quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Resenha: Cilada


Dan Mercer trabalha como assistente social e faz as vezes de técnico do time de basquete de jovens órfãos com os quais partilha uma infância sofrida. Por isso, mesmo com seus instintos lhe dizendo que havia algo errado, ele não pensa duas vezes antes de sair atrás de uma garota que lhe pedira socorro por telefone. Ao chegar ao local indicado, percebe que fora vítima de uma cilada e que estava sendo exibido em rede nacional como pedófilo. Paralelamente a essa história, Haley McWaid, uma aluna exemplar e dedicada, prestes a entrar na universidade, simplesmente desaparece, deixando a vizinhança apreensiva.

No centro do escândalo envolvendo Dan está Wendy Tynes, a repórter responsável pela armadilha que capturou o suposto pedófilo. No entanto, algo dentro dela a incomodava. Sendo uma pessoa que se atém aos fatos, Wendy tenta ignorar o incômodo crescente. Até que Dan é morto e ela se vê diante de um dilema: será que ela havia destruído a vida de um inocente? Sob o peso da culpa, ela decide investigar melhor e acaba presa em uma teia de mentiras que coloca sua própria segurança e a de seu filho em jogo.

Reviravolta. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir Harlan Coben, com certeza seria reviravolta. Incrível como o autor nos joga de um lado para o outro, feito bonecos de pano, brinca com nossas suposições, nos induz a pensar de um jeito só para depois desmontar nossas teorias e rir da nossa ingenuidade. Fazer isso não deve ser nada fácil e, sem dúvida, ele deve contar com uma equipe competente que revise a história várias vezes para evitar pontas soltas. Esse trabalho foi muito bem feito em "Cilada".

Aliás, foi o primeiro livro do Coben que li. Sempre quis conhecer sua escrita, mas acabava adiando. Ainda este ano, tive a chance de ler "Não conte a ninguém" para o Mês do Suspense, porém não tive tempo. Terminei por assistir apenas à adaptação francesa da história e me decepcionei. Por tabela, acabei perdendo a vontade de ler o livro. O engraçado é que as reviravoltas que tanto me empolgaram na leitura de “Cilada” foram justamente o que mais me irritou no filme. Não sei explicar. Talvez seja porque a imaginação realmente não tenha limites, mas as estripulias dos personagens na tela soaram absurdamente inverossímeis.

O fato é que gostei muito do estilo do autor. Embora a história seja rocambolesca e beire o inacreditável, tudo parece fazer sentido durante a leitura. Frases curtas e vocabulário simples, capítulos de poucas páginas, personagens interessantes e ação constante, amarrados em uma trama de mistério, garantiram meu envolvimento até o fim. E ainda fala sobre as falsas aparências, sobre o poder das informações de massa e sobre como um evento aparentemente bobo pode se transformar em um problema gigantesco. Parabéns, Sr. Coben! Me fez querer ler outros livros seus.

“Dizem que a liberdade tem seu preço. A justiça também.”

Leitura empolgante e rápida. Praticamente um filme de ação em formato de livro. Recomendo.



2 comentários:

Anônimo disse...

Leia "não conte a ninguém". É muito bom!

Eliana Lee disse...

Taí o único livro do Harlan Coben que eu tenho vontade de ler. Ainda espero começar por este... Estou tentando achar alguém para trocar comigo no Skoob rsrsrs

Ouvi muita gente dizendo exatamente o mesmo que você e fiquei interessada porque adoro narrativas ágeis e que me deem aquela sacudida enquanto leio.