Após
o término da Guerra da Secessão, os americanos, que sempre foram fãs de armas,
ficaram um pouco perdidos na paz reinante. Foi assim que, unindo o conhecimento
bélico e a paixão pela artilharia, alguns ilustres cidadãos de Baltimore, no
Estado de Maryland, fundaram o Clube do
Canhão. No entanto, reunir-se apenas para reviver as glórias do passado não
bastava para os entusiasmados membros do clube. Foi então que surgiu a grande
ideia: se a paz estava selada entre os povos da Terra, por que não ampliar os horizontes
e explorar a Lua?
A
sugestão foi aplaudida e dentro de pouco tempo começaram os preparativos para a
construção de um canhão gigantesco, que desafiaria os mais habilidosos
engenheiros, mobilizaria os matemáticos e físicos e, por fim, ganharia o apoio
da população comum. Cidadãos faziam doações, líderes de outros países também
fizeram suas contribuições a fim de não ficar de fora da empreitada. Foi uma
loucura!
Os
cálculos, pesquisas e produção de materiais estavam de vento em popa, quando
chega da França uma figura que sugere uma viagem tripulada. Como assim? E os
riscos? E as acomodações, o ar, a comida? Diante dos novos desafios, contas
foram refeitas, novos estudos foram desenvolvidos e até um velho inimigo do
presidente do clube do canhão se apresenta para forçar os limites de tudo o que
estava sendo feito e se voluntaria para fazer parte da tripulação. Será que a
aventura ia dar certo?
Júlio Verne consegue criar uma história
de ficção baseada em muitos conhecimentos de exatas e, de fato, não foram
poucas vezes em que as engenhocas inventadas por ele em seus livros acabaram se
tornando reais, décadas ou até mesmo mais de um século depois. Durante a
leitura, em certas partes havia tantos dados, números e cálculos que ficava até
chato. Em compensação, a criatividade é tanta que compensa esses trechos
enfadonhos. Outra
característica que ajudou muito a tornar a leitura leve e dinâmica é o tom
brincalhão de Verne. Mesmo ao criticar aos modos excessivamente burocráticos
dos americanos ou evidenciar o jeitinho bon
vivant dos franceses, o autor usa o bom humor, e não um tom depreciativo.
A
primeira parte do livro (Da Terra à Lua)
é mais empolgante, com os preparativos, as explorações e expectativas do
público, que não sabia se o canhão ia mesmo conseguir lançar a cápsula, se os
viajantes conseguiriam de fato chegar à Lua. Já a segunda parte (Ao Redor da Lua) é mais parada, com os
três tripulantes tentando descobrir o que se passava do lado de fora da
cápsula, se adaptando às condições diferenciadas e ao minúsculo espaço de
convivência e fazendo planos de como agir na sequência.
“Ora, quando um americano tem uma ideia, procura logo outro americano que a partilhe com ele. Se chegam a ser três, elegem um presidente e um secretário. Se forem quatro, nomeiam um arquivista e a sociedade funciona. No caso de serem cinco, convocam uma assembleia geral e o clube fica constituído. Foi assim que sucedeu em Baltimore”.
Mesmo
com o excesso de detalhes que torna a história cansativa às vezes, Júlio Verne
me cativou novamente, mais de duas décadas depois de eu ter viajado com ele ao
centro da Terra. Recomendo!
Este post faz parte do projeto Volta ao Mundo em 12 Livros - Mês de Agosto: Júlio Verne (França). Para ver a lista de obras selecionadas e outros posts do #VAM12L, clique AQUI.
2 comentários:
Também escolhi esse livro para o projeto e concordo com você em quase tudo. Também achei a primeira parte mais empolgante, já na segunda me vi morrendo de tédio em alguns momentos mais descritivos/explicativos.
Queria um resumo do livro alguém poderia me ajudar
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