sábado, 8 de março de 2014

E o tema é. . . Livros para o Dia Internacional da Mulher


Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, nada de flores, bombons e príncipes encantados. Não que essas coisas não sejam válidas. Mas o foco aqui não são os pequenos agrados, e sim algo que o sexo feminino busca há muito tempo e que, infelizmente, parece sempre tão distante: a igualdade. Hoje falo de uma área em que supostamente as mulheres encontrariam condições igualitárias, mas que, se observarmos direito, veremos que não é bem assim. Por isso, fiz uma seleção de 5 livros que são escritos por mulheres e com protagonistas mulheres.

Acho que todo mundo já ouviu falar do teste de Bechdel, não? Aquele que estabelece 3 regrinhas para que uma história seja considerada realmente feminista:
1. A trama deve ter pelo menos duas personagens femininas;
2. Essas personagens devem conversar entre si;
3. E elas devem falar sobre qualquer outra coisa que não seja 'homens'.
Encontrar histórias que atendam a essas três regrinhas é mais difícil do que parece. E esse teste é destinado a filmes.

Mas... e se quiséssemos aplicar o mesmo tipo de regras aos livros?
Pensando nisso, a Gizelli, do blog ‘A maior digressão do mundo’, estabeleceu o seguinte:
1. O livro deve ser escrito por mulher
2. A personagem central deve ser mulher
3. E o interesse romântico, se houver, deve ficar em segundo plano

E foi com isso na cabeça que selecionei 5 livros que atendessem às exigências. Todos eles já foram resenhados aqui. Para ler as resenha completas, basta clicar nos respectivos links.

Nesta graphic novel, a autora iraniana conta suas experiências de infância e adolescência vividas em sua terra natal e na Áustria. Além dos conflitos políticos e religiosos do Irã, ela fala ainda como se sentiu ao ser obrigada a usar o véu, ao ser separada dos amigos de um dia para o outro só porque eles eram do sexo oposto, ao enfrentar hábitos tão diferentes dos seus em outro país e ao ser julgada por não se encaixar nos padrões e por ser mulher. Tudo isso por meio de imagens simples e de um texto que consegue falar de forma leve sobre assuntos sérios.


É em um cenário desolador e opressivo, no Japão, que se passa a história. Quatro mulheres de personalidades totalmente diferentes que têm em comum apenas a fábrica de refeições prontas em que trabalham. Bem, pelo menos no início. Aos poucos, vamos conhecendo melhor a rotina de cada uma dessas personagens infelizes que sofrem em silêncio em um mundo em que devem se contentar com seu lugar sem questionar. Um incidente acaba unindo Yayoi, Masako, Yoshie e Kuniko em uma história de suspense incrível. Impossível não se identificar um pouco com cada uma dessas mulheres.


3. Quarto (Emma Donoghue) [Irlanda]

A protagonista deste livro altamente angustiante é Mãe, que vive ao lado de seu filho de cinco anos, Jack, no Quarto. Não posso falar muito sobre a história, já que um dos pontos fortes da trama são as descobertas que fazemos conforme avançamos na leitura. Só o que posso dizer é que Mãe é aquele tipo de personagem forte, sofredora, que passa por todo tipo de humilhação e que resolve dar a volta por cima por amor. Amor de mãe.




Livro que fala sobre a solidão e as aparências em uma história emocionante e delicada, narrada por duas personagens que, aparentemente não têm nada em comum: uma zeladora de 54 anos e uma garota de 12 anos que mora no mesmo edifício. Conforme elas se aproximam, vão se desfazendo as máscaras construídas por elas mesmas para que se encaixassem nos perfis esperados pela sociedade. Uma trama de amizade com pitadas filosóficas.



Duas histórias que se passam durante a Segunda Guerra Mundial e que estão interligadas: a de Alice, mulher com infância problemática, juventude cheia de decepções amorosas e uma vida atual infeliz ao lado do marido violento e nazista, e que, um dia, em desespero, abandona o filho em uma estação de trem; e das irmãs Helene e Martha, que também tiveram uma infância sofrida ao lado da mãe doente e que vislumbram a possibilidade de uma vida nova e feliz em Berlim. O drama de pessoas comuns que, mais do que apenas sobreviver, fazem o que for possível para manter a sanidade em meio ao caos.

Bônus
Menciono aqui mais dois livros que têm como protagonistas mulheres fortes e que certamente mereciam fazer parte da lista, mas que ficaram de fora só porque foram escritos por homens:
- Ratos, e as corajosas Shelley e Elizabeth
- Trilogia Millennium, e a sensacional Lisbeth (minha protagonista favorita)

*****************
E para quem está a fim de ler mais obras escritas por mulheres, dá uma espiada no projeto “Um Quarto Só Seu”*, uma iniciativa superbacana da Juliana Brina, do blog / vlog “O Pintassilgo”, na qual ela se propõe a ler pelo menos uma autora desconhecida por mês. Lá no blog dá para ver a lista de títulos lidos, de resenhas e de autoras. Conhece alguma escritora que ainda não consta na lista? É só enviar sua sugestão para a Juliana!

*O projeto foi inspirado no “Leia Mulheres 2014”, um tumblr brasileiro que tem como objetivo incentivar a leitura de livros escritos por mulheres, ideia originalmente lançada pela escritora Joanna Walsh.

;)

5 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do seu post, e vou passar acompanhar seu lindo blog que parece tão interessante.
Espero que tenha ótimas leituras!
Beijos,
Jéssica do blog O Feminino dos Livros (http://ofemininodoslivros.blogspot.com.br/)

Maura C. disse...

Olá, Michelle!
Adorei a postagem e conhecer dois livros que não conhecia (o da Natsuo Kirino e o da Julia Franck) Quero ler todos os outros citados e espero fazer isso em breve :)
Bom, esse ano quero ler bem mais mulheres do que nos anos anteriores, incentivo não falta com esses projetos bacanas e posts como o seu que me deixam curiosas para conhecer essas histórias :)

Beijos!

Anônimo disse...

Oi, Michelle! :) No geral, eu gosto de livros escritos por mulheres, porque elas conhecem a alma feminina e passam aquela sensibilidade, quase palpável.

Minha preferida é a Catherine Linton, de "O Morro dos Ventos Uivantes.
Mas Lisbeth é Lisbeth. <3

Bjs ;)

Lígia disse...

Gostei da ideia de aplicar o teste de Bechdel aos livros. Dei uma olhada na minha estante e achei razoavelmente fácil encontrar livros assim nos infanto-juvenis. Nos outros gêneros é mais raro eu ler autoras. :(

Das suas recomendações, gosto muito de Persépolis e de Quarto e tenho muita vontade de ler A elegância do ouriço e Do outro lado.

Michelle disse...

Oi, Jéssica!
Obrigada. Seja bem-vinda!

Maura,
Também me quero ler mais mulheres. E é ainda mais bacana quando tem um monte de gente dando dicas e estimulando, né?

Ana,
Olha, tenho sérios problemas com "O vento dos morros uivantes", então nem vou falar nada sobre ele. Quanto à Lisbeth, acho difícil alguma outra personagem conseguir roubar o lugar dela no meu coração.

Lígia,
Pois é, em infantojuvenis é mais fácil, principalmente porque as mocinhas não estão apenas interessadas nos mocinhos. Depois, a coisa fica mais complicada.
Se puder, leia sim. São ótimas histórias!