sábado, 15 de janeiro de 2022

Filme: A Filha Perdida (#52FilmsByWomen/ Veja Mais Mulheres)


Leda é uma professora universitária de férias numa praia grega. Ela chega sozinha, trazendo na mala seus livros e cadernos. Sua paz logo é abalada por uma numerosa e ruidosa família que se espalha pela areia. Entre aquelas pessoas está Nina, uma jovem mãe com sua filha pequena. Quando a garotinha se perde, o pânico toma conta de todos na praia, e Leda ajuda na busca. Assim, ela é arrastada involuntariamente para aquele universo conturbado dos desconhecidos e de volta ao seu próprio passado doloroso.

O olhar é algo crucial neste filme. Leda se reconhece na situação desesperadora daquela que perde a filha de vista, mas não é só isso. Ela identifica no olhar da jovem mãe o cansaço, a insatisfação, a solidão e as dúvidas que ela mesma experimentou quando nova. Também é pelo olhar que Leda e uma caminhante que surge em sua juventude estabelecem uma relação imediata, capazes de se colocar uma no lugar da outra sem que precisassem dizer muita coisa.

A boneca é outro elemento fundamental que conecta Leda a Nina, às próprias filhas e a si mesma quando jovem. O que ela significa para a protagonista? Um objeto importante de sua infância? O símbolo de uma decepção enquanto mãe? A chance de corrigir erros de outra época e fazer as pazes consigo mesma? Uma oportunidade de ajudar alguém que vive uma situação de estresse que ela conhece muito bem? Pode ser tudo ou nada disso e outras coisas mais.

“A filha perdida” é uma ótima adaptação do livro da Ferrante. Uma história que aborda o fardo solitário da maternidade, obstáculos na carreira acadêmica, invisibilidade da mãe enquanto mulher e privilégios sociais. De brinde, a diretora ainda bota Olivia Colman para dançar ao som de Bon Jovi. Maravilhoso demais!

Nota: 4/5

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