segue à risca o rigoroso código de honra dos samurais, que está prestes a desaparecer por completo. Nathan e Katsumoto são especialistas em combate, cada um a sua maneira e com suas próprias visões de mundo e percepções da ética, mas ambos terão seus destinos cruzados. Ao entrar em contato com o mundo desconhecido dos samurais, Nathan passa a enxergar as coisas por uma nova ótica e fica em dúvida sobre qual lado apoiar. Um ótimo filme épico sobre honra e lealdade em pleno nascimento do Japão moderno.


2 comentários:

Gleice Couto disse...

Dos filmes que citou, conheço os dois últimos e amooooooooooooooooooooooooo!!!!
Adorei o post e vou procurar pelos outros.
Beijoooooooooooos

Anônimo disse...

Estou adorando a "série" de temática oriental! Dos que você citou, não assisti ao primeiro e ao segundo. "Memórias de uma gueixa" é bonito, mas o livro é 1.000 vezes melhor (um dos meus preferidos!).
bj