Jacques é professor e realiza uma importante pesquisa na área de física de materiais. Um dia, durante a apresentação dos resultados do seu estudo, ele enxerga olhos flamejantes o encarando no fundo do anfiteatro e acaba desmaiando. Aquela não era a primeira vez que ele via tais olhos; eles pertenciam a Mpoue.
Com imagens impactantes e um estilo de desenho que usa cores e traços distintos para marcar diferentes locais e tempos em que se desenrola a trama, a HQ consegue gerar suspense, não só com relação à figura do Mpoue e ao que ela representa, mas também quanto ao futuro do protagonista e às suas angústias de homem dividido entre dois países, duas culturas e duas épocas. Como as ligas de metais que ele estuda, ele também vai se moldando conforme a pressão, sofrendo deformações pela tensão e não se sabe até que ponto ele resistirá sem ceder. Achei o paralelo entre pesquisador e objeto de pesquisa bem interessante.
Além disso, a edição traz uma introdução que fala sobre o significado do Mpoue para os bamiléké, um grupo identitário do Camarões, país de origem do artista gráfico, bem como comentários do tradutor sobre como foi passar a história de uma língua para outra, mas mantendo sua identidade cultural sem fazer adaptações ou ajustes para enquadrar a perspectiva de um povo específico à visão Ocidental. O quadrinho ainda traz um glossário bem útil no final.
Foi uma leitura bem diferente e enriquecedora. Recomendo muito.
Nota: 4/5
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